segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Distúrbios em Dakhla após a morte de um preso saharaui por alegada negligência


Hassana El Ouali
Forças à paisana marroquinas tentam impedir concentrações de protesto de saharauis frente ao Hospital Militar de Dakhla

Rabat, 29 set (EFE).- A cidade de Dakhla, no sul do Sahara Ocidental, viveu na passada madrugada distúrbios após a morte no Hospital Militar da cidade do preso independentista Hassana El Ouali, de 43 anos, por alegada negligência médica.

O responsável na cidade do Conselho Regional de Direitos Humanos (CRDH, organismo oficial marroquino), Mohamed Lamin Semlali, referiu à EFE que pediram ao hospital, tal como a sua família, um relatório médico que aclare as circunstâncias da sua morte, mas doze horas depois ainda não o receberam.

A família recusou-se a receber o cadáver de El Ouali enquanto não for feita uma autópsia independente, segundo disseram à EFE fontes da Organização Saharaui Contra a Tortura (OSCT), a que pertencia o falecido.



Segundo esta organização (ilegal, como todas as saharauis de cariz independentista), Hassana era diabético e sofria de uma úlcera, e não foi devidamente atendido no hospital civil de Dakhla para onde foi transportado desde a prisão no dia 24 de setembro, antes de ser trasladado de novo, dois dias depois, para o Hospital Militar, onde faleceu esta noite.

Hassana El Ouali tinha sido condenado a três anos de prisão em 2011, após violentos confrontos que opuseram em Dakhla civis marroquinos a independentistas saharauis após um jogo de futebol e que se saldaram com sete mortos.

A OSCT assegurou que uma coluna de veículos militares que saíra da região de El Aaiún se dirigia no final da manhã de hoje para Dakhla, prevendo novos distúrbios como os de ontem que, segundo aquela organização, deixaram um saldo de 16 feridos, embora as fontes do CRDH dissessem desconhecer se houve feridos.

EFE

domingo, 28 de setembro de 2014

10 Inspiradoras mulheres saharauis



As mulheres saharauis, em geral, são conhecidas pela sua força e perseverança, mas também por seu espírito livre dentro da sociedade do Sahara Ocidental. Durante o conflito entre o Sahara Ocidental e Marrocos, as mulheres saharauis tornaram-se a sua principal força.

Enquanto os homens saharauis lutavam contra Marrocos, as mulheres ficaram para trás para construir campos de refugiados no sul da Argélia. Hoje, as mulheres saharauis continuam a ser um símbolo de força nos campos de refugiados, no Sahara Ocidental e no resto do mundo. Há 10 mulheres saharauis que estão a ganhar notoriedade a nível internacional, embora o mundo ainda não as conheça.







Nadira Luchaa Mohemad
Nadira nasceu nos campos de refugiados mas viveu em Espanha a maior parte da sua vida. Ela é a primeira atriz saharaui. Em 2011, foi escolhida como a protagonista para o filme “Wilaya”, dirigido pelo diretor espanhol Pedro Pérez Rosado.

O filme recebeu vários prémios internacionais. Nadira foi nomeada para a distinção de melhor atriz no Film Festival do Abdu Dhabi em 2011. Atualmente, Nadira prossegue a sua carreira na Espanha.



Aziza Brahim
Ainda muito jovem, Aziza recebeu uma bolsa para frequentar a escola em Cuba, onde passou a maior parte da sua vida. Depois de terminar os seus estudos, voltou aos campos de refugiados, onde começou a sua carreira musical. A música de Aziza é conhecida pela sua mistura de música tradicional africana, blues, de rock, juntamente com jazz latino espanhol.

Em 2009, foi a finalista do Freedom to Create Prize; o prémio é dedicado ao poder da arte para combater a opressão e a quebrar estereótipos na sociedade global. Em 2012, Aziza foi premiada no Festival de Cinema de Málaga pelo seu papel e pela interpretação da trilha sonora original Biznaga, no filme “Wilaya”. Seu novo álbum Soutak (Vossa Voz) foi lançado em fevereiro de 2014.




Al-Kadra
Al-Kadra é avó de Aziza Brahim. É conhecida pela sua poesia, que tem sido símbolo de resistência contra a ocupação marroquina e de mobilização das mulheres nos campos de refugiados. Em 2012, teve uma intervenção de destaque na canal de TV Al-Jazeera na série de documentários Artscape: Poetas de protesto. A sua poesia e os seus versos continuam a inspirar não só a população saharaui, mas também artistas e poetas por todo o lado. Em numerosas ocasiões, artistas de diferentes lugares visitaram os acampamentos para trabalhar com Al-Kadra na composição de diferentes poesias que têm sido utilizadas em diversos festivais e eventos que têm tido lugar nos campos de refugiados.

Al-Kadra continua a ser uma fonte de inspiração e um símbolo de resistência e liberdade para os Saharauis nos campos de refugiados e um pouco por todo o mundo.


