Pelo 12.º ano consecutivo, a organização Western Sahara Resource Watch (WSRW) publica o seu relatório anual detalhado sobre o comércio internacional de fosfatos provenientes do Sahara Ocidental ocupado.
Em 2024, o número de empresas envolvidas na importação de fosfato extraído do Sahara Ocidental caiu para apenas quatro — o número mais baixo registado desde o início do acompanhamento por parte da WSRW, em 2012. No ano anterior, cinco empresas haviam participado nesse comércio; em 2012, eram 15.
O relatório agora divulgado enumera todas as remessas de fosfato exportadas ilegalmente a partir do território ocupado durante o ano civil de 2024. Foram identificados 26 navios que transportaram, no total, cerca de 1,45 milhões de toneladas de rocha fosfática — uma ligeira diminuição face aos 1,6 milhões de toneladas exportadas em 2023.
A exploração do fosfato é uma das principais fontes de rendimento do governo marroquino no Sahara Ocidental, território cuja ocupação viola o direito internacional. O povo saharaui tem contestado sistematicamente este comércio, tanto em fóruns internacionais como junto das próprias empresas envolvidas.
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Desde 2021, Marrocos tem investido fortemente nas infraestruturas do porto de El Aaiún e nas instalações de Bou Craa, preparando-se para iniciar, possivelmente já em 2025, a exportação de fosfatos em formas mais transformadas e de maior valor acrescentado.
Embora o valor exato das exportações seja difícil de calcular, o WSRW estima que o comércio de fosfato gerado em 2024 possa ter atingido os 319 milhões de dólares.
As exportações em grande escala para o México — retomadas em 2021, apesar de promessas anteriores de cessação por parte da empresa importadora — e para a Índia representam hoje cerca de 91% de todo o comércio de fosfato oriundo do Sahara Ocidental. Do total de navios registados em 2024, 23 tinham como destino esses dois países.
A Paradeep Phosphates Ltd, uma das principais compradoras indianas, está cotada na bolsa desde 2022. Na Nova Zelândia, as importações caíram para níveis historicamente baixos. No Japão, o WSRW identificou como provável compradora uma subsidiária da cotada Taiheiyo Cement Corporation, embora a empresa não tenha respondido aos pedidos de esclarecimento.
O WSRW apela às empresas ainda envolvidas neste comércio para que suspendam imediatamente todas as compras e transportes de fosfato oriundo do Sahara Ocidental, até que seja encontrada uma solução justa e duradoura para o conflito. Aos investidores, a organização pede um compromisso com os direitos humanos ou, em alternativa, a retirada dos seus investimentos.