terça-feira, 31 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicados militares nº. 291 e 292

 


O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu os comunicados militares nºs. 291 e 292 que assinalam os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro  nas últimas 48 horas. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.
 

Comunicado militar n.º 291

Domingo, 29 de agosto 2021

 

01. 02. e 03. – Bombardeadas as forças ocupantes estacionadas nas áreas de Rus Lagsaybin, Rus Ben Zakka e Rus Lagtaitira, todas no setor de Hauza (norte do SO).

 

04. e 05. – Unidades do ELPS (Exército de Libertação do Povo Saharaui) também bombardearam posições inimigas nas áreas de Sabjet Tanushad e Rus Sebti no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

 

Comunicado militar n.º 292

Segunda-feira, 30 de agosto 2021

01. – Bombardeada a área de Uday Echdida, no setor de Farsia (norte do SO)

02. - Bombardeada a área de de Rus Ben-Aamira, no setor de Farsia (norte do SO)

03. – Bombardeada a área de Adheim Um Jloud, no setor de Auserd (sul do SO).

04. – Bombardeada a área Graret Farsik no setor de Mahbes (nordeste do SO)

05. – Bombardeadas tropas ocupantes na área de Umm Edeguen, no setor de Bagari (centro do SO)

 

Domingo, 29 de agosto 2021

06. – Forte bombardeamento sobre a área de Amigli Güerat na região de Smara (norte do SO)

07. – Intenso fogo de artilharia sobre as posições entrincheiradas inimigas na área Amigli Tamat na região de Smara.

sábado, 28 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicados militares nº. 289 e 290

 


O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu os comunicados militares nºs. 289 e 290 que assinalam os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro nas últimas 48 horas. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.

 

Comunicado militar n.º 289

Sexta-feira, 27 de agosto 2021

 

01. e 02. – Bombardeadas as áreas de Al Ariya e Sabjat Tinushad, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03. - Bombardeamento das tropas de ocupação na área de Umm Edeguen, no setor de Al Baggari (centro do SO).

 

Comunicado militar n.º 290

Sábado, 28 de agosto 2021

01. - Bombardeamentoo de posições marroquinas na área de Azim Umm Ajloud no setor de Auserd (sul do SO).

 

02.- Bombardeamento de um ponto de concentração de tropas marroquinas na zona de Fadrat Al Mars no setor de Hauza (norte do SO).

 

03. – Fogo de artilharia concentrado sobre posições entrincheiradas das tropas de ocupação em Uad Daira, de novo no setor de Hauza.

 

04. - Severo bombardeamento atingiu as forças inimigas em Fedrat Laghrab, e novo e pela terceira vez no setor de Hauza.

Marrocos Consolida o seu Autoritarismo

 


 
26 Agosto, 2021 - Houda Chograni, escritora e ativista tunisina. ArabCenter Washington DC
 
 

“Al-hogra”, um termo coloquial norte-africano que significa humilhação, degradação e humilhação, levou outro marroquino vulnerável à auto-imolação por total impotência e desespero face ao tratamento opressivo das autoridades. O vendedor ambulante Yassine Lekhmidi, de vinte e cinco anos, foi espancado e a sua carroça, a única fonte do seu sustento, foi confiscado por agentes da polícia. Indignado com o acto humilhante, incendiou-se a 28 de Julho de 2021, e morreu 10 dias depois. Este incidente é paralelo à auto-imolação do tunisino Mohamed Bouazizi, cujo ato estimulou as revoltas árabes de 2011, em resposta a realidades semelhantes que ele teve de suportar. Imediatamente após a morte de Lekhmidi, irromperam protestos na sua empobrecida cidade de Sidi Bennour.

 

Persistência de más condições socioeconómicas

Durante a última década, suicídios para alguns marroquinos e protestos de rua para outros tornaram-se o meio de último recurso para protestar contra a “hogra” e chamar a atenção para a sua causa, numa tentativa de efetuar mudanças. Apesar das políticas de contenção do Estado e da repressão violenta das manifestações de 2011-2012 lideradas pelo popular Movimento 20 de Fevereiro para a reforma política democrática, os protestos socioeconómicos continuaram em Marrocos, atingindo um crescendo no final de 2016 e 2017 com o movimento Hirak na região marginalizada do Rif norte. O Hirak foi desencadeado pela morte de Mouhcine Fikri, um vendedor de peixe que foi esmagado até à morte por um compactador de lixo enquanto tentava recuperar o seu peixe confiscado. O Hirak do Rif atraiu a solidariedade nacional e transnacional entre marroquinos dentro e fora do país que estavam unidos contra o “hogra”. O movimento sofreu uma forte repressão por parte do Estado; os seus dirigentes proeminentes, incluindo Nasser Zefzafi, foram condenados a penas excessivas que chegaram a atingir os 20 anos de prisão.

Apesar de pequenas melhorias, a persistente marginalização da região do Rif do Norte - e dos grupos vulneráveis em Marrocos em geral - irá muito provavelmente desencadear mais agitação popular contra o governo central. De Dezembro de 2017 até Março de 2018, marroquinos em Jerada, uma cidade mineira marginalizada na fronteira com a Argélia, protestaram contra a morte acidental de dois mineiros informais e exigiram a criação de emprego e a melhoria das suas condições socioeconómicas. À semelhança de outros protestos, as autoridades recorreram a uma repressão violenta. De facto, as ruas do país têm sido um terreno fértil para agitação social e protesto perpétuo. É evidente que Marrocos se senta num barril de pólvora de reivindicações sociais, económicas, e políticas.