Senia Bachir Abderhaman
Nascida nos campos de refugiados, Senia, ainda muito muito nova, frequentou escolas-internato em diferentes cidades da Argélia. Foi a primeira jovem saharaui a quem foi atribuída uma bolsa global para frequentar o Red Cross United World College, na Noruega, fundado pelo ex-rainha da Jordânia Nor. Ao terminar os seus estudos na World College United, ganhou outra bolsa de estudos no Mount Holyoke College, nos EUA, tornando-se a primeira mulher saharaui a concluir os estudos naquela prestigiada faculdade.

Lá, recebeu o prémio McCulloch Center Global Engagement, pelo seu excecional compromisso na consciencialização sobre a questão do Sahara Ocidental. A experiência de Senia nos campos de refugiados e a sua história tem merecido destaque no website do Committee for Refugees and Immigration dos EUA, bem como em diferentes periódicos e revistas sobre temas africanos.

A educação e ativismo de Senia têm-na levado a lugares como as Nações Unidas e países como a Noruega, Alemanha, Suécia, EUA e Argélia. Atualmente, é frequenta  a pós-graduação do mestrado de Saúde Internacional na Universidade de Oslo, Noruega.



Sultana Jaya
Sultana é conhecida por seu ativismo pelos direitos humanos, mas principalmente notabilizou-se durante os protestos dos estudantes saharauis que tiveram lugar em Marraquexe, em 2007, quando centenas de estudantes saharauis protestaram contra o tratamento diário de que eram alvo por parte de professores e polícias.

Foi então presa pelas forças de segurança de Marrocos e levada para interrogatório, onde foi exposta a diferentes métodos de tortura, durante os quais perdeu um dos seus olhos. Como a sua história foi divulgada na Internet, tornou-se de imediato um símbolo da resistência saharaui contra a ocupação e as violações dos direitos humanos por parte de Marrocos.

Vários poetas e cantores saharauis têm escrito poemas e canções sobre a sua experiência e testemunho. Esteve em Espanha onde foi sujeita a uma delicada cirurgia ocular. Desde então, recebeu muitos prémios de direitos humanos, continua a participar em diferentes conferências e prossegue o seu ativismo contra a ocupação marroquina.



Rabab Amaidan
Nascida no Sahara Ocidental, as experiências de Rabab sob ocupação marroquina não foram nada agradáveis. Devido ao seu ativismo, a sua família vive sob vigilância constante por parte das autoridades marroquinas. Em 2006, seu irmão foi detido e preso pela segurança de Marrocos.

Na altura, ela tornou-se a voz pela liberação de seu irmão. Devido às ameaças que estava recebendo por parte dos serviços secretos de Marrocos, teve que partir para a Suécia, onde lhe foi concedido asilo, tornando-se o primeiro saharaui a quem concedido asilo político. Rabab e a sua família continuam a lutar na defesa da autodeterminação nacional e contra as violações dos direitos humanos no Sahara Ocidental.



Asria Mohamed
Asria viveu a maior parte da sua vida nos campos de refugiados. No entanto, ela é conhecida como uma das mais promissoras mulheres jornalistas e escritoras saharauis depois de ter completado seus estudos de Jornalismo e Comunicação na Universidade de Alarbi Ben Mheidy, na Argélia. Tornou-se, então, uma das principais vozes femininas na Rádio e Televisão Saharaui como apresentador e produtora.

Em 2010, foi escolhida para fazer parte do programa Peace Corps para ensinar árabe no Red Cross Nordic United World College, na Noruega. Em 2011, o seu primeiro livro “Between the Strong Sand and White Snow Lives My Hope for A Free Sahara” foi publicado pela Associação das Nações Unidas da Noruega. Atualmente, está estudando no programa de mestrado em Estudos de Comunicação na Universidade de Oslo, na Noruega, e a trabalhar no seu segundo livro.



Aminatu Haidar
Aminatu é conhecida como a 'Ghandi saharaui" tendo-se tornado conhecida depois de ter sido libertada de uma prisão secreta de Marrocos, onde estava detida há cerca de 12 anos. Devido à sua luta em defesa da não-violência contra Marrocos, foi-lhe recusada a entrada no Sahara Ocidental, onde nasceu e onde seus filhos vivem. O motivo deveu-se ao ter recusado escrever "marroquina", como nacionalidade, tendo sido então expulsa de volta para o aeroporto Lanzorate, nas Ilhas Canárias, onde encetou um mês de greve de fome. A sua greve atraiu não só os Media internacionais, mas também diferentes organizações e governos de todo o mundo.

Em 2008, foi agraciada nos Estados Unidos com o prémio Robert F. Kennedy Center for Justice & Human Rights, a que se juntam muitas outras dezenas de prémios em reconhecimento do seu ativismo e coragem. Aminatu continua a defender os direitos dos saharauis no Sahara Ocidental e em outros lugares.


