segunda-feira, 31 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado militar nº. 201

 

Segundo o comunicado hoje divulgado pelo Ministério de Defesa da RASD foram estes os locais atacados pelos efectivos do Exército de Libertação do Povo Saharaui nas últimas horas. Os três ataques centraram-se, todos eles, no sector de Mahbes, situado a poucos quilómetros da fronteira de Marrocos e da zona onde estão os acampamentos de refugiados saharuis, em território argelino.

 

01. - Intensa série de bombardeamentos contra as forças de ocupação marroquinas estacionadas na zona de Al-Shizmiya no setor de Mahbes.

02. - Bombardeamento concentrado contra as defesas entrincheiradas do exército ocupante na zona de Udey Um Rukba, no setor de Mahbes.

03. Forças de ocupação foram alvo de bombardeamento na zona de Laagad, em Mahbes.

Ministra do governo espanhol pede a autodeterminação do povo saharaui e insiste na responsabilidade histórica de Espanha

 


(ECS) - A atual ministra dos Direitos Sociais e Agenda 2030, Ione Belarra Urteaga, é candidata à liderança do Podemos, na sequência do do abandono do anterior líder, Pablo Iglesias, motivado pelo mau resultado eleitoral obtido nas eleições regionais de Madrid.

O documento político preparado por Ione Belarra e a sua equipa para a Quarta Assembleia Estatal do PODEMOS inclui este importante ponto: "Apoio à autodeterminação do Sahara Ocidental". "Podemos desde a sua origem está empenhado em apoiar a autodeterminação do Sahara Ocidental", recordam para indicar que "a Espanha tem uma responsabilidade histórica com o Sahara Ocidental".

O documento de Ione Belarra para a Assembleia de Podemos, intitulado "Crescer", afirma também que "é necessário apoiar o direito à autodeterminação do povo saharaui e a execução do acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) sobre os recursos naturais, as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para uma solução justa e pacífica através de um referendo e os processos de negociação em curso".

"Pela justiça com o povo saharaui e pelo nosso próprio desenvolvimento como um país com direitos e memória histórica", lê-se no texto.

No documento de 53 páginas, Belarra é também a favor de uma solução na Palestina a fim de garantir a identidade dos palestinianos no seu país livre e independente.

 

Diretor do Gabinete Coordenador do Estado Maior do Exército Saharaui confirma que as investigações envolvem Marrocos nas redes de narcotráfico internacional

 

As toneladas de droga capturadas pelo exército saharaui têm sido destruídas
na presença de observadores da MINURSO


ACS - Por Ali Mohamed - O perito em segurança e diretor do Gabinete Coordenador do Estado-Maior General do Exército Saharaui, Habouha Brika, disse que os múltiplos desafios de segurança que a região do Norte de África e do Sahel enfrenta foram acentuados após a violação do cessar-fogo cometido a 13 de Novembro pelo exército marroquino, quando este lançou uma ofensiva contra civis saharauis na brecha ilegal de El Guerguerat.

Durante um webinar internacional organizado sob o tema: "RASD, factor de estabilidade e segurança regional", organizado pelo grupo de trabalho da Coordenação Europeia dos Comités de Apoio ao Povo Saharaui (EUCOCO), em colaboração com o Centro de Estudos e Documentação Ahmed Baba Miske, o militar saharaui declararou que "o muro da vergonha erguido por Marrocos que separa o território da República saharaui, constitui uma instabilidade e uma ameaça real para a população civil, bem como serve o tráfico internacional de drogas".

"As últimas investigações levadas a cabo pelo exército saharaui confirmaram o envolvimento do exército marroquino nas redes internacionais de tráfico de droga através das brechas ilegais através do muro para os países vizinhos e a África Ocidental, com vista à desestabilização".

Esclareceu que "o fenómeno do tráfico através do muro da vergonha marroquino agravou-se após o cessar-fogo, tornando-se um meio de apoio a grupos terroristas na região".

Brika disse que "nas operações de contrabando durante 2019 e 2020, mais de 40 toneladas de cannabis produzidas em Marrocos foram apreendidas aos países vizinhos e isto, através da brecha ilegal do El Guerguerat, acrescentando que "espera-se que este número aumente ao longo do tempo".

Para o perito saharaui, a continuação do exército marroquino em actos ilegais que contribuem para o alastramento (em conluio com as redes de contrabando internacional de narcóticos), transformou-se nos últimos anos num meio de apoio a grupos terroristas, multiplicando as ameaças à segurança e à instabilidade de todos os países do Norte de África e do Sahel, de acordo com relatórios de organizações internacionais e centros de investigação".

A isto se acrescenta, prosseguiu o oficial saharaui, "o facto de a República Saharaui ter sido também vítima de actos terroristas em 2011, na sequência do rapto de três voluntários dos campos de refugiados, o que levou as autoridades saharauis a tomar uma série de medidas de segurança de alto nível em relação à luta contra o terrorismo e o contrabando internacional, bem como a sensibilização para os perigos na sociedade, o aumento do nível da presença policial nos territórios saharauis libertados, a coordenação com as forças da MINURSO e o destacamento de forças especiais ao longo do muro da vergonha marroquino. ''

Quando Marrocos rompeu com a França e os seus serviços secretos entrararam em guerra

 


O jornalista Ignacio Cembrero não publicou uma “caxa” ou um ‘furo’ jornalístico: despoletou uma verdadeira «bomba» ao revelar que o famoso “Hacker” Chris Coleman (que divulgou centenas de documentos secretos dos serviços de espionagem e contra-espionagem marroquinas altamente comprometedores), não era outro que os próprios serviços secretos franceses...!!!


A lista de centenas de documentos divulgados por ‘Chris Coleman’ desde 3 de Outubro de 2014, podem ser consultados no website da ARSO: https://www.arso.org/ColemanPaper.htm

 

«Rabat cortou a cooperação antiterrorista con París e a espionagem francesa vingou-se recorrendo ao “Twitter” para desvendar centenas de documentos confidenciais marroquinos»

El Confidential - Por Ignacio Cembrero 30/05/2021

 

De repente, a partir de 2 de outubro de 2014, de um perfil anónimo no Twitter (@chris_coleman24), documentos secretos de Omar Hilale (embaixador de Marrocos na ONU) sobre o Sahara Ocidental, a uma carta de recomendação para a sua filha do (então) ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Salahedin Mezzouar, foram despejados nesta rede social.

