O
El Independiente, em artigo assinado pelo jornalista FranciscoCarrión, revela que a Frente Polisario nega a existência de
qualquer calendário imediato para negociações com Marrocos, apesar
do discurso triunfalista difundido por Rabat após a aprovação da
Resolução 2797 do Conselho de Segurança da ONU. Fontes próximas
ao movimento saharaui afirmam que não há datas nem avanços
concretos, sublinhando que Marrocos ainda não detalhou a sua
proposta de autonomia.
Segundo o jornal espanhol, a Polisario
considera que a autonomia é rejeitada pela população saharaui e
representaria também um desafio interno para Marrocos, cuja
estrutura centralizada poderia enfrentar pressões de outras regiões.
As fontes citadas afirmam ainda que Rabat nunca apresentou um projeto
real de autonomia, usando-o sobretudo para adiar o referendo de
autodeterminação.
Num memorando enviado esta semana à ONU, a
Frente Polisario destaca que Marrocos não conseguiu alcançar três
objetivos-chave: o reconhecimento da sua soberania sobre o Sahara
Ocidental, a imposição da sua proposta como única base de
negociação e a reorientação do mandato da MINURSO. A organização
insiste que a resolução final não reconhece a soberania marroquina
nem limita o processo ao plano de autonomia.
O movimento
reafirma estar disponível para negociações diretas, sem condições
prévias, no quadro da autodeterminação previsto pela ONU, e alerta
que aceitar o enquadramento marroquino seria “predeterminar o
resultado” e legitimar uma ocupação considerada ilegal.
O
jornal acrescenta que Washington e Paris deverão pressionar
Polisario e Argélia para retomarem o diálogo em 2026, enquanto o
enviado da ONU, Staffan de Mistura, tenta restaurar o processo de paz
e pôr fim à guerra de baixa intensidade que vigora desde 2020.
Contudo, o El
Independiente conclui que, apesar da narrativa oficial
marroquina, o processo continua sem datas, sem conteúdos definidos e
sem sinais de convergência real entre as partes.

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