Suilma Ali
Suilma Ali é uma compositora e cantora hispano-saharaui, que escreve as suas canções muitas vezes em espanhol. No entanto, o seu estilo de música afasta-se da forma tradicional que os saharauis têm conhecido; introduzindo algo novo e moderno. 

Tem participado em muitos programas, como o Sandblast Festival na Inglaterra. Tem também colaborado com diversos cantores de diferentes partes do mundo e, recentemente, foi escolhida para cantar uma de suas canções no The Voice, em Espanha.





Mariam Hassan
Conhecida como a "Voz do Sahara", a sua carreira musical foi lançada durante o conflito entre o Sahara Ocidental e Marrocos nos anos 70. Desde então, Mariem tem sido a voz que fala pelos saharauis. Através da sua música, ela foi capaz de sensibilizar e realizar concertos em diferentes partes do mundo.

Em 2007, atraiu a atenção da editora espanhola Nubenegra, onde lançou o seu álbum de estreia “Deseo”, após o que lhe foi diagnosticado um cancro de mama. No entanto, a sua doença e o lançamento do seu álbum não só inspiraram milhares de pessoas nos campos de refugiados e no Sahara Ocidental, como também em Espanha, onde reside atualmente. Mariam lançou o seu mais recente álbum "El Aiun sob fogo", em homenagem aos protestos que ocorreram no Sahara Ocidental, e em particular na capital do território ocupado.



Autora: Agaila Abba.  Saharaui jornalista freelance e escritora vocacionada em temas relacionados com o norte de África e do Médio Oriente.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

“Marrocos quer debilitar a Espanha apoiando a independência da Catalunha


Artur Mas, chefe da Generalitat, e o primeiro-ministro marroquino Benkirane
Uma tese muito contestável — até porque há muitos, muitos, independentistas catalães que não defendem esta visão «do inimigo do meu inimigo, meu amigo é...". 
Mas os factos recentes levam-nos a refletir sobre ela,  daí a divulgarmos aos nossos leitores…

"Desde há algum tempo que se via que algo estava passando entre o Makhzén de Marrocos e a Catalunha. Para começar, os caciques do independentismo catalão tornaram-se anti-saharauis. Mostram-se agora sempre contrários a que os Saharauis possam decidir o seu destino por si mesmos. O direito de autodeterminação que reclamam querem-no impedir aos saharauis, a quem esse mesmo direito é reconhecido pela legalidade internacional.

Há um ano atrás, o blog ”Desde el Atlántico”, do Professor de Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela, Carlos Ruiz Miguel, colocava em relevo o facto de os catalães, no momento de dizerem como vai ser a Catalunha independente, o primeiro ponto que tinham definido para a sua política externa era a criação de relações privilegiadas com Marrocos.

É evidente que, como o explica claramente Carlos Ruiz Miguel num artigo publicado na semana passada, Marrocos tem muito interesse em ver Espanha mais pequena e mais débil para poder vir a realizar os seus sonhos imperiais: ocupar Ceuta, Melilla e as Ilhas Canarias; e, em segundo lugar, “sendo Espanha a potência administrante do Sahara Ocidental, quanto mais débil for, menos capacidade terá para cumprir o seu dever. E, provavelmente, Espanha não só se enfraquece, como é eliminada do mapa...
A consequência é que TUDO O QUE DEBILITE A ESPANHA FAVORECE MARROCOS ", diz Carlos Ruiz Miguel.

Noureddin Ziani, cidadão marroquino que trabalha para os serviços secretos marroquinos desde 2000, expulso pelas autoridades espanholas
Parece que o governo de Madrid está ciente das intenções marroquinas. Por isso, o CNI espanhol (Centro Nacional de Inteligência) procedeu à expulsão de Noureddin Ziani, cidadão marroquino que a trabalha para os serviços secretos marroquinos desde 2000, com a missão de ajudar na conquista da independência da Catalunha. Ziani tornou-se uma fonte de conflito entre o governo central e o catalão, porque este último intercedeu contra o afastamento de agente marroquino com quem os independentistas catalães contavam para assegurar o voto dos muçulmanos residentes na Catalunha. Missão esta que necessita meios financeiros consideráveis e que, seguramente, corriam por conta do governo marroquino. Estava claro que a política de Rabat era apoiar quem pudesse debilitar o seu inimigo que é, neste caso, a Espanha, por ser a reconhecida potência administrante do Sahara Ocidental e por defender uma solução baseada na legalidade internacional, a saber, o direito à autodeterminação dos saharauis.


O interesse que Artur Mas (Chefe do Governo Catalão – a Generalitat) manifesta no ensino da língua árabe não é o mesmo quando fala sobre o ensino do castelhano nas escolas catalãs. Mas o mais grave é que Mas, em vez de chamar as associações de emigrantes marroquinos como ATIME, que tem promovido programas para crianças — incluindo os espanhóis que o queiram — a aceder ao ensino da língua árabe, vai assinar um acordo com o governo de Marrocos. A Junta Consultiva Islâmica Espanhola denunciou a iniciativa explicando que este acordo pressupõe uma atribuição da reivindicada soberania catalã. Sobretudo tratando-se de Marrocos, país conhecido pela sua manipulação da comunidade marroquina residente no exterior."