Com altos e baixos, até aos primeiros dias de 2015, vieram à luz centenas de documentos da diplomacia marroquina e do serviço secreto de espionagem, a Direcção Geral de Estudos e Documentação (DGED), juntamente com algumas cartas ou fotografias privadas, como as do casamento do ministro Mbarka Bouida, todas elas inconsequentes. O tweeter anónimo mostrava simpatia pela Frente Polisario e afirmava em francês que queria "desestabilizar Marrocos".

Seis anos mais tarde, as suspeitas sobre quem se escondia atrás desse perfil, que utilizava o nome do treinador da selecção galesa de futebol, já não apontam para um jovem "hacker" saharaui pró-independência ou para os serviços secretos argelinos, como vários ministros e jornalistas marroquinos denunciaram na altura. Apontam para a Direcção Geral de Segurança Externa (DGED), o serviço secreto francês.

A raiva de Rabat com Paris começou a 20 de Fevereiro de 2014 quando sete polícias da judiciária francesa bateram à porta da residência do embaixador marroquino em Paris, onde Abdellatif Hammouchi, chefe da Direcção Geral de Supervisão Territorial, a elite policial marroquina que também desempenha tarefas como a brigada político-social no tempo de Franco, estava hospedado. Hammouchi tinha sido acusado de tortura por dois marroquinos residentes em França e um saharaui encarcerado, em Salé. Uma juiz queria ouvir as suas declarações. Ele recusou e fugiu rapidamente antes que a magistrada ordenasse a sua detenção.

O Rei Mohamed VI e o seu círculo interno de colaboradores tomaram nesse mesmo dia a decisão de cortar a cooperação judicial com Paris e anunciou-o num comunicado. Também suspenderam a cooperação anti-terrorista, embora Rabat não tenha tornado pública esta segunda decisão. Nessa altura, a França estava a ser atingida pelo terrorismo e muitos dos ataques foram perpetrados por europeus de origem marroquina.

As mais altas autoridades marroquinas infligiram então à França uma punição semelhante à que acabaram de impor à Alemanha e estão a considerar aplicar à Espanha, pela segunda vez. A primeira foi em Agosto de 2014. Cherkaoui Habboud, diretor do Gabinete Central de Investigações Judiciais, confirmou na quarta-feira, numa entrevista ao jornal digital 'Rue 20', a interrupção da colaboração com Berlim. Também advertiu que a hospitalização em Espanha de Brahim Ghali, líder da Frente Polisario, "ameaça causar a suspensão da cooperação no domínio da segurança entre os dois países".

Três meses após Rabat ter cortado os laços com Paris, a 24 de maio de 2014, "Le 360", um jornal digital marroquino, revelou o nome do chefe em Marrocos dos serviços secretos franceses acreditados em Rabat como sendo a segunda secretária da Embaixada de França. A mulher, uma tenente-coronel apelidada "leoa" pelos seus colegas, teve de deixar o país à pressa. Le 360" é, segundo o "Le Monde", um meio "muito próximo de Mounir Majidi, o secretário particular do Rei Mohamed VI".

Um mês após este episódio, a 25 de Junho de 2014, Mustafa Adib, um dos mais firmes opositores da monarquia de Alauita, foi entrevistado pela primeira vez pelo canal de televisão de língua árabe France 24, que tem uma grande audiência no Magrebe e ao qual dedica extenso tempo de antena. Adib, um antigo capitão da Força Aérea que denunciou a corrupção entre os militares e acabou no exílio em Paris, tem desde então aparecido frequentemente perante as câmaras deste canal público francês.

Três meses mais tarde, o perfil falso de Chris Coleman começou a inundar o Twitter com documentos e e-mails marroquinos confidenciais. A jóia deste Wikileaks na versão marroquina foi talvez a revelação do acordo verbal alcançado em novembro de 2013 pelo Presidente Barack Obama com Mohamed VI, que ele recebeu na Casa Branca.

Obama disse ao seu convidado que desistia de pedir ao Conselho de Segurança uma modificação do mandato da Minurso, o contingente da ONU destacado no Sahara Ocidental, para que este tivesse competência em matéria de direitos humanos. Em troca, o monarca comprometeu-se a estabelecer um programa de visitas ao Sahara pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos, a parar os tribunais militares que julgam civis e a legalizar as associações saharauis pró-independência. Ele só viria a cumprir parcialmente as suas promessas.

Naquele volume de documentos despejados no Twitter, várias centenas diziam respeito a Espanha. Nadia Jalfi, esposa de Gustavo Arístegui, que foi porta-voz do Grupo Popular no Congresso e embaixador na Índia, trocou 150 e-mails entre 2008 e 2011 com Mourad el Ghoul, chefe de gabinete do diretor da DGED. Recebeu ordens suas e formulou também propostas relacionadas com a imprensa italiana e francesa e um cineasta espanhol disposto a "divulgar a soberania histórica de Marrocos sobre o Sahara". Através de um dos seus colaboradores mais próximos, Jalfi explicou a este jornalista que trabalhou durante esses anos para uma agência de comunicação e que não conhecia El Ghoul.

Ahmed Charai, um empresário da imprensa marroquina, esteve também em contacto constante durante anos com El Ghoul, de acordo com e-mails publicados pelo falso perfil. As encomendas que recebeu foram mais abrangentes do que as de Jalfi e incluíram pagamentos a vários jornalistas franceses bem conhecidos e a um americano. Foi preso em 2011 no aeroporto de Dulles (Washington) por tengtar introduzir mais dinheiro nos E.U.A. do que o permitido.