Fracasso do processo político

A contínua frustração e descontentamento popular reflectem um facto de que a classe política não está a responder às exigências legítimas do povo, o que tem resultado numa crescente desilusão e desconfiança do sistema político. Numa democracia, os cidadãos podem exercer os seus direitos eleitorais para expressar uma retenção temporária de confiança do seu governo. Contudo, em Marrocos, a via eleitoral reproduz o mesmo sistema de governação cujos representantes não são responsáveis perante o eleitorado mas subservientes aos interesses do tribunal real, o Makhzen. Isto explica a agitação social perpétua e a participação cada vez mais baixa de um ciclo eleitoral para outro. O Índice de Opinião Árabe ( Arab Opinion Index) de 2019-2020 concluiu que 57% dos marroquinos consideravam as condições políticas no seu país más ou muito más. Quarenta e nove por cento não tinham confiança no seu parlamento para supervisionar o governo. A ironia é que a falta de confiança, os contínuos protestos contra a "hogra", e o uso de força brutal do Estado contra protestos pacíficos estão a crescer num país que está alegadamente num processo de reforma política, económica, e social. A realidade no terreno desmente o processo de democratização e reforma que o regime afirma ter vindo a implementar progressivamente desde a ascensão do Rei Mohamed VI ao poder em 1999 e as reformas constitucionais de 2011.


"Apesar de pequenas melhorias, a persistente marginalização da região do Rif do Norte - e dos grupos vulneráveis em Marrocos em geral - irá muito provavelmente desencadear mais agitação popular contra o governo central"


Em 2011, o rei prometeu sérias reformas constitucionais, apenas para recuar em 2012 e mais tarde suprimindo o Movimento 20 de Fevereiro, quando as revoltas populares no mundo árabe começaram a ser reprimidas por coacção. O segundo grande revés foi em 2017, quando o rei inicialmente manobrou para neutralizar o carismático reeleito titular, o Primeiro-Ministro Abdelilah Benkirane, e o substituiu pela figura mais obediente e cumpridora do Partido da Justiça e Desenvolvimento, Saadeddine Othmani. Posteriormente, o Makhzen respondeu com brutal violência contra o popular Hirak do Rif. Em meados de 2017, a côrte real retirou-se da breve abertura política e restabeleceu o status quo pré-2011, dando início a um "sistema neo-autoritário entrincheirado". Este núcleo autoritário do Makhzen continua a abafar qualquer transição significativa para a democracia em Marrocos.

A monarquia ainda monopoliza os poderes religiosos, políticos e económicos que asseguram e consolidam a autoridade última e suprema do Rei Mohamed VI no país. É por isso que o alegado pluralismo político é principalmente uma fachada, especialmente porque os partidos políticos devem aceitar o primado do rei e mostrar continuamente a sua submissão e lealdade ao palácio para garantir a sua sobrevivência política. A declarada "reforma constitucional de 2011" acabou por não estabelecer a proclamada mudança política que o rei prometeu; pelo contrário, manteve e consolidou o poder da monarquia executiva centralizada, o Makhzen. O rei preside ao Conselho de Ministros onde são tomadas as principais decisões políticas, assegurando que ele tem o controlo total sobre as ações do governo. Esta realidade nega a Marrocos qualquer estatuto de país democratizador.


"A realidade no terreno desmente o processo de democratização e reforma que o regime afirma ter vindo a implementar progressivamente desde a ascensão do Rei Mohamed VI ao poder em 1999 e as reformas constitucionais de 2011"


Existe também uma grande discrepância entre as reivindicações do tribunal real relativamente às liberdades democráticas e ao respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de direito, e a conduta e prática reais da monarquia para com os seus cidadãos. Um Estado de direito equitativo e justo está condicionado à existência de um sistema judicial independente; contudo, o sistema judicial e jurídico marroquino está sob o controlo do monarca. Embora a Constituição de 2011 tenha reforçado a independência do poder judiciário como separado dos poderes legislativo e executivo, tal como consagrado no artigo 107, o rei preside, no entanto, ao Conselho Superior da Magistratura (artigo 56) e, por decreto (dahir), faz nomeações para o Conselho Superior do Poder Judiciário (artigo 57). O rei também designa seis dos 12 membros do Tribunal Constitucional e nomeia um deles como presidente do tribunal (artigo 130). Ironicamente, e numa flagrante contradição, a Constituição estipula no artigo 107 que o monarca garante a independência do poder judicial. Em 2014, o Ministério do Interior proibiu uma concentração do Clube dos Juízes independentes, que exigia uma maior independência do poder judiciário em relação aos poderes executivo e legislativo, e dos lobbies sociais e políticos, como proclamou o presidente do clube, Yassine Mkhelli.

 

Limites para Jornalistas e Ativistas

O Makhzen tem procurado cada vez mais uma imprensa cumpridora, amordaçando as vozes dissidentes dos jornalistas, embora a Constituição, nos seus artigos 25 e 28, garanta as liberdades de pensamento, opinião, expressão, e imprensa sem quaisquer restrições. Contudo, estes direitos constitucionais não são defendidos e protegidos pelo sistema judicial: o sistema judicial está a ser manipulado pelo Makhzen para silenciar ativistas da imprensa, defensores dos direitos humanos, civis, bloggers, e outros, quando o julga necessário.