Fonte: Notícias del Sáhara

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ONU: Felipe VI de Espanha e Ban Ki-moon discutem Sahara Ocidental



Nova Iorque – O rei espanhol Felipe VI reuniu esta quarta-feira em Nova Iorque com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, à margem do debate geral da 69.ª sessão da Assembleia Geral.

Trata-se da primeira reunião entre o monarca espanhol recém-coroado e o chefe da ONU onde foi abordada a questão do Sahara Ocidental, de acordo com o gabinete do SG da ONU.

"O secretário-geral reuniu-se hoje com H.M. Rei Felipe VI de Espanha. Discutiram a situação no Sahara Ocidental, tendo o Secretário-Geral agradecido a Sua Majestade o Rei Felipe VI o apoio da Espanha para as negociações das Nações Unidas", afirma um comunicado sobre a reunião do Secretário-Geral com o rei Felipe VI, Rei de Espanha.

Espanha, que ocupou o Sahara Ocidental entre 1884-1975, é membro do Grupo de Amigos do Sahara Ocidental, que também inclui França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.

Espanha é candidata a um lugar temporário no Conselho de Segurança para 2015-2016 e observadores dizem que o país tem boas hipóteses de ganhar o lugar.

Nos últimos 10 anos tem mantido aquilo que os observadores descrevem como neutralidade positiva em relação à disputa do Sahara Ocidental, apelando a uma solução política mutuamente aceitável para o conflito.

Espanha é o principal parceiro económico do Marrocos à frente da França, que manteve esta posição por várias décadas.

Marrocos foi o terceiro país a ser visitado pelo rei Felipe VI após a sua coroação e o primeiro país fora da União Europeia.


Partido Trabalhista britânico reafirma o seu apoio à autodeterminação do povo saharaui e ao respeito dos direitos humanos




Douglas Alexander, responsável pelas relações exteriores do Partido Trabalhista, reiterou o apoio do seu partido ao direito à autodeterminação e ao respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental durante o encontro com as delegações estrangeiras, meios de comunicação social e corpo diplomático acreditado no Reino Unido presentes na Conferência anual do Partido Trabalhista britânico que decorre em Manchester. A declaração surgiu durante a apresentação da proposta sobre Política Externa que será adotada pelo Partido Trabalhista britânico se ganhar as próximas eleições legislativas em maio de 2015

A secretária-general da UNMS (União Nacional das Mulheres Saharauis),  Fatma Mehdi, sublinhou a necessidade de ampliar as competências da MINURSO com a criação de  um mecanismo de supervisão e proteção dos direitos humanos, o qual deverá apresentar periodicamente relatórios da sua atividade.

Douglas Alexander, responsável pelas Relações Exteriores era acompanhado por  Jim Murghy,  membro do Parlamento britânico encarregado da cooperação internacional do partido e  pelo responsável da defesa  Vermon Coaker.


Fonte: UNMS

"Mohammed VI derrière les masques": um livro muito crítico de Omar Brouksy



Paris (AFP) - Um jornalista marroquino, Omar Brouksy, publicou esta semana em França um livro extremamente crítico relativamente ao rei de Marrocos Mohamed VI, colocando-se firmemente na esteira do escritor francês Gilles Perrault, autor em 1990 do retumbante "Nosso Amigo o Rei."

"Mohammed VI derrière les masques" (edições Nouveau Monde) tem como subtítulo "O Filho do Nosso Amigo", em referência ao livro de Gilles Perrault, que de resto assina o prefácio. Consagrado a Hassan II e revelando à luz do dia a repressão aos opositores durante os "anos de chumbo", "Nosso Amigo o Rei" causou uma das piores crises da história das relações franco-marroquinas.

Desta vez, porém, é um jornalista marroquino, e não um autor francês, que pega na escrita para traçar uma avaliação muito rigorosa dos primeiros 15 anos do reinado de Mohamed VI, que subiu ao trono em 1999 após a morte de seu pai Hassan II.

O livro contém um retrato do rei, abordando temas muito pessoais, como a aparente timidez ou a sua saúde, e a crítica política da governança de Marrocos, marcada, segundo Omar Brouksy, pela extrema concentração do poder político e económico nas mãos do rei e de alguns dos seus amigos mais próximos.

O rei de Marrocos Mohamed VI saúda a multidão diante do palácio real durante a cerimónia que assinalou o 15.º aniversário do seu acesso ao trono.

"O leitor pouco familiarizado com as realidades marroquinas vai descobrir, com espanto, que o poder, mais do que nunca concentrado no Palácio Real, com os altos funcionários e os próprios ministros reduzidos ao papel de meros figurantes, é realmente exercido pelo rei e por uma dúzia dos seus amigos", escreve Gilles Perrault no seu prefácio. Em sua opinião, o livro dá "a sentença de morte às esperanças que o novo reino tinha suscitado há já 15 anos."