Nesse mesmo ano, Charai foi condenado pelo Tribunal Provincial de Madrid a pagar 90.000 euros por "danos morais" ao ex-presidente do Governo de Espanha José María Aznar e a publicar a sentença em três jornais espanhóis e três marroquinos, algo que não fez. "Rachida Dati grávida de Aznar" foi o título na primeira página do 'L'Observateur du Maroc', o semanário que ele possuía, o que incitou o antigo presidente espanhol a levá-lo a tribunal. Charai alegou que Aznar era o pai da filha que a então ministro da Justiça da França esperava na altura.

Paralelamente a esta falsa informação do semanário marroquino, a revista espanhola 'Interviú' recebeu um lote de fotografias de Aznar com Dati em Paris, tiradas no exterior de um restaurante. "As fotos mais embaraçosas de Aznar" foi a manchete da primeira página de 'Interviú', tentando dar credibilidade ao que Charai publicou. Anos mais tarde foi conhecido que o pai da menina é o empresário francês Dominique Desseigne. Fontes da inteligência espanhola acreditam que o episódio foi uma tentativa da DGED de manchar a imagem de Aznar, o chefe do governo espanhol que teve a pior relação com Mohamed VI. Questionado sobre a autenticidade dos e-mails com a sua assinatura, Charai nunca respondeu a este repórter.

Um terceiro episódio revelado pelo tweeter deixa a diplomacia espanhola em muito mau estado. A 27 de outubro de 2013, dois jovens de Melilla foram mortos a tiro pela Marinha Real Marroquina. O governo marroquino prometeu em dezembro enviar ao governo espanhol os resultados das suas investigações, mas nunca chegou a Madrid qualquer informação.

Gonzalo de Benito, secretário de Estado adjunto no Ministério dos Negócios Estrangeiros, encontrou-se com Badreddine Abdelmoummi, o "número dois" da embaixada de Marrocos em Madrid, nos corredores de uma conferência sobre África, a 28 de maio de 2014. "Ele indicou-me que o seu governo [de Espanha] ficaria satisfeito com qualquer explicação que Marrocos desse para resolver este assunto", escreveu Abdelmoummi aos seus chefes em Rabat. Marrocos permaneceu em silêncio.

O perfil falso, fechado várias vezes pelo Twitter a pedido das autoridades marroquinas, mas que reapareceu sob outro nome, desapareceu no início de Janeiro de 2015. No final desse mesmo mês, Mohamed VI começou um estadia em Paris que não visitava há mais de um ano. Embora a sua estadia fosse privada, foi recebido pelo então Presidente François Hollande. Os dois homens sublinharam a sua determinação "em combater juntos o terrorismo e em cooperar plenamente no domínio da segurança".

A França ainda tinha algum trabalho de casa a fazer para se reconciliar com Marrocos. Em julho de 2015, a Assembleia Nacional francesa aprovou uma alteração ao protocolo sobre cooperação judiciária em matéria penal entre os dois países. Os juízes franceses foram manietados se os alegados actos - a prática de tortura - fossem cometidos em Marrocos. Várias ONG de direitos humanos questionaram a constitucionalidade do novo protocolo.

A DGSE, o serviço secreto francês, não reconheceu ter inspirado estes tweets tão prejudiciais aos espiões e diplomatas marroquinos. No entanto, há muitos indícios de que foram eles que os puseram em circulação. Mustafa Adib, o ex-capitão que era tão pródigo na televisão na altura, veio desculpar-se em fevereiro de 2019 na sua página do Facebook. "As minhas aparições na France 24 foram feitas no contexto de uma transação com os serviços secretos franceses ao mais alto nível (...)", revelou ele.

Adib prestou-se a ser uma das ferramentas da DGSE francesa para a vingança contra a DGED marroquina. A outra, a mais poderosa, foi muito provavelmente o ‘hacking’ dos e-mails e computadores da espionagem e diplomacia marroquina para depois divulgar através da Internet uma pequena parte do que foi roubado.

 


domingo, 30 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicados militares nº. 199 e 200



Os Comunicados militares nºs. 199 e 200, ontem e hoje divulgados pelo Ministério de Defesa da RASD assinalam os mais recentes ataques do Exército Liberación do Povo Saharaui (ELPS) contra as posições e bases dos exército marroquino de ocupação.

Durante a noite de sexta-feira 28 de maio de 2021
01. - Bombardeamentos em cadeia contra as forças inimigas na zona de Tarf Hamida no setor de Farsia (norte do SO).
02. - Violento ataque de artilharia contra as forças de ocupação marroquinas na zona de Udey Tisht no setor de Farsia (norte do SO).
03. - Bombardeamento sobre posições inimigas na região de Uadi Lazal no setor de Farsia (norte do SO)
04. - Bombardeio visando as trincheiras da ocupação marroquina na zona de Udey Al-Zayat, também no setor de Farsia (norte do SO).
05. - Bombardeamento violento sobre posições do ocupante marroquina na área de Rus Bin Amira, ainda no setor de Farsia.

Sábado, 29 de maio
06. - Unidades do Exército de Libertação Saharaui atacararam as forças de ocupação marroquinas na área de Laagad no setor de Mahbes (nordeste do SO)

Na noite de Sábado, 29 de maio
01. - Intenso bombardeadmento sobre as forças ocupantes na zona de Umm Edeguen no setor de Al Baggari (centro do SO).
02. - Bombardeio concentrado sobre as trincheiras das forças marroquinas de ocupação situadas na zona de Gleibat Al Jaya no setor de Al Baggari (centro do SO).

Hoje, domingo, 30 de maio
03. - Bombardeamento das posições entrincheiradas das forças de ocupação na zona de Tinelig, uma vez mais no setor de Al Baggari (centro do SO).
SPS

Veja o vídeo da Fundação Nushatta

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado militar nº. 198

 

O Comunicado militar nº. 198, hoje divulgado pelo Ministério de Defesa da RASD assinala os mais recentes ataques do Exército Liberación do Povo Saharaui (ELPS) contra as posições e bases dos exército marroquino de ocupação.

 

01. - Ontem, quinta-feira as unidades avançadas do exército saharaui bombardearam as trincheiras das forças de ocupação marroquinas na zona de Jbeilat Ljeder no setor de Guelta (centro do SO).

