sábado, 18 de outubro de 2025

Paris e Argel mantêm diálogo discreto sobre o Sahara Ocidental através da ONU

Jérôme Bonnafont (à esq.) e Amar Bendjama,
embaixadores da França e da Argélia na ONU

Apesar das relações geladas entre França e Argélia, as diplomacias dos dois países mantêm um canal de diálogo discreto em Nova Iorque, através dos seus representantes nas Nações Unidas. Sem embaixadores destacados em Paris nem em Argel, é na sede da ONU que Jérôme Bonnafont, pelo lado francês, e Amar Bendjama, pela parte argelina, asseguram a continuidade dos contactos — avança o site Africa Intelligence, publicação francesa especializada em assuntos políticos e diplomáticos africanos e geralmente apontado como muito próximo das fontes do Quai d’Orsay.

A crise diplomática agravou-se desde julho de 2024, quando a Argélia retirou o seu embaixador em protesto contra o apoio do presidente Emmanuel Macron ao plano de autonomia marroquino para o Sahara Ocidental, considerado por Argel uma “negação do direito de autodeterminação saharaui”. Em abril de 2025, seguiram-se expulsões recíprocas de diplomatas e a suspensão do regime de isenção de vistos para portadores de passaportes diplomáticos.

O dossiê do Sahara Ocidental, que opõe há décadas os dois países — com a Argélia a apoiar a República Árabe Saharaui Democrática e a França alinhada com Rabat —, tornou-se agora o principal canal de comunicação entre Paris e Argel.




Segundo o Africa Intelligence, Paris procura apaziguar tensões informando a diplomacia argelina sobre as negociações da nova resolução da ONU prevista para 30 de outubro, assegurando que o texto manterá a referência à consulta das populações saharauis. Trata-se, ao que tudo indica, de uma tentativa francesa de reabrir um diálogo político com a Argélia, profundamente abalado desde que Paris reconheceu, em 2024, a soberania marroquina sobre o território disputado.


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