Omar Brouksy confessa a sua deceção pelo facto do jovem soberano não ter seguido o exemplo de Juan Carlos de Espanha que, tendo herdado todos os poderes do General Franco, transformou o seu país numa monarquia constitucional.

Ele lamenta também que a primavera árabe, que chegou a Marrocos com manifestações de escala muito menor do que em alguns de seus vizinhos, não tenha gerado em 2011 senão "mini-reformas", sem real impacto sobre o sistema político do país.

Ele dedica também grande atenção à descrição dos mecanismos pelos quais, segundo ele, o controle da economia e das grandes empresas do país é exercido a partir do Palácio Real.

Omar Brouksy, que já trabalhou em meios de comunicação marroquinos e foi um dos jornalistas da delegação da agência France Presse em Rabat de dezembro de 2009 a agosto de 2014, reconhece também que "uma grande parte da sociedade marroquina" satisfaz-se com o status quo e não aspira necessariamente a uma mudança, como o do modelo espanhol.

As autoridades marroquinas, até agora, não responderam formalmente ao lançamento deste livro.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A exploração petrolífera no Sahara Ocidental




Marrocos está em busca de petróleo no Sahara Ocidental, tanto no alto mar como em terra, apesar da ONU ter declarado que esta atividade é ilegal. Entretanto, a Kosmos já ordenou que a Atwood Achiever, a plataforma petrolífera que a companhia norte-americana encomendou para perfurar ao largo do Sahara Ocidental, siga para o território ocupado por Marrocos. A plataforma tem estado ancorada em Singapura. Dentro de algumas semanas a plataforma pode atingir de forma permanente as aspirações do povo saharaui à liberdade e independência, uma vez que inicia as perfurações de petróleo num claro afrontamento à ética e à legalidade naquela que é a última colónia de África.

A exploração de petróleo no Sahara Ocidental é ilegal. A 29 de janeiro de 2002, o então Secretário-Geral Adjunto para Assuntos Jurídicos da ONU, Hans Corell, informou o Conselho de Segurança que "se se produzissem mais atividades de busca e exploração contra os interesses e desejos do povo do Sahara Ocidental, todas elas constituiriam uma violação dos princípios do direito internacional". Faz aqui o download do parecer jurídico.

Apesar disso, Marrocos prossegue na procura de petróleo. A empresa petrolífera do Estado marroquino, a ONHYM, concedeu cinco licenças para a investigação e exploração de petróleo no Sahara Ocidental.

Nenhuma das empresas envolvidas alguma vez procurou o consentimento do povo que vive no território, coisa que seria um requisito mínimo face à legalidade, de acordo com o parecer jurídico das Nações Unidas.

Na costa
A empresa Kosmos Energy Offshore Morocco HC (uma subsidiária da empresa norte-america Kosmos Energy Ltd, registada nas Bermudas), conta com uma licença para a exploração petrolífera no bloco de alto mar de Bojador. Trata-se de uma continuação da licença inicialmente obtida pela Kerr-McGee. As primeiras perfurações estão marcadas para novembro próximo (2014). Leia mais sobre o envolvimento da Kosmos Energy aqui.


A companhia petrolífera francesa Total SA tem adjudicado o bloco Anzarane, mais a sul, que é o maior de todos os blocos petrolíferos da costa saharaui. A Total arrematou licenças para a mesma zona durante 2001, 2002, 2003, 2011, 2012 e 2013; e já levou a cabo onerosas prospeções nas costas do território ocupado. Leia mais acerca de Total SA no nosso relatório Totally Wrong (disponível em inglês, 2013).-------

Tanto a Kosmos como a Total subscreveram declarações conjuntas com a companhia estatal petrolífera marroquina, ONHYM, afirmando que mantinham um entendimento mútuo sobre o prosseguimento da produção no futuro.

Uma terceira empresa petrolífera implicada é a Teredo Oils.

Em terra
A empresa San Leon Morocco Ltd e a empresa Longreach Oil and Gas Ventures, ambas do Reino Unido, mantêm junto com a ONHYM duas licenças de exploração em terra. A primeira diz respeita à bacia de Tarfaya, na parte nordeste do Sahara Ocidental. A área é composta de materiais finos com propriedades de petróleo ("petróleo de xisto betuminoso").

A segunda licença é de Zag, na parte nordeste do Sahara Ocidental, na fronteira com Marrocos. Segundo as empresas envolvidas, Zag poderá conter depósitos de gás.

O próprio Estado marroquino através da sua empresa ONHYM está levando a cabo explorações na zona de Bojador. Estão a realizar estudos sísmicos e possíveis perfurações.