02. Hoje, sexta feira, as forças saharauis atacaram com artilharia as forças de ocupação marroquinas na zona de Gueret Ould Blal no setor de Mahbes (nordeste do SO).

O jornalista marroquino Ali Lmrabet desmascara o instigador da ação de “genocídio” contra Brahim Ghali na Audiencia Nacional de Espanha

 

Ramdan Mesauoud agente dos serviços marroquinos da DGT


Quem é o agente marroquino Ramdane Messaoud, nas palavras de Ali Lmrabet

 

O jornalista Ali Lemrabet, perseguido e banido pelo regime marroquino, escreve de Espanha no seu Twitter para desmascarar o chamado Ramdan Masoud, um antigo desertor militar de origem saharaui.

Ali Lmrabet, na sua conta do Twitter, deesmascara precisamente quem é o agente Ramdane Ould Messaoud, (Ramdan Masaud Lar) nos pontos seguintes:

 

1. Descoberta. O presidente da ASADEH (Asociación para la Defensa de los Derechos Humanos), origem da queixa por "genocídio" contra Brahim Ghali (queixa já rejeitada pela primeira vez em 2020), é um velho conhecido. Como o mundo é pequeno.

2. foi ele, juntamente com outros saharauis a soldo da #DST e #DGED (NOTA: serviços secretos marroquinos), que em 2005 organizou uma violenta concentração em Rabat em frente à sede da Associação Marroquina dos Direitos Humanos, AMDH, que é uma verdadeira associação para a defesa dos direitos humanos.

3. Um dos membros desta estrutura fantasma, empregado na wilaya de El Ayoun, Ahmed Lekhra (Ahmed La Shit) foi a origem da queixa dos serviços secretos contra mim para me proibir de trabalhar como jornalista durante dez anos.

4. Habituado a fazer declarações devastadoras, Ramdane tinha acusado no passado a Polisario de "financiar a Al Qaeda com dinheiro da droga". O que nenhum serviço secreto estrangeiro alguma vez provou. Nem a mais pequena suspeita. Como no caso do Hezbollah.

5. Poucos se lembrarão, ou não querem lembrar, que depois das suas agitações patrióticas pró-marroquinas, Ramdane Ould Messaoud decidiu um belo dia fugir de Marrocos e estabelecer-se em Espanha, de que tem a nacionalidade.

6. De Espanha, chamou-me para expressar a sua solidariedade comigo e para me dizer como os serviços secretos tinham organizado toda a operação contra a AMDH e contra mim em 2005. Então Marrocos e as suas instituições iniciaram uma campanha muito dura de denigração contra ele.

7. Em Espanha, tentou também aproximar-se das posições separatistas da Frente Polisario, que o rejeitou por receio de infiltração por parte da #DGED. Lembro-me bem que a imprensa marroquina o acusou de ter recaído no "separatismo".

8. Depois aconteceu algo de estranho. Algum tempo depois, Ramdane Ould Messaoud foi atacado por estranhos na rua em Espanha. Acusou em declaração, não a Frente Polisario, mas os serviços secretos marroquinos. Mais uma vez, está tudo na imprensa.

9. Depois, estranhamente, regressou discretamente ao redil. Vive agora na ocupada El Ayoun. Conheço muito bem esta ave. Posso já assegurar-vos que a sua queixa, que emana da DGED, vai parar ao lixo da Audiencia Nacional. Aceito todas as apostas.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado militar nº. 197

 


O Comunicado militar nº. 197, hoje divulgado pelo Ministério de Defesa da RASD assinala os mais recentes ataques do Exército Liberación do Povo Saharaui (ELPS) contra as posições e bases dos exército marroquino de ocupação

 

Ontem, quarta-feira, 26 de março

01- Bombardeamento visando as forças de ocupação na zona de Udey Zayat, setor de Farsia (norte do SO).

02. - Intenso bombardeamento dirigido contra as trincheiras das forças de ocupação na zona de Jbeilat Ljedr, setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

Hoje, quinta-feira, 27 de maio

03. - Bombardeios intensos sobre as forças marroquinas na zona de Russ Udey Um rekba, no setor de Mahbes (nordeste do SO).

04. - Intensos bombardeamentos contra as trincheiras das forças de ocupação na zona de Rus Sebti, de novo no setor de Mahbes (nordeste do SO).

SPS

Sahara Ocidental : Porque Mohamed VI bloqueia a nomeação do novo enviado especial das Nações Unidas

 

A publicação "Africa Intelligence", sediada em França, especula sobre as razões do adiamento na nomeação do futuro Enviado Pessoal do SG das Nações Unidas para o Sahara Ocidental

 

 Africa Intelligense - Edição de 26/05/2021 - O perfil de Staffan de Mistura, que o Secretário-Geral da ONU António Guterres quer fazer seu enviado para o Sahara Ocidental, não levanta quaisquer objeções em Rabat. Mas Mohammed VI está a jogar com o tempo, na esperança de alcançar mais vitórias nesta questão.

Segundo as nossas fontes em Rabat, a diplomacia marroquina está a prolongar voluntariamente o exame da candidatura de Staffan de Mistura. O diplomata ítalo-sueco de 74 anos de idade, cujo nome foi falado há quase um mês, já obteve o acordo do movimento de independência da Polisario, que o tornou público a 20 de Maio.

 

Rabat, senhor do tempo

 

O seu registo de serviço não é a causa para as tergiversações marroquinas: antigo representante no Sul do Líbano, Iraque e Afeganistão, é sem dúvida um dos pesos pesados da diplomacia da ONU, e nunca deu uma opinião sobre a questão saharaui. A delegação marroquina na sede da ONU em Nova Iorque, liderada por Omar Hilale, não levantou quaisquer reservas sobre o perfil do Staffan de Mistura. Mas Rabat quer adiar qualquer designação o mais tempo possível, enquanto isso lhe permitir ser senhor do tempo no território disputado.