Jornalistas e activistas são julgados e punidos pelo código penal em vez de o serem ao abrigo do novo Código de Imprensa e Publicações de 2016, que os protege da prisão por expressarem opiniões críticas. Marrocos ocupa o 136º lugar entre 180 no Índice Mundial da Liberdade de Imprensa de 2021, caindo  três posições em relação a 2020. Isto reflecte uma crescente repressão da liberdade de opinião e de expressão. As autoridades marroquinas têm visado a imprensa da oposição e a prisão de jornalistas com base em acusações duvidosas. Em Março de 2021, Akhbar Al-Youm, um dos últimos meios de comunicação social diários críticos de Marrocos, fechou as portas após 14 anos de serviço. Os anunciantes do sector estatal boicotaram o jornal e o governo retirou-lhe a ajuda (a assistência tinha sido prestada aos meios de comunicação social em resposta à pandemia da COVID-19). 

Esta tática é frequentemente utilizada contra jornais independentes e da oposição. Taoufik Bouachrine, o editor de Akhbar Al-Youm, está a cumprir uma pesada pena de prisão de 15 anos por múltiplas acusações, incluindo tráfico humano, agressão sexual, violação, prostituição, e assédio. Os jornalistas locais e os defensores da liberdade de imprensa dizem acreditar que estas acusações falsas são uma medida de retaliação contra os seus textos críticos. O relatório da ONU que foi emitido pelo Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária declarou que estas acusações foram "infundadas" e que foram cobradas como "retaliação pelo seu trabalho jornalístico".

O jornalista Soulaimane Raissouni, antigo chefe de redacção de Akhbar Al-Youm, foi também perseguido pelo regime por ser um crítico declarado da corrupção governamental e das violações dos direitos humanos e um defensor da reforma política. Criticamente doente em resultado de uma greve de fome, Raissouni está a cumprir cinco anos de prisão com base em acusações questionáveis de agressão sexual. O Departamento de Estado norte-americano criticou Rabat por estas acusações e exortou Marrocos a proteger a liberdade de imprensa. O porta-voz do Departamento de Estado Ned Price disse aos repórteres: "Acreditamos que o processo judicial que conduziu à sua sentença contradiz a promessa fundamental do sistema marroquino de julgamentos justos para indivíduos acusados de crimes, e é inconsistente com a promessa da Constituição de 2011 e a agenda de reforma de Sua Majestade o Rei Mohamed VI". A sobrinha de Raissouni, a jornalista independente Hajar Raissouni, também trabalhou para o mesmo jornal e foi condenada a um ano de prisão por alegado sexo antes do casamento e por ter feito um aborto. Foi mais tarde indultada pelo rei Mohamed VI. Omar Radi, um jornalista de investigação cujo trabalho se centra principalmente na corrupção e nas violações dos direitos humanos e que foi um antigo activista do Movimento 20 de Fevereiro e do Hirak do Rif, foi recentemente condenado a seis anos de prisão por espionagem e má conduta sexual.

Nesta atmosfera sufocante e ameaçadora, vários jornalistas como Hajar Raissouni, Hicham Mansouri, e Afaf Bernani optaram pelo auto-exílio. "Hoje em dia, todos os jornalistas do país - e não há assim tantos esquerdistas - têm medo de serem visados a seguir", disse a jornalista marroquina freelancer Aida Alami ao Comité para a Protecção dos Jornalistas.


"A monarquia ainda monopoliza os poderes religiosos, políticos e económicos que asseguram e consolidam a autoridade última e suprema do Rei Mohamed VI no país"


O Estado está a visar jornalistas e ativistas independentes para desacreditar e distorcer a sua reputação, utilizando campanhas de difamação, assassinato de carácter e acusações de impropriedade moral e sexual que colidem com os valores conservadores gerais da sociedade marroquina. O Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos enumerou mais de 30 websites e jornais pró-monarquia envolvidos nestas campanhas de injúria e difamação. Esta nova tática tenta privar os jornalistas e ativistas acusados de qualquer simpatia e solidariedade pública. O repórter do Le Desk Imad Stitou disse o seguinte: "Em geral, quando os jornalistas enfrentavam acusações anti-estatais, eram considerados como heróis, ganhando assim tanta popularidade. Hoje, quando um jornalista é acusado de crimes vergonhosos como o estupro, é garantido que a opinião pública os verá como pouco éticos".

Os jornalistas foram vigiados utilizando o spyware de telemóveis Pegasus desenvolvido por Israel para recolher informações pessoais e criar fábulas em torno das suas vidas privadas, e mais tarde acusá-los de acusações duvidosas, como fizeram com Taoufik Bouachrine, Maati Monjib, Omar Radi, e outros. A investigação da Amnistia Internacional e de Forbidden Stories, sobre o projeto Pegasus, disse que o governo marroquino visou pelo menos 35 jornalistas com o spyware que adquiriu ao Grupo NSO. Ao fazê-lo, o regime viola de forma flagrante o direito à privacidade que está consagrado na Constituição marroquina: o artigo 24 garante o direito à proteção da vida privada dos marroquinos e afirma que as comunicações privadas são invioláveis.