Fonte: WSRW

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

NARCOTRÁFICO – viagem pela corrupção nas Forças Armadas e pelo Sahara Ocidental


A grande corrupção do 'mandante' de Marrocos



  •      Um ex-oficial marroquino narra nas suas memórias os negócios obscuros de Bennani [general Abdelaziz Bennani, ocupou, entre 27 de julho de 2004 e 13 de junho de 2014, o mais alto cargo das FAR - Inspetor Geral das Forças Armadas marroquinas e comandante da Zona Sul (Sahara Ocidental)]
 
  •     Terá aberto as portas aos cartéis colombianos para que introduzissem cocaína em Espanha




A patrulha do subtenente Abdelilá Issou, que partia do cabo Malabata, entre Tânger e Ceuta, começava todos os dias a sua ronda às 21:02 horas e acabava às 02.00 da madrugada. «Ao manter o mesmo horário, os traficantes sabiam que até às nove e a partir das duas não corriam risco algum de ser importunados na sua atividade», escreve Issou, de 49 anos, nascido em Tetouan.

Ante esta aparente cumplicidade entre os que fixaram o horário das patrulhas de vigilância e os narcotraficantes que transportavam o haxixe das montanhas do Rif até à costa para o embarcar em lanchas rápidas em direção a Espanha, Abdelilá Issou transmitiu as suas dúvidas ao capitão Bana que comandava a sua companhia.

Seu chefe ordenou-lhe "a não voltar a colocar o assunto nem a ele nem a qualquer outra pessoa, porque os horários e a programação são decididos pelo Estado-Maior da Zona Sul [Sahara Ocidental, 1 190 quilómetros de distância] de acordo com as instruções e diretivas emitidas pelo general Abdelaziz Bennani".

Este general, que está prestes a completar 79 anos, é, desde há 31 anos comandante-em-chefe da região, onde se encontra deslocado 75% do exército marroquino. É o mais poderoso dos militares de Marrocos, porque a esse cargo acumulou há mais de uma década atrás o de Inspetor-Geral das Forças Armadas.




Exílio em Espanha

Dele e de outros quantos oficiais mais fala abundantemente no seu livro recém-publicado “Memórias de um Soldado Marroquino” ("Memoires d'un soldat marocain" Edilivre Editorial, Paris). O autor, Abdelila Issou, é um oficial do exército formado na Real Academia Militar de Meknès, que acabou trabalhando para o CNI - serviço secreto espanhol - antes de se exilar em Espanha no ano de 2000.

As memórias de Issou são uma viagem pela corrupção nas Forças Armadas e no Sahara Ocidental, em tempos de guerra e paz, após o cessar-fogo em 1991 entre Marrocos e a Frente Polisario, que reivindica a independência da que foi colónia espanhola até 1975.

O livro confirma outras memórias, escritas por um outro oficial, Tobji Mahjoub, 70 anos, e publicadas em Paris em 2006, sob o título “Os oficiais de Sua Majestade - as manobras dos generais marroquinos (1956-2006). O general Bennani "dedica as suas energias a acumular uma grande fortuna", escreveu então Tobji, graças aos contratos de compra de carne para o Exército, com a Argentina e a Austrália, e o recebimento, em conta especial, das coimas aplicadas às embarcações pesqueiras espanholas que operam em águas do Sahara.
Issou vai mais longe e acusa o general Bennani de ter firmado nos anos 90 “um acordo com os cartéis colombianos que lhes permitia abrir uma nova rota e uma porta de entrada para a Europa" à cocaína através dos narcotraficantes marroquinos já então introduziam o haxixe em Espanha. Apesar de ter reduzido a área de cultivo, Marrocos continua a ser o principal produtor mundial de haxixe.

Estas denúncias não são produto da vingança de dois oficiais. Num telegrama enviado para Washington em 2008 e revelado pelo Wikileaks, o então embaixador dos Estados Unidos em Marrocos, Thomas Riley, assinalava já que o general Abdelaziz Benanni "detém uma boa parte das pescas no Sahara Ocidental." "Relatos credíveis indicam que (...) usa a sua posição como comandante do setor para sacar dinheiro dos contratos militares e beneficiar de decisões empresariais", acrescenta o telegrama. Thomas Riley descreve também a luxuosa mansão de Bennani.

Thomas Riley, ex-embaixador
dos EUA em Marrocos
O enriquecimento de uns poucos não impedia que o exército fosse pobre. A escassez de material era tal que "mais parecia sabotagem", de acordo com Issou. Faltava-lhes, por exemplo, "óculos de visão noturna essenciais para as sentinelas de noite". Por isso os combatentes da Polisario "se infiltravam no dispositivo (...) marroquino sem disparar um só um tiro" utilizando apenas as suas armas brancas.

"As terríveis condições de vida, a severidade do clima, a falta de água e de comida, o stress depois dos combates e o abuso dos comandos; todos esses fatores tiveram consequências nefastas sobre a moral das tropas e, muitas vezes, terminaram em tragédia", segundo Issou. Relata a ocorrência, por vezes, de suicídios de soldados após dispararem primeiro à queima-roupa contra os seus oficiais.