Mohamed VI acredita ter marcado o máximo de pontos desde a demissão de Horst Köhler, após menos de um ano no cargo. Em Novembro, os militares marroquinos conseguiram retomar Guerguerat, o posto fronteiriço com a Mauritânia, das mãos da Polisario e sob os olhos da Minurso, a missão de observação da ONU, praticamente sem a menor repercussão diplomática. Mesmo a eliminação do chefe da gendarmerie da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) Addah al-Bendir pela força aérea marroquina a 6 de Abril, quando não tinha atravessado o muro de separação, causou poucos protestos. Na frente diplomática, o chefe da diplomacia, Nasser Bourita, conseguiu inaugurar cerca de vinte consulados estrangeiros em Dakhla e Laayoune. E o ponto alto desta "sequência" foi o reconhecimento pela administração Trump já de saída da soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental em Dezembro.

Mohamed VI considera assim que é do seu interesse jogar com o tempo, especialmente desde a evacuação médica do líder da Polisario Brahim Ghali para Espanha, a 21 de abril, a bordo de um avião-médico da presidência argelina (Le Desk de 06/05/21).

 

Pressão sobre Madrid e a UE

 

A hospitalização de Brahim Ghali em Logroño, sob uma falsa identidade argelina, não só paralisou o movimento pró-independência: permitiu a Marrocos abrir uma frente diplomática contra o governo socialista de Pedro Sánchez, considerado demasiado favorável à Polisario, ao chamar a sua embaixadora em Espanha, Karima Benyaich, a 18 de maio.

Para lá da questão Saharaui, as disputas com Madrid dizem igualmente respeito ao espaço marítimo ao largo das Ilhas Canárias, alegadamente rico em petróleo (AI de 12/05/16), e ao estatuto dos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla. Tal como a Alemanha (AI de 18/05/21), a Espanha também está a pagar o preço da ânsia de Marrocos em ver a União Europeia (UE) seguir os passos da administração dos EUA, reconhecendo por sua vez a "marroquinidade do Sahara". Também nesta frente, Rabat acredita que a ausência de um enviado da ONU está a jogar a seu favor.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado Militar nº. 196

 

Os mais recentes ataques desencadeados pelo Exército de Libertação do Povo Saharaui contra as posições defensivas da força de ocupação marroquina são detalhados nos mais recente comunicado militar do Ministério de Defesa da RASD.

 

Ontem, terça-feira, 25 de maio

01. - Bombardeamentos violentos na zona de Fudrat Al-Ish, no setor de Hauza (norte do SO), onde se encontrava estacionado um pelotão marroquino.

02. - Bombardeamento concentrado devastou as trincheiras das forças de ocupação de uma base na zona de Ayyadiyat no setor de Guelta (centro do SO), tendo sido observado intensas colunas de fumo elevando-se da zona atacada.

 

Hoje, quarta-feira, 26 de maio

03. - Lançados uma série de mísseis dirigidos às trincheiras das forças de ocupação na área de Umm Edeguen, no setor de Al-Baggari (centro do SO).

04. - Duas séries consecutivas de intensos bombardeamentos contra as trincheiras das forças de ocupação na zona de Rus Sebti, setor de Mahbes (nordeste do SO).

SPS

Vítima de Covid-19, morreu o histórico dirigente e ministro de Equipamento da RASD, Sidahmed Batal

 


Segundo notícia o portal saharaui ECS, Sidahmed Batal, histórico dirigente saharaui, “último sobrevivente do grupo de fundadores da Frente Polisario, faleceu hoje quarta-feira, 26 de maio de 2021 vítima de COVID-19.

Batal teve um longo percurso como dirigente da Frente Polisario, tendo assumido várias responsabilidades no Estado, a última das quais foi a de servir como Ministro do Equipamento no governo saharaui na última década. “Foi também o arquitecto da Unidade Nacional Saharaui juntamente com os históricos dirigentes da luta de libertação nacional Mahfud Ali Beiba e Luali Mustafa Sayed.

89% dos espanhóis acham que Marrocos não é um "parceiro leal e fiável"

 

Mohamed VI 


Nove em cada dez espanhóis consideram que Marrocos não é um "parceiro leal e fiável" para Espanha, este o resultado do Inquérito DYM para o periódico “20 minutos”. A desconfiança dos espanhóis em relação ao reino marroquino trespassa os eleitores de todo o espectro partidário de Espanha. Atinge o seu máximo entre os eleitores do Vox (97,2%) e Ciudadanos (95,3%), sendo um pouco menor no caso dos apoiantes Unidas Podemos (92,5%) e PP (91,8%), e entre os socialistas, embora seja também altamente maioritário (88,2%).

Apenas 3,1% dos inquiridos vêem Marrocos como um parceiro de confiança, e os restantes 7,9% não sabem ou não respondem.

Apenas uma semana após o surto de uma grave crise entre Espanha e Marrocos, que resultou na chegada irregular de cerca de 10.000 migrantes de solo marroquino a Ceuta, 55,4% dos inquiridos apontam negativamente a gestão do governo neste episódio, em comparação com 40,1% dos espanhóis que o aprovam.

Ainda segundo o inquérito, quatro em cada cinco eleitores acreditam que "deveria ter havido um maior consenso entre o governo e a oposição" na gestão desta crise, uma opinião que é a maioria entre todos os inquiridos. Os mais susceptíveis de chegar a acordos são os eleitores de C (87,1%), seguidos pelos de UP e PSOE, que são cerca de 85%. Entre os de PP (77,5%) e Vox (74,2%), esta procura é um pouco menos intensa.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado militar nº. 195

 


O Ministério da Defesa Nacional da RASD emitiu esta tarde o comunicado militar nº. 195, onde assinla os lugares atacados pelas forças armadas de libertação saharauis nas últimas horas.

 

Ontem, segunda-feira, 24 de maio

01. - Violentos bombardeadamentos sobre as forças de ocupação em Azmul Umm Khamla no setor de Um Dreiga (centro do SO).

 

Hoje, terça-feira, 25 de maio

02. - Bombardeamento concentrado sobre as forças ocupantes marroquinas estacionadas na zona de Amaitir no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03. - Intensos bombardeios visaram as posições entrincheiradas das forças ocupantes na zona de Jlaibat Al Khader no setor de Guelta (centro do SO).