Além disso, Marrocos comprou tecnologias de vigilância em massa, chamadas Evident, que permitem a vigilância de e-mails e chamadas telefónicas móveis a nível de todo um país. Mais: em 2011, Marrocos investiu 2 milhões de euros num sistema de vigilância, denominado Eagle, que permite a censura e a monitorização em massa do tráfego na Internet.

É evidente que o regime visa amordaçar a discórdia e criar uma atmosfera geral de medo para dissuadir as críticas ao governo e forçar a auto-censura. As práticas cada vez mais repressivas do Makhzen indicam que Marrocos está a caminhar para um estado policial monárquico. Isto reflete-se num controlo reforçado por parte do Ministério do Interior, do aparelho de segurança e dos serviços de informação sobre a liberdade e as liberdades dos cidadãos comuns. Tais políticas desmentem a suposta transição para uma monarquia constitucional democrática, um quadro que o regime tenta pintar para a comunidade internacional.

A transição para um regime democrático exige que Marrocos liberte as instituições do Estado dos ditames e do estrangulamento do Makhzen. Marrocos deve também melhorar o seu historial em matéria de direitos humanos em conformidade com a sua própria constituição e leis e com a declaração de Direitos Humanos da ONU, da qual Rabat é signatária. O Observatório Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos apela ao governo marroquino para que permita ao relator especial sobre detenções arbitrárias e às organizações internacionais visitarem as prisões marroquinas para avaliar a condição dos presos políticos. Os ativistas saharauis Mohamed Lamine Haddi, Sidi Abdallah Abbahah, e Bachir Khadda, que cumprem penas no Tiflet 2 no noroeste de Marrocos, foram sujeitos a tortura psicológica, assédio e maus tratos nas suas celas de cerca de 5m², onde têm estado em prisão solitária pelo menos 23 horas por dia. O jornalista Omar Radi também foi mantido em solitária. É vital que os prisioneiros de consciência recebam um tratamento justo enquanto se encontram detidos. A monarquia deve deixar de asfixiar a imprensa da oposição e os jornalistas. Como a Human Rights Watch declarou, "Uma imprensa livre e independente é fundamental para uma governação saudável e para as relações entre o Estado e a sociedade, tal como um processo judicial justo é fundamental para assegurar a justiça, particularmente por alegados abusos sexuais".

O contínuo estado de pobreza, desigualdade, corrupção e asfixia das liberdades democráticas e políticas em Marrocos vai continuar a provocar convulsões populares contra a classe política. O regime deve responder às queixas e exigências socioeconómicas dos manifestantes e pôr fim aos métodos antidemocráticos e repressivos contra os ativistas pacíficos. O regime deve também deixar de violar a privacidade dos marroquinos. Deve reconstruir a confiança perdida com os cidadãos marroquinos, invertendo as suas políticas repressivas e colocando Marrocos no caminho de uma verdadeira mudança democrática.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Alexander Ivanko nomeado novo reprepresentante especial do SG da ONU para o Sahara Ocidental

 



Nova Iorque (EUA) APS – O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, anunciou esta sexta-feira que nomeou Alexander Ivanko, da Federação Russa, como novo Representante Especial para o Sahara Ocidental e chefe da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO).

Alexander Ivanko sucede ao canadiano Colin Stewart.

Tendo servido como Chefe de Gabinete da MINURSO desde 2009, Alexander Ivanko tem mais de 30 anos de experiência em assuntos internacionais, manutenção da paz e jornalismo, de acordo com uma declaração da ONU.

Anteriormente foi Diretor de Informação Pública para a Missão da ONU no Kosovo (2006-2009) e Porta-voz da ONU na Bósnia e Herzegovina (1994-1998).

Ivanko iniciou a sua carreira no jornalismo, trabalhando como correspondente no Afeganistão e nos Estados Unidos da América para um jornal russo.

Foi também conselheiro principal do Representante para a Liberdade dos Media da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (1998-2005).

Tem um mestrado em jornalismo pela Universidade Estatal de Moscovo e é fluente em russo e inglês.

Representante da Polisario ante o Comité dos 24: "A impunidade marroquina resulta da indiferença da ONU e do silêncio da comunidade internacional"

 


Lehbib Abdelhay – ECS  | Quarta-feira, 25 de agosto, realizou-se o Seminário Regional das Caraíbas organizado pelo Comité Especial sobre a Situação no que respeita à Aplicação da Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais (o denominado Comité dos Vinte e Quatro) da Organização das Nações Unidas. Nele participou o Representante Permanente da Frente Polisario na ONU, Sidi Mohamed Omar. Durante a sua intervenção, o diplomata começou por apresentar a nova realidade no terreno, na sequência da violação por parte de Marrocos do cessar-fogo no passado dia 13 de novembro.

Sidi Omar explicou as causas e consequências da ruptura do cessar-fogo perpetrado pelo regime marroquino, bem como a sua atitude imprudente ao longo dos últimos anos.

"Estes esforços incluem o plano de resolução baseado no referendo de 1991 sobre a autodeterminação, que Marrocos aceitou formalmente e comprometeu-se a participar na sua plena implementação e a respeitar os seus resultados antes de recuar no seu compromisso em 2001, devido ao seu aparente receio do resultado da consulta popular".