'Um duro golpe para o regime'

No início de 1998 Issou estava destacado na base militar de Benguerir, perto de Marraquexe, quando decidiu oferecer os seus serviços ao CNI [serviços secretos espanhóis] através de um dos seus agentes que, oficialmente, era adido de imprensa do Consulado da Espanha em Tetouan. Quis fazê-lo, segundo diz, "para assestar um golpe ao regime" marroquino, mas também para obter um rendimento extra, tentado, provavelmente, em construir um futuro ao norte do Estreito. O CNI deu-lhe formação em criptografia, técnicas de monitorização, e assim por diante.

Abdelila Issou montou uma rede de cinco militares que informavam a espionagem espanhola não sobre o armamento do Exército marroquino, mas antes sobre as fraquezas dos seus generais corruptos e a vida privada daquele que era então o príncipe herdeiro, atual rei Mohamed VI, e de sua mãe, Latifa Hammou. Após a morte do rei Hassan II, a viúva casou com Mohamed Mediouri, que tinha sido o chefe dos guarda-costas da família real.

O espião foi finalmente descoberto pela DST [serviços de contra-espionagem marroquinos] em 2000, que não o conseguiu prender porque ele conseguiu fugir para Ceuta. Os seus parceiros espanhóis falharam com ele. Nem mesmo o ajudaram a passar da cidade autónoma para a península [Ibérica]. Teve que o fazer por conta própria, com documentos falsos, para atravessar o Estreito. Ainda não estava totalmente seguro. Seu último susto deu-se a 12 de agosto de 2010, quando alguns compatriotas tentaram sequestrá-lo à porta de sua casa em Madrid.

Disfarçados de funcionários

Nove anos depois da fuga de Abdelilá Issou de Marrocos, o CNI viu-se obrigado a fechar a sua antena de Tetouan, que era então dirigida por um coronel secundado por um comandante, ambos disfarçados de funcionários do consulado. Tetouan era não só um lugar de recrutamento de colaboradores da inteligência espanhola mas um bom observatório do que sucedia em redor de Ceuta e dos movimentos do radicalismo islâmico, muito arreigado nessa zona de Marrocos.

Mustapha Adib, ex-capitão exilado em França
Há um terceiro militar marroquino, o ex-capitão Mustapha Adib, que não escreveu ainda um livro denunciando a corrupção na Força Aérea, a que pertenceu. Não obstante não ter plasmado as suas acusações por escrito, o seu compromisso em ajustar contas perdura. Em meados de junho, o general Abdelaziz Bennani foi internado durante alguns dias no hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris, e o capitão Adib, que vive no exílio, precisamente em França, apareceu na unidade hospitalar e conseguiu, a 18 de junho, chegar à porta do seu quarto.

Levava consigo um ramo de orquídeas — flores mortuárias — e uma carta para aquele que foi seu chefe repleta de insultos como anão, rato, cobarde e criminoso. Não conseguiu ver o paciente. Teve que se conformar em dá-las a alguém do seu staff.





O homem que acusa
Oficial
Abdelilá Issou foi oficial do Exército formado na Real Academia Militar de Meknès. Trabalhou para o CNI [serviços secretos espanhóis] e exilou-se em Espanha em 2000.
Memórias

Issou denuncia a corrupção da cúpula militar marroquina no  seu livro Mémoires d'un soldat marocain La Face cachée du royaume enchanté («Memórias de um soldado marroquino. A cara oculta do reino encantado»), da Editorial Edilivre, Paris.

sábado, 20 de setembro de 2014

A nova estratégia francesa no Norte de África e Sahel


Mohamed VI com líder tuareg, janeiro de 2014

Por razões históricas, a tensão sempre caracterizou as relações entre a Argélia e a sua antiga metrópole, Paris. No entanto, o desenvolvimento dos acontecimentos no Sahel e no norte de África alteraram a política de França em relação aos seus vizinhos da Margem Sul do Mediterrâneo.

Desde os anos 60, decénio em que a maioria dos países africanos adquiriram a sua independência, Paris recorreu com muita frequência à intervenção direta naquilo que se costumava designar por “jardim privado” para salvaguardar os seus interesses estratégicos em África. Até à década de 80, a Françafrica constituía um dos pilares da diplomacia francesa no continente negro para combater a corrente progressista liderada pela Argélia, Tanzânia, Nigéria e Etiópia.

Em 1977, os aviões de guerra franceses Jaguar, procedentes da base de Dakar (Senegal), aniquilaram várias colunas saharauis que tinham atacado Nouakchott, Zouérate e outras cidades mauritanas. Intervieram inclusive em território do Sahara Ocidental como protesto contra a captura por parte da Frente Polisario de cooperantes franceses que trabalhavam na empresa de extração de ferro de Zouérate.

As façanhas bélicas francesas chegaram também ao Chade, para proteger o seu presidente ameaçado por uma oposição armada, à Costa do Marfim para derrubar o presidente Laurent Gbagbo, para acabar com a rebelião armada na região do Katanga, no antigo Zaire de Mobutu Sese Seko.