SPS

 

Os doze oficiais de alta patente (militares e policiais) processados por genocídio de que Marrocos não fala

 

Identificação dos cadáveres de oito saharauis desaparecidos na vaga da repressão marroquina

 

  • Altas patentes do exército e da polícia marroquinos estão a ser julgados em Espanha desde 2015, na Audiencia Nacional, por genocídio do povo saharaui.

 

  • O professor de direito penal internacional, Manuel Ollé, recorda que Marrocos não atendeu a um único pedido dos juízes espanhóis.

 

 

Fonte: Contramutis - Alfonso Lafarga

Doze altas patentes militares e policiais marroquinas estão a ser julgados em Espanha desde 2015 por crimes de genocídio contra o povo saharaui, com um mandado de captura internacional.

Os arguidos actuaram entre 1976 e 1991 no Sahara Ocidental, onde após o abandono da Espanha houve "um ataque sistemático contra a população civil saharaui pelas forças militares e policiais marroquinas", segundo o auto de 9 de Abril de 2015 do juiz Pablo Ruz, chefe do Tribunal Central de Instrução número 5 da Audiencia Nacional (o supremo tribunal de Espanha).

Marrocos, que pede a intervenção da justiça espanhola contra o Secretário-Geral da Frente Polisario, Brahim Gali, hospitalizado em Logroño por COVID-19, "não atendeu a um único pedido de ajuda cooperativa de juízes espanhóis" para investigar os factos e as pessoas perseguidas, nem prendeu nenhuma delas, segundo o professor de Direito Penal Internacional, Manuel Ollé.

Num artigo em elDiario.es, intitulado "O genocídio foi cometido por vocês contra o povo saharaui", o Professor Ollé assinala que Marrocos não prendeu nem extraditou os militares e polícias marroquinos, que foram processados com base em "abundantes provas recolhidas ao longo de anos de investigação".

Acrescenta que o auto judicial descreve crimes específicos perpetrados desde 1975 contra a população saharaui, "especificando o local onde foram cometidos, os nomes das vítimas e dos autores e o momento em que foram executados" e que "a decisão judicial afirma que existia nesta planeada política alauita 'um objetivo de destruição' do povo saharaui".

O juiz Pablo Ruz processou 11 oficiais militares e policiais de alta patente de Marrocos e um mês mais tarde o juiz José de la Mata, que substituiu Ruz, processou outro oficial militar que ficou de fora por considerar que os factos estavam prescritos, o que foi alvo de recurso pela Associação para os Direitos Humanos.

Os doze oficiais militares e policiais marroquinos, além de serem todos processados como alegados autores do crime de genocídio, são acusados dos seguintes crimes, tal como indicado para os primeiros onze no auto do Juiz Ruz e para o décimo segundo no do Juiz De la Mata:

 

-Abdelhafid Ben Hachem. Governador da Administração do Território até 1997, quando foi nomeado chefe da Direcção Geral de Segurança Nacional. Em 2003, foi nomeado Delegado Geral da Administração Penitenciária e Reinserção até 2014, quando foi demitido. Alegadamente responsável por 21 crimes de detenção ilegal e 4 crimes de tortura.

-Abdelhak Lemdaour. Coronel do exército e chefe das FAR em Smara desde 1976. Alegadamente responsável por 2 acusações de homicídio, 4 acusações de desaparecimento forçado, 101 acusações de detenção ilegal e 4 acusações de tortura.

-Driss Sbai. Tenente na Royal Gendarmerie em Smara desde 1976. Na data da acusação era Coronel Maior na Gendarmaria Real na zona Sul em Agadir. Alegado autor de 2 acusações de homicídio, 4 acusações de desaparecimento forçado, 100 acusações de detenção ilegal e 3 acusações de tortura.

-Said Ouassou. Governador de Smara entre 1976 e 1978 e, segundo relatos da imprensa, pode ter morrido em Rabat a 11 de Julho de 2010, com 83 anos de idade. Alegadamente responsável por 2 crimes de detenção ilegal e 2 crimes de tortura.

-Hassan Uychen. Vice-governador ou secretário do governador de Smara; em 1978 sucedeu a Said Ouassou como governador de Smara e em Agosto de 1988 foi o governador de Settat. Alegadamente responsável por 2 crimes de detenção ilegal e 2 crimes de tortura.

-Bahim Ben Samir. Inspetor da Polícia Judiciária em El Ayoun desde Janeiro de 1976. A partir de 2015, é Auditor Geral Adjunto do Director da Polícia Judiciária em Rabat. Alegadamente responsável por 3 crimes de detenção ilegal e 3 crimes de tortura.

-Hariz El Arbi. Inspector da Polícia Judiciária em El Ayoun desde Janeiro de 1976. Em 2015, Comissário da Divisão e chefe da Segurança Provincial em Dakhla. Alegadamente responsável por um crime de homicídio, 6 de detenção ilegal e 6 de tortura.

-Lamarti. Coronel; alegadamente responsável por uma acusação de tortura e uma ou mais acusações de falsa prisão.

-Muley Ahmed Albourkadi, Bel Laarabi e Abdelghani Loudghiri, cada um alegadamente responsável por um delito de tortura.

- Lehsan Chaf Yeudan. "Participou na realidade coletiva global sistematicamente concebida e implementada pelos perpetradores para destruir os saharauis". Alegadamente responsável por um crime de tortura.

 

O Professor Manuel Ollé descreve como "absurdos" os dois processos existentes na Audiencia Nacional contra o líder da Polisario e presidente da República saharaui e diz que foram inventados por Marrocos para fazer de Brahim Ghali um criminoso: "Procuram encobrir a responsabilidade do Estado marroquino e dos seus doze cidadãos perseguidos na Audiencia Nacional e sujeitos a mandados de captura internacionais para extradição, como responsáveis pelo crime de genocídio cometido contra o povo saharaui".

 


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Multinacional francesa Engie prossegue seus planos de construir ilegalmente uma fábrica na cidade ocupada de Dakhla

 Um dos muitos alojamentos para trabalhadores agrícolas sazonais de Marrocos. Este localizada perto da plantação Azura, de propriedade francesa, em Dakhla.
A empresa francesa ENGIE fornecerá infra-estruturas para a promoção do controverso negócio.