O diplomata saharaui sublinhou a posição da Frente Polisario desde a assinatura do cessar-fogo, bem como o seu empenho no que foi acordado com a outra parte (Marrocos) e a ONU. Insistiu neste sentido que foi o regime marroquino que não cumpriu os acordos que subscreveu, motivado em grande parte pela ausência de uma posição firme das Nações Unidas e da comunidade internacional para forçar Marrocos a aderir aos seus compromissos e à legalidade internacional.

Como resultado do exposto, Sidi Omar explicou que Marrocos continua até hoje e durante mais de quarenta anos a aplicar impunemente políticas coloniais baseadas, entre outras coisas, em tentativas de impor um facto consumado pela força, uma repressão indescritível contra civis saharauis e a contínua violação dos direitos humanos.

O representante saharaui junto da ONU e figura-chave nas negociações com Marrocos salientou que a única forma de resolver o conflito e descolonizar a última colónia africana, em conformidade com as resoluções da ONU, é conceder ao povo saharaui o seu direito à autodeterminação através da sua expressão genuína num referendo livre e democrático.

As sessões anuais do seminário realizaram-se este ano na região de São João no estado caribenho da Domínica, e prolongaram-se por dois dias (25-27 de Agosto), com a participação dos países que compõem o Comité dos 24, incluindo a Argélia, que também falou em apoio ao direito do povo saharaui à autodeterminação e culpou Marrocos por obstruir o seu exercício.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 288


O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu esta tarde o comunicado militar nº. 288 que assinala os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.



Comunicado militar n.º 288
Quinta-feira, 26 de agosto 2021


01.- Unidades de artilharia do Exército de Libtação do Povo Saharaui intensificaram os seus bombardeamentos contra as tropas de ocupação na área de Galb Annass, no setor de Auserd (sul do SO), tendo destruído uma bateria de artilharia inimiga.

02.- Bombardeada também a área de Graret Attassa no setor de Mahbes (nordeste do SO), onde o ponto de alerta atingido e destruído o radar da base que cobria a mencionada zona.

03.– Bombardeadas as tropas de ocupação nas posições entrincheiradads na área de Laagad no setor de Mahbes.

FAR marroquinas bombardeiam camiões argelinos elevando mais ainda a tensão nas fronteiras regionais

  



Ali Mohamed – ECS – 26-08-2021 – | Por volta do pôr-do-sol de hoje, quinta-feira 26 de agosto, a artilharia marroquina lançou uma série de mísseis visando um comboio mercantil argelino de três camiões, atingindo um deles. O comboio civil regressava da Mauritânia após a descarga de mercadorias, pelo que não houve perdas materiais ou económicas, uma vez que não havia mercadorias no veículo atingido. Do mesmo modo, não houve danos humanos a lamentar, pois o condutor, de nacionalidade argelina, conseguiu sair do veículo, deslocou o tractor-reboque e abandonou o reboque danificado depois de ter sido atingido pelo míssil marroquino.

A zona por onde os camiões passavam ainda está sujeita a controvérsia e, até ao momento, não foi possível a este órgão de comunicação confirmar o local com toda a certeza. No entanto, se o comboio estivesse dentro do território mauritano, espera-se uma resposta argelina firme, uma vez que se tratava de um veículo civil argelino autorizado a atravessar as fronteiras partilhadas, embora se estivesse em território saharaui, seria um erro dos motoristas, uma vez que passaram inadvertidamente por uma zona declarada em guerra.

Fontes no terreno afirmam que o ataque teve lugar em território mauritano.

Até ao momento, não houve declaração de nenhum dos lados e espera-se mais informação e confirmação das autoridades competentes. Se se confirmar que ocorreu em território mauritano, Marrocos terá cometido um erro que resultará numa resposta argelina esmagadora, na sequência das tensões existentes entre os dois países. Vale a pena notar que a Argélia ativou na semana passada um estado de alarme em todas as suas fronteiras ocidentais, ou seja, aquelas que partilha com o Reino de Marrocos, para além de fechar o seu espaço aéreo e exortar os seus militares a estarem extremamente vigilantes e preparados para qualquer eventualidade.

Não é a primeira vez que Marrocos bombardeia camiões civis numa zona onde não há atividade de guerra ou presença de tropas saharauis. O último foi há apenas uma semana contra um camião a caminho dos acampamentos saharauis.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicados militares nºs. 286 e 287

 

O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu nas últimas horas 48 horas os comunicados militares nºs. 286 e 287 que assinalam os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.

 

Comunicado militar n.º 286

Segunda-feira, 23 de agosto 2021

 01. e 02. – Bombardeamentos violentos sobre as forças de ocupação  estacionadas nas  áreas de Sabkhat Tinushad e Laagad, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO).

03. – Bombardeada a área de Tauarichit, no setor de Um Draiga (centro do SO).

 

Terça-feira, 24 de agosto 2021

04. e 05. – Bombardeamentos sobre as áreas de Graret el Frassik e de Laagad, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO)

 

Comunicado militar n.º 287

Quarta-feira, 25 de agosto 2021

     01. 02. E 03. – Bombardeadas as áreas de Engab L'aabd, Enqab Lebrika e Taref Lebrika no setor de Hauza (norte do SO).

04. – Bombardeamento sobre as tropas ocupantes na área de Rkeyez no setor de Guelta

05. – Intenso fogo de artilharia sobre posições entrincheiradas inimigas na área de Adheim Um Jlud no setor de Auserd (sul do SO).

06. – Bombardeada a área de Sabjet Al Attasa no setor de Mahbes (nordeste do SO).