Na atualidade, as tropas francesas intervêm na República Centro-africana, país ameaçado por uma guerra civil, e no Mali, onde se tinham instalado vários movimentos terroristas que ameaçam toda a região do Sahel. Esta última, composta principalmente por países aliados históricos de França.

Corpo de intervenção militar no Mali

Nas suas cruzadas em Africa, o Eliseu sempre contou com o apoio das tropas de Marrocos e de outros países do continente para dar uma fachada africana às suas intervenções. Argélia sempre condenou este intervencionismo francês em África. A participação do exército marroquino ao lado do francés era feita a troco de um apoio incondicional de França no conflito do Sahara Ocidental.

Segundo um telegrama americano revelado por Wikileaks, Bouteflika declarou a um embaixador americano que a França utiliza o apoio a Marrocos para vingar-se da Argélia. As suas intervenções na ONU foram decisivas. Recompensarão o ex-Secretário-Geral da ONU, Bouthrous Ghali, com o cargo de Secretário-General da Organização da Francofonia pelo seu alinhamento com as teses marroquinas. Fizeram pressão sobre o Enviado Pessoal da ONU para o Sahara Ocidental, Peter Van Walsum, para que se colocasse a favor da proposta marroquina de autonomia. E, por último, França está por detrás da fórmula “solução mutuamente aceitável” que deu privilégios a Marrocos a que não tinha direito.

A atual conjuntura impõe novas alianças e o inimigo de ontem poderá, talvez, converter-se no amigo de hoje. Em França, desde há um certo tempo, tanto Sarkozy como François Hollande falam da Argélia “como potência regional”. Referem inclusive que a “Argélia possui a chave do conjunto da problemática no Sahel”.

A intervenção militar francesa no Mali vista pelo caricaturista argelino Dilem


O apoio a Marrocos no conflito do Sahara Ocidental é abandonado em favor de um equilíbrio nas relações com todos os países do Magrebe. Pela primeira vez na sua história, a França não tem as mãos livres para intervir na África do Norte em questões que afetam a sua própria segurança, e vê-se obrigada a contar com países que, até agora, jogavam um papel secundário nas suas relações geopolíticas, em particular a Argélia.

A situação na Líbia, transformou-se num problema para a segurança e os interesses económicos da França. Uma batata quente que Sarkozy lega a François Hollande e que obrigará o novo Presidente a mitigar os ardores de colaboração exclusiva da França neocolonial com o reino de Marrocos, em favor dos novos parceiros do Magrebe e do Sahel. “Não podemos intervir no Mali sem contar com a ação central da Argélia”, confessou Sarkozy no debate televisivo por altura das últimas eleições presidenciais francesas. Algo com o que França não havia contado na sua história.

O protagonismo da Argélia é reforçado mais ainda com a posição da União Africana que defende que “não podemos fazer frente aos problemas do Sahel sem contar com a Argélia”. O papel que França e a União Africana atribuem à Argélia ganha ainda mais relevo já que este último país tem no seu curriculum uma rica experiência na luta contra o terrorismo, adquirida durante o “decénio negro”.

É verdade que, por detrás dessas declarações, também havia a intenção de fazer da Argélia o ‘gendarme’ da região do Magrebe e do Sahel. Conhecendo o extraordinário potencial militar e financeiro da Argélia, que fizeram dela uma verdadeira potência regional, queriam envolvê-la na solução militar dos múltiplos conflitos que agitam a região.

E o mais urgente aos olhos destes países é a situação catastrófica que vive a Líbia. Mas a Argélia reiterou em várias ocasiões que o seu exército não intervém fora das suas fronteiras sob nenhum pretexto e defendeu com ardor o diálogo como solução na antiga Yamahiria de Gadhafi.

Argélia acabou convencendo a comunidade internacional da racionalidade de suas abordagens. Desta maneira, os participantes na Conferência sobre Estabilidade e Desenvolvimento na Líbia, organizada pelo Ministério espanhol dos negócios Estrangeiros, em Madrid, reiteraram unanimemente a sua convicção de que não há solução militar para a presente crise. Com este mesmo argumento, Argel conduz as negociações entre as partes beligerantes para conseguir uma solução pacífica no Mali.

Nesta nova configuração, os governantes marroquinos buscam desesperadamente uma brecha para enfiarem os seus narizes e perturbar a indiscutível liderança do país vizinho na região. Para isso, não hesitaram em financiar organizações terroristas, como o MUYAO, movimento que tem como único objetivo atacar os interesses argelinos e saharauis. O rei de Marrocos recebeu  líderes tuaregs com o intento de os convencer a boicotarem as negociações organizadas pela Argélia,

Sábado, 20 de setembro, 2014
Fonte: Niticias del Sáhara
http://diasporasaharaui-es.blogspot.be/2014/09/la-nueva-estrategia-francesa-en-el.html