A multinacional francesa —  com forte presença em Portugal — está envolvida na construção de de uma central de dessalinização no Sahara Ocidental ocupado. A central visa beneficiar a agro-indústria perto de Dakhla, enormes plantações pertencentes quer a conglomerados franco-marroquinos quer ao próprio Rei de Marrocos, que contribuem para o esgotamento das reservas de águas subterrâneas não renováveis da região.


Londres - A empresa francesa ENGIE continuará os seus planos de construir ilegalmente uma fábrica de dessalinização na cidade saharaui ocupada de Dakhla, segundo o Western Sahara Resource Watch (WSRW), o observatório encarregado de controlar a exploração dos recursos naturais no território não autónomo. A organização apela à multinacional francesa para publicar os avisos legais que permitiram a assinatura deste projeto.

"Segundo o que a Western Sahara Resource Watch (WSRW) entende de um email recebido da ENGIE a 13 de Abril de 2021, a multinacional francesa de energia prosseguirá os seus planos de construir uma central de dessalinização no Sahara Ocidental ocupado, através de um contrato com o governo do país vizinho, Marrocos", que ocupa o Sahara Ocidental, declara o WSRW no seu website.

O WSRW recorda que Marrocos ocupa ilegalmente a maior parte do Sahara Ocidental desde 1975, segundo sentenciou o Tribunal Internacional de Justiça e o Tribunal de Justiça da UE.

A organização esclarece que, na sua missiva, a ENGIE reconhece não responder a nenhuma das questões levantadas pela WSRW em 9 de Dezembro de 2020 e 3 de Fevereiro de 2021 relativamente, entre outras coisas, à base jurídica para um tal projecto.

"Em vez disso, a empresa refere-se a duas análises jurídicas realizadas por escritórios de advogados, uma avaliação do impacto social e ambiental, e consulta às comunidades locais", disse o WSRW, acrescentando que tinha pedido por carta que a ENGIE tornasse estes documentos públicos para avaliação pelo povo com direitos soberanos no Sahara Ocidental, os saharauis.

O observatório que acompanha a exploração dos recursos naturais no Sahara Ocidental explica, além disso, que o último documento a que a ENGIE se refere, "uma consulta às comunidades locais", foi realizada pela Global Diligence, uma consultora sediada em Londres que se apresenta como uma equipa de advogados internacionais que prestam serviços sobre direito penal internacional, direitos humanos e conformidade empresarial".





Em Janeiro de 2021, a empresa tinha convidado o WSRW a participar na fase inicial do processo preliminar de envolvimento das partes interessadas. "O WSRW recusou-se a participar em tal processo porque o estudo, tal como apresentado, não tem em conta o facto de o Sahara Ocidental ser separado e distinto de Marrocos, e que este país não tem mandato legal para administrar o território, e que o povo do território tem direito à autodeterminação", disse a mesma fonte.

A este respeito, o WSRW lamenta o facto de "a Global Diligence não ter respondido a nenhuma das suas perguntas sobre a sua metodologia, mandato ou avaliação dos factos jurídicos relativos tanto ao território como à sua população.

Citando os meios de comunicação marroquinos, o WSRW salienta que se espera que a instalação beneficie principalmente a agro-indústria perto de Dakhla, enormes plantações pertencentes quer a conglomerados franco-marroquinos quer ao próprio Rei de Marrocos, que contribuem para o esgotamento das reservas de águas subterrâneas não renováveis da região.

A ENGIE está também presente em Portugal, com forte presença nos serviços de energia, sendo o segundo maior produtor de eletricidade no país, com um portfolio diversificado de fontes de energia, onde se inclui cerca de 10% da produção eólica nacional. O contacto email é:engie.portugal@engie.com

 


Guerra no Sahara Ocidental - Comunicado militar nº. 194

No comunicado militar hoje divulgado pelo Ministério de Defesa da RASD, correspondente ao 194 .º dia de guerra, são assinalados os mais recentes ataques do ELPS contra o muro militar erigido pelo ocupante marroquino e que divide o Sahara Ocidental.

 

Ontem, domingo, 23 de maio

01. - Intenso e continuado bombardeio sobre as forças de ocupação marroquinas estacionadas na zona de Abirat Tinushad no setor de Mahbes (nordeste do SO).

02. - Bombardeamento sobre as forças ocupantes concentradas na zona de Aslugiye no setor de Farsia (norte do SO).

 

Hoje, segunda-feira, 24 de maio

03 - Violentos bombardeamentos contra as posições defensivas das forças ocupantes marroquinas em Azmul Umm Khamla no setor de Um Dreiga (centro do SO).

SPS

UE trava Marrocos na sua tentativa de isolar a Espanha da Europa

 

Nasser Bourita, MNE de Marrocos


Os interlocutores europeus em Rabat sustentam que a crise é com toda a UE porque afeta a Alemanha e inclui a imigração, que é de tal modo preocupante para o Velho Continente.

 

EL CONFIDENCIAL - Ignacio Cembrero 23/05/2021 - Actualizado: 24/05/2021

"A crise é com a Espanha, não com a Europa". Os embaixadores de Marrocos em várias capitais europeias reiteraram esta mensagem ad nauseam. O próprio ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Nasser Bourita, repetiu-o em conversas realizadas durante a semana passada com o seu homólogo francês, Jean-Yves le Drian, com o Alto Representante da UE para a Política Externa, Jospep Borrell, e com o Comissário Europeu para a Vizinhança, Oliver Varhelyi. Talvez preocupada com a reação solidária da Comissão Europeia e dos Estados-Membros — incluindo a França na quarta-feira passada — com o governo espanhol, a diplomacia marroquina está a fazer um esforço para dissociar a Espanha do resto da Europa, com quem, sublinha, não tem qualquer contencioso.