Argélia-Marrocos: a ruptura das relações diplomáticas chega na pior altura para Rabat

 

o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Nasser Bourita, durante a visita do seu homólogo israelita, Yaïr Lapid, a Marrocos, a 11 de agosto de  2021 (AFP/Fadel Senna)


MiddleEast Eye – 25-08-2021 Apesar de alguns aplausos forçados das linhas de ataque dos gabinetes de propaganda do regime marroquino, a ruptura nas relações diplomáticas surge num momento muito mau.


 Ali Lmrabet (*) - jornalista marroquino 

A Argélia rompe as suas relações com Marrocos. Não é uma surpresa: a diplomacia marroquina reconheceu ontem, através de comunicado, que já o esperava.

O último discurso real de 20 de agosto, durante o qual Mohammed VI não fez qualquer referência à Argélia, parecia indicar que Rabat estava a antecipar esta reação.

A chamada do embaixador argelino em Rabat a 18 de Julho e os pedidos sem resposta de explicações da diplomacia argelina após o reconhecimento quase oficial do MAK (Movimento para a Autodeterminação da Cabília) pelo chefe da missão diplomática marroquina nas Nações Unidas, Omar Hilale, anunciavam um futuro turbulento.

A recente reunião do Conselho de Alta Segurança argelino (HCS), presidida pelo Presidente Abdelmadjid Tebboune, tinha dado o tom. A mensagem foi quase dita. O Estado argelino anunciou solenemente a sua decisão de "rever" as relações com Rabat e intensificar os "controlos de segurança nas fronteiras ocidentais", devido a "incessantes atos hostis".

As proclamações e uma militarização da fronteira soavam como o som das botas.

Todos sabiam então que as relações diplomáticas entre Marrocos e a Argélia estavam à beira de uma ruptura. A longa lista de queixas invocada ontem pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ramtane Lamamra, durante a sua conferência de imprensa, elencou  todos os conflitos e mal-entendidos argelino-marroquinos desde a Guerra das Areias (1963-1964).

O caso MAK, evidentemente, a questão sempre presente do Sahara Ocidental, mas também a normalização das relações diplomáticas entre o reino cherifiano e Israel. Um ato apresentado como soberano pelo Estado marroquino - mesmo que a grande maioria do povo marroquino, incluindo o seu chefe de governo, se lhe oponha - mas considerado por Argel como o culminar da instalação de uma vanguarda "sionista" no Magrebe. 

 

O gasoduto Magrebe-Europa, próxima vítima

O incrível erro cometido pelo Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros e futuro Primeiro-Ministro, Yaïr Lapid, ao criticar abertamente a Argélia de Rabat, onde se encontrava em visita oficial, despoletou o barril de pólvora.

Uma infeliz tirada israelita que obviamente não agradou a ninguém em Marrocos, mas não se sabe se foi expressamente provocada pela diplomacia marroquina, cuja linha de conduta é supervisionada pelo gabinete real, ou simplesmente tolerada.

Essa provocação, sem dúvida, atiçou um fogo já latente no momento em que Argel estava considerando uma resposta após as revelações sobre o caso Pegasus, e a implicação, de acordo com a Amnistia Internacional e Forbidden Stories, dos serviços secretos marroquinos na espionagem de 6.000 números de telefones celulares pertencentes, em particular, a altos funcionários argelinos, graças ao spyware feito por… uma empresa israelita.

As recentes acusações argelinas sobre a conivência de Marrocos com ativistas do MAK - agora classificado como uma "organização terrorista" -, apontado como responsável pelos incêndios florestais que assolaram a Argélia, a seguir à presumida presença de militantes cabílios em campos de treinamento militar marroquino, veio colocar uma acha mais na fogueira.

Agora que o relacionamento foi rompido, não podemos deixar de pensar no que vem a seguir.

Qual será o destino dos argelinos que vivem em Marrocos e dos marroquinos, em particular do grande número de migrantes ilegais presentes na Argélia?

Se um cenário idêntico ao da década de 1970, que viu expulsões massivas e recíprocas de populações na sequência do rompimento das relações bilaterais por Rabat em 1976 após o reconhecimento por Argel da República Árabe Saharauí Democrática (RASD), não estaria na ordem do dia, nada nos diz que a situação não possam mudar se as coisas azedassem. E seguramente vão azedar.

Outra vítima desta crise será, salvo uma reviravolta de última hora, o gasoduto Magrebe-Europa, que liga a Argélia à Espanha através do território marroquino, e cujo contrato termina em Outubro.

Durante a sua conferência de imprensa, Lamamra passou a responsabilidade para a Sonatrach (a gigante do petróleo argelina), mas a sua renovação será difícil se as pontes entre os dois Estados continuarem a ruir uma após a outra.


Ilustração MEE/Mohamad Elaasar

Ofensivas diplomáticas interrompidas

O rompimento das relações diplomáticas entre a Argélia e Marrocos ocorre no pior momento para Rabat. Os ventos não são favoráveis ​​ao regime. O palácio real e seus serviços secretos emergiram enfraquecidos pelas múltiplas frentes que abriram nos últimos meses.

Violações sistemáticas dos direitos humanos e acusações grosseiras contra jornalistas independentes pintaram uma imagem sombria de Marrocos como um aliado e apoiante do Ocidente.

