sábado, 20 de novembro de 2010

Human Rights Watch denuncia ''brutais torturas por parte das forças de segurança marroquinas' contra civis saharauis


O enviado de Human Rights Watch ao Sahara Ocidental, Peter Bouckaert, denunciou esta 4.ª feira "brutais torturas por parte das forças de segurança marroquinas" contra civis saharauis. Segundo a estação espanhola Cadena SER, Peter Bouckaert assegurou que "muitos saharauis detidos em El Aiún, foram espancados até os deixarem inconscientes", e advertiu que os "os abusos continuam, inclusive neste momento".

"Estamos a falar de casos graves de tortura" em que "a maioria dos detidos com quem conversámos, tivemos que os entrevistar em suas casas porque não podiam mover-se, nem andar, devido à gravidade das lesões de que padeciam", explicou.

Bouckaert afirmou que muitas vítimas nem sequer puderam receber assistência nos hospitais porque a polícia marroquina estava de plantão à porta para espancar todos aqueles que chegavam feridos. O enviado da HRW denunciou também que alguns centros sanitários recusaram-se a atender os saharauis feridos. O enviado do Human Rights Watch revelou em detalhe as torturas praticadas: "Espancamentos até à inconsciência, homens e mulheres ameaçados de violação; urinavam-lhes em cima; a muitos não deram nada de comer nos primeiros dias; atiravam-lhes água durante a noite para os impedir de dormir". Peter Bouckaert assegurou que a polícia marroquina continua a patrulhar as ruas em busca de saharauis que, sublinha, "ainda têm muito medo".

O Human Rights Watch foi a única organização que conseguiu entrar em El Aiún, capital ocupada do Sahara Ocidental, desde a escalada repressiva marroquina nos territórios ocupados que teve início na 2.ª feira da semana passada com o brutal desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik.

HRW exige "a deslocação imediata de um contingente da ONU que se ocupe dos Direitos Humanos" no Sahara Ocidental

Peter Bouckaert exigiu igualmente “o deslocamento imediato de um contingente da ONU que se ocupe dos direitos humanos" no Sahara Ocidental.

Segundo Cadena ser, Peter Bouckaert solicitou a presença urgente de uma missão da ONU com competências em matéria de direitos humanos, assim como o livre acesso à zona para os jornalistas, já que o contrário — afirmou contrário —"cria um clima de rumores em vez de permitir que se esclareça o que realmente aconteceu e está a acontecer".

Bouckaert sublinhou que a Missão da ONU para o Referendo do Sahara Ocidental (MINURSO) é a única missão de paz das Nações Unidas que não tem uma componente de direitos humanos devido ao bloqueio por parte da França, pelo que, apesar da presença no Sahara Ocidental, esse contingente no tem nenhuma informação sobre os abusos cometidos.

Comunicado da SPS

Divulgado pela AAPSO

19-11-2010


Quem é Peter Bouckaert


Peter Bouckaert é director da Human Rights Watch para situações de emergência e um especialista em crises humanitárias. É responsável por coordenar a resposta da organização a guerras em larga escala e outras crises de direitos humanos. De nacionalidade belga, é licenciado pela Stanford Law School, tendo-se especializado em leis de guerra. Bouckaert é um veterano de missões de estudo para o Líbano, Kosovo, Chechénia, Afeganistão, Iraque, Israel, Macedónia, Indonésia, Uganda, Serra Leoa, e muitos outros zonas de guerra. Mais recentemente, Bouckaert testemunhou sobre crimes de guerra perante o Senado dos Estados Unidos, o Conselho da Europa, e no tribunal Jugoslavo (TPII) em Haia, e tem escrito artigos de opinião para jornais de todo o mundo. Os seus trabalhos têm sido publicados na Rolling Stone, The Washington Post e muitos outros.

Sem comentários:

Enviar um comentário