 

Madrid quer que a Europa assuma a crise"

"Madrid criou uma crise e quer que o resto da Europa a enfrente", disse Bourita no domingo à noite numa entrevista à estação de rádio francesa Europe 1. A crise, segundo ele, começou com a hospitalização secreta em Logroño a 18 de Abril do inimigo público número um de Marrocos, Brahim Ghali, o líder da Frente Polisario, que luta pela independência do Sahara Ocidental, sob controlo marroquino desde que a Espanha se retirou da sua colónia em 1975.

A crise, porém, tem a sua origem na determinação de Rabat em fazer com que a UE no seu conjunto, ou pelo menos os seus membros mais relevantes, apoiem Marrocos no conflito do Sahara. Começou a 10 de Dezembro depois do então presidente Donald Trump ter reconhecido a soberania de Marrocos sobre a antiga colónia espanhola. O chamado "caso Ghali" tem sido apenas um pretexto para o agravar.

Os seus interlocutores europeus deram a Bourita uma resposta unânime: a crise é com a Europa como um todo. É por duas razões. Primeiro, porque Rabat também está zangado com o "peso pesado" da UE, a Alemanha, ao ponto de retirar o seu embaixador em Berlim no início de Maio. A cólera com a Alemanha também se prende com o Sahara. A diplomacia alemã marca ainda mais distâncias do que a diplomacia espanhola com a decisão de Trump.

É também com a Europa, em segunda razão, porque teve um aspecto migratório com a entrada em Ceuta de 8.000 pessoas, na sua maioria marroquinos, que foram quase todos devolvidos ao seu país. Isto vem juntar-se à crescente chegada de "imigrantes indocumentados" às Ilhas Canárias. Nos primeiros quatro meses do ano, aumentaram 134% em comparação com o mesmo período em 2020.

A imigração descontrolada deixa os governos europeus nervosos porque pode ter consequências eleitorais ao favorecer o populismo. A UE "não se deixará intimidar ou chantagear por ninguém" em matéria de migração, disse Margaritis Schinas, Vice-Presidente da Comissão Europeia, dirigindo-se a Rabat. Destacava assim a preocupação que o fenómeno migratório suscita no Velho Continente.

 

Sem contactos entre governos

"Desde o surto desta crise actual, não tem havido contacto com Espanha", revelou também Bourita, contradizendo as palavras pronunciadas horas antes pelo seu homólogo espanhol, Arancha González Laya. Por outras palavras, os ministros marroquinos não atendem o telefone aos seus homólogos espanhóis. Se não houver diálogo, é impossível resolver a disputa. Fontes diplomáticas espanholas qualificam, no entanto, que houve "meros contactos técnicos" para, por exemplo, organizar o repatriamento dos marroquinos que entraram em Ceuta.

O ministro assegurou que a solução para a crise está nas mãos da Espanha. "Se optar pela saída [de Ghali] da mesma forma que entrou, procura o agravamento da crise ou mesmo uma ruptura", disse ele. A "ruptura" significa, aos olhos de Rabat, a suspensão da cooperação anti-terrorista com Espanha, que já tinha sido cortada em Agosto de 2014.

O líder da Polisario foi acolhido porque estava gravemente doente. Entrou com um passaporte diplomático argelino emitido em seu nome, mas foi registado no hospital de San Pedro em Logroño sob uma identidade falsa, talvez para evitar que Rabat descobrisse a sua presença em Espanha. O subterfúgio não funcionou. Ghali, acusado de tortura, genocídio e violação, comparecerá, em princípio, no dia 1 de Junho perante o Juiz Santiago Pedraz, da Audiência Nacional. Tendo em conta as provas apresentadas, o magistrado decidirá se deve acusá-lo e tomar medidas cautelares [nota da tradução: recorde-se que a ação interposta por individualidades e associações ligadas ou financiadas por Marrocos surgiu na sequência da ação de genocídio interposta por entidades saharauis contra altas individualidades militares e policiais marroquinas junto da Audiência Nacional de Espanha, uma das quais viria a receber, inclusive, uma condecoração do Estado espanhol].

 

Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia


Rejeição da Frontex

Margaritis Schinas ofereceu publicamente à Espanha "meios e recursos" para melhorar o controlo fronteiriço em Ceuta e Melilla. Fabrice Leggeri, diretor da Frontex, a agência europeia de fronteiras, foi mais explícito na quinta-feira numa carta enviada ao Ministro do Interior Fernando Grande-Marlaska, como revelado pelo jornal 'El Pais'. Ele propôs "identificar as necessidades operacionais" de Espanha e estudar "a possibilidade de apoio adicional" para as suas forças de segurança.

A Frontex já tem 231 agentes na operação Indalo, que tenta controlar o fluxo migratório para Espanha através do Mar de Alborão [nota: parte mais ocidental do mar Mediterrâneo; limita a norte com a costa da Andaluzia, a sul com a costa nordeste de Marrocos e a oeste com o estreito de Gibraltar] e, desde o ano passado, 26 nas Ilhas Canárias. As suas relações com a Guardia Civil e a Polícia Nacional não são muito fluidas. As forças de segurança espanholas estão atentas à sua intromissão e consideram que o seu treino deixa algo a desejar.

Estas não serão as principais razões pelas quais a Grande-Marlaska irá provavelmente recusar a oferta de Leggeri. A implantação da Frontex nas fronteiras de Ceuta e Melilla é reforçar o carácter europeu das duas cidades, algo que desagradaria a Marrocos e que sucessivos governos espanhóis têm querido evitar. O governo de Mariano Rajoy também tentou dissuadir Ceuta em 2013 de insistir em aderir à união aduaneira europeia, da qual pediu para ser excluído em 1986 quando a Espanha aderiu à UE. A Assembleia de Ceuta votou por unanimidade, em Dezembro de 2011, para solicitar a sua incorporação nessa área aduaneira da qual o resto de Espanha faz parte. Íñigo Méndez de Vigo (PP), Secretário de Estado para a UE, viajou a Ceuta em 2013 para dissuadir o governo local, nas mãos do Partido Popular, de persistir na sua tentativa. A entrada da cidade autónoma na união aduaneira reforçaria o europeísmo da cidade e correria o risco de enfurecer o vizinho do sul.