As duas ofensivas diplomáticas contra a Alemanha e a Espanha chegaram ao fim. Berlim resistiu à pressão de Rabat sobre o conflito no Sahara Ocidental e recusa-se a pressionar o seu sistema judicial para iniciar um processo penal contra o alemão-marroquino Mohamed Hajib, a “bête noire” dos serviços secretos marroquinos.

Ele continua a clamar por uma revolta não violenta contra o regime no seu canal no YouTube e nas redes sociais. E o Ministério Público de Duisburg, cidade alemã onde mora, classifica todas as denúncias diretas contra ele provenientes da Direção-Geral de Vigilância Territorial (DST), em nome do que afirma, em resoluções consultadas pelo autor destas linhas, “Art. 5º da Lei Básica sobre Liberdade de Expressão ".

As últimas denúncias, um impressionante volume de material composto por sete CDs, 22 vídeos e quase 200 páginas de denúncias, foram indeferidas definitivamente duas vezes, em março e maio.

Há poucas semanas, sem avanços nas exigências marroquinas, a embaixadora Zohour Alaoui, que havia sido chamada de volta a Rabat para pressionar a Alemanha, voltou a Berlim de mãos vazias. Quase às escondidas.

O despeito deste caso é tal em Rabat que, durante a sua última intervenção televisionada, o rei denunciou alguns “países europeus” que tramariam contra Marrocos. Ele visava a Alemanha.

 

Decepções em série

O braço-de-ferro com Madrid sobre a hospitalização do líder da Frente Polisario Brahim Ghali em Espanha e a inundação induzida por Rabat de cidadãos marroquinos em Ceuta também foi vencido pela Espanha.

O rei de Marrocos teve de anunciar há poucos dias um "passo sem precedentes" nas relações hispano-marroquinas. Não há mais requisitos.

Por outro lado, os espanhóis exigem há vários meses uma "redefinição" total dessas relações. Antes de embarcar nessas negociações, Madrid, que busca ir além de simples remendos, quer garantir que revoltas como a de Ceuta não voltem a acontecer.

De que maneira? O "passo sem precedentes" e a "redefinição" significam que a Espanha, que se declarou disposta a travar conversações "sem limites nem tabus" com Rabat, estaria disposta a ceder às exigências do seu vizinho do sul e a reconhecer marroquinidade do Sahara Ocidental?

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, é conhecido por suas manobras pouco recomendáveis ​​para alcançar seus objetivos. Será ele capaz de distorcer a tradicional "política de neutralidade" da Espanha neste conflito e se alinhar com as teses marroquinas?

Na política, nada é impossível, especialmente para Sánchez, a quem o principal jornal espanhol El País certa vez chamou de "um tolo sem escrúpulos".

Do outro lado do Atlântico, o governo Biden, apesar dos gestos amistosos com Marrocos, não abrirá um consulado em Dakhla, como havia sido prometido por Donald Trump, nem reconhecerá explicitamente a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental.

Recentemente, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, tomou a liberdade de puxar as orelhas das autoridades marroquinas sobre as deficiências de liberdade de imprensa no reino, citando os casos dos jornalistas Omar Radi e Souleiman, Raissouni, cujos julgamentos foram salpicados de tantas irregularidades que os próprios media marroquinos reportaram.

Mais grave ainda, Rabat espera uma sentença iminente do TJUE (Tribunal de Justiça da União Europeia) que confirme definitivamente, segundo os advogados da Frente Polisario, a ilegalidade do acordo de pesca entre Marrocos e a União Europeia.

A este respeito, o recomeço das hostilidades com a Frente Polisario, que de momento se têm limitado a algumas escaramuças, corre o risco, se o exército argelino der um forte impulso aos saharauis, de se transformar num conflito aberto e sangrento.

E essas não são as únicas decepções para o regime alauita. A lenta e inexorável deterioração da situação social não é negada por ninguém e as perspectivas de o país sair rapidamente da crise económica vão-se esvaindo à medida que descobrimos os números alarmantes do aumento das infeções por COVID-19 e seu corolário, a extensão infinita do recolher obrigatório.

Por fim, a saúde do rei Mohamed VI é preocupante. Durante o seu discurso do Trono no final de julho, proferido com um dia de atraso, o soberano parecia muito emagrecido e muito cansado. Quando o hino nacional soou, todos notaram que Mohamed VI pousava dois dedos da mão direita sobre a mesa. Provavelmente para não perder o equilíbrio.

Durante a sua intervenção televisionada em 20 de agosto, o rei apresentou o mesmo rosto exausto, os mesmos olhos esbugalhados. As palavras escaparam e várias vezes ele teve que repetir duas vezes para completar uma frase. Apenas uma nota positiva, desta vez ele não teve que se apoiar nos seus dois dedos salvadores

Segundo o jornalista espanhol Ignacio Cembrero, o primeiro correspondente estrangeiro a entrevistar Mohamed VI em 2005 (jornalistas marroquinos não têm direito a esta homenagem), o chefe de Estado marroquino desistiu este ano das agradáveis ​​férias de verão no norte de Marrocos.

Ele estaria, segundo Cembrero, confinado no seu palácio em Fez desde dezembro de 2020.

 

                                    

(*) Ali Lmrabet

Ali Lmrabet é um jornalista marroquino, ex-repórter importante do diário espanhol El Mundo. Proibido de exercer a profissão de jornalista pelas autoridades marroquinas, trabalha atualmente com para vários meios de comunicação espanhóis. Você pode segui-lo no Twitter: @alilmrabet.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Argélia rompe relações diplomáticas com Marrocos



 

Argel (24/08/2021) – A Argélia, através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Comunidade Nacional no Estrangeiro, Ramtane Lamamra, anunciou esta terça-feira o rompimento das relações diplomáticas com Marrocos, no contexto de atos hostis de longa data perpetrados por Rabat contra a Argélia e que persistem até agora.

"A Argélia decidiu quebrar as suas relações diplomáticas com Marrocos a partir de hoje", disse Lamamra durante uma conferência de imprensa em Argel.

Na quarta-feira passada, o Conselho de Alta Segurança, presidido pelo Presidente da República, Chefe Supremo das Forças Armadas, Ministro da Defesa Nacional, Abdelmadjid Tebboune, salientou que "os incessantes atos hostis perpetrados por Marrocos contra a Argélia exigiram a revisão das relações entre os dois países e a intensificação dos controlos de segurança nas fronteiras ocidentais.

Lamamra leu uma declaração em nome do Presidente da República Abdelmadjid Tebboune, na qual anunciou a cessação das relações com o reino

Lamamra recordou as acções hostis de Marrocos em relação à Argélia desde meados de Julho, particularmente o seu apoio ao que o seu embaixador da ONU designou como o direito à autodeterminação do "valente povo Kabyle".

A outra reclamação que a Argélia tem com o seu vizinho são as declarações feitas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita a partir de Marrocos. Esta é a primeira vez desde 1948 que um funcionário israelita faz tais declarações sobre a Argélia, registou a declaração lida por Lamamra.

O texto também cita o apoio de Marrocos ao Mak e ao Rachad, duas organizações classificadas como terroristas pelas autoridades argelinas.

Ramtane Lamamra recordou igualmente o envolvimento de Marrocos na operação de espionagem da Pegasus que visou a Argélia, bem como incidentes passados, tais como a profanação da bandeira nacional no consulado de Casablanca em 2013.

A Argélia, de acordo com a declaração lida por Ramtane Lamamra, também culpa Marrocos pelo seu papel no impasse em que se encontram a questão do Sahara Ocidental e o projecto de construção do Magrebe.

"Em qualquer caso, a Argélia recusa a lógica do facto consumado", disse Lamamra.

Fontes: APS e TSA

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº. 285

O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu nas últimas horas o comunicados militar nº. 285 que assinala os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.

 

Segunda-feira, 23 de agosto 2021

 

01. E 02.– Bombardeamento de forças ocupantes entrincheiradas  nas áreas de Laagad e Graret Farsik, ambas no setor de Mahbes (nordeste do SO).

 

– Bombardeada a zona de Tawarachit no setor de Um Draiga (centro do SO).

domingo, 22 de agosto de 2021

Guerra no Sahara Ocidental: Comunicado militar nº 284

 


O Ministério de Defesa Nacional da RASD distribuiu nas últimas horas o comunicados militar nº. 284 que assinala os mais recentes ataques das unidades do ELPS contra o dispositivo militar de ocupação marroquino ao longo do muro. A guerra de libertação, reiniciada a 13 de novembro prossegue diariamente com ataques de artilharia intensos de flagelação contra o dispositivo militar marroquino de ocupação.
 

Comunicado de guerra no. 284

Domingo, 22 de agosto 2021


01.– Bombardeio por duas vezes da área de Azimm de Umm Ajlud no setor de Auserd (sul do SO)

 

02.– Bombardeamento da área de Galb Annas no setor de Auserd. 

 

03.– Unidades avançadas do ELPS atacaram o quartel general do 43º Corpo na área de Umaytir Mujanza no setor de Mahbes (nordeste do SO). 

 

04. – intenso bombardeio à zona de Erkeyez no setor de Guelta (centro do SO).

Polícía marroquina assaltou esta madrugada a casa da ativista saharaui Sultana khaya

 

Sultana Khaya, e a sua família, estão sob prisão domiciliar desde 19 de novembro de 2020,
sem que tenha havido qualquer sentença ou processo judicial que o justifique


 Por Lehbib Abdelhay/ECS – 22-08-2021

Bojador ocupada (ECS). – Na madrugada deste domingo, forças de repressão marroquinas invadiram novamente a casa da ativista saharaui Sultana Khaya na cidade de Bojador ocupada. Nas imagens divulgadas, um grupo de polícias marroquinos, pelo menos 30 agentes, aparecem às portas da casa da família de Sultana, onde a agarram e espancam. Segundo a ativista, atacaram também a sua mãe Metou Najem, várias crianças e a sua irmã Luara Khaya.

Num ato completamente inesperado, Sultana foi selvaticamente atacada com pontapés, socos e pedras, e ficou ligeiramente ferida. Os autores são o brigadeiro-general e chefe da divisão de segurança da cidade ocupada de Bojador, cumprindo a ordem dos seus superiores em Rabat.

A Amnistia Internacional, através de vários comunicados, já fez apelos urgentes ao governo marroquino para pôr termo à onda de repressão nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, sublinhando que a situação poderia conduzir a cenários graves de massacre sistemático durante a festa do fim do Ramadão.

Há algumas horas atrás, a sua casa foi novamente sitiada pelas forças de ocupação marroquinas.