sábado, 29 de novembro de 2014

Números sobre a espoliação dos recursos naturais do Sahara Ocidental por Marrocos



Com uma superfície quase 3 vezes superior a Portugal, o Sahara Ocidental, embora em sua grande parte desértico, é rico em recursos - pesca, fosfatos, agricultura, petróleo (?) e gás (?). A população saharaui é relativamente escassa — talvez não exceda as 600 mil pessoas — e tem todas as condições para viver num país próspero e desenvolvido, no contexto do continente africano.



I- Pesca

A riqueza de recursos permitiu a Marrocos deslocar os seus cidadãos para um país que ocupou.

Poucos saharauis trabalham neste sector.

Esta atividade gera implicações significativas para a demografia da região, o que complica ainda mais o conflito.

Os portos de Dakhla e El Aaiún são os mais importantes em termos de pesca para Marrocos.



A União Europeia e a Rússia são os dois «players» mais importantes na região.

A Comissão Europeia deveria parar imediatamente a concessão de licenças para os navios da UE que pescam nas águas do Sahara Ocidental até que uma solução pacífica seja encontrada para o conflito.

O povo saharaui é contra este acordo, porque não só não foi consultado antes de ser assinado entre Marrocos e a EU, como dele em nada beneficia.

As reservas de peixe da costa do Sahara Ocidental não pertencem a Marrocos, mas ao seu povo, os saharauis.

O acordo de pesca é imoral: a UE financia o ocupante marroquino por pescar no Sahara Ocidental, enquanto o povo do Sahara Ocidental, o proprietário do peixe, sofre de subnutrição.

Todas as organizações saharauis da parte ocupada do Sahara Ocidental denunciam o acordo.

Marrocos ainda não apresentou qualquer prova de que as atividades de pesca no Sahara Ocidental beneficiam o povo saharaui. Nenhuma parte dos 40 milhões de euros anuais do acordo de pesca beneficia a população saharaui.

A UE afirma não saber como Marrocos utiliza estes 40 milhões.

A UE está a desperdiçar o dinheiro dos contribuintes europeus.

De um ponto de vista económico, este é o pior acordo de pesca assinado pela UE.

De acordo com duas empresas de consultoria contratadas pela Comissão Europeia para avaliar o acordo de pesca com Marrocos: por cada euro pago, a UE obtém apenas 65 centavos de retorno.


II- Exploração petrolífera

Marrocos procede à exploração offshore e onshore no Sahara Ocidental, apesar da ONU ter qualificado tais atividades como ilegais (Parecer de Hans Corell).

O Marrocos dispõe atualmente de 4 blocos para exploração de petróleo no Sahara Ocidental. A ONHYM concedeu licenças a três empresas estrangeiras:



- Energia Offshore Marrocos HC empresa filial da Kosmos Energy Ltd. para o bloco de Bojador.

- A empresa irlandesa San Leon Morocco Ltd e a companhia inglesa Longreach Oil and Gas Ventures titulares para a Bacia de Tarfaya.

- San Leon e Longreach beneficiam de uma licença para a exploração em Zag, em cooperação com a ONHYM. Esta área pode conter reservas de gás.

- A ONHYM está a realizar buscas de exploração onshore em Bojador.

Desde 2011, Marrocos identificou quatro novos blocos que não foram ainda concedidos a qualquer empresa.


III- Os Fosfatos

Em 1968, 1.600 saharauis estavam já empregados na indústria de fosfatos. Hoje, a maioria deles foram substituídos por marroquinos que se instalaram no território.

A indústria de fosfatos emprega hoje apenas 200 saharauis de uma força total de trabalho de 1.900 funcionários.

Muito poucos saharauis foram promovidos desde 1975, a maioria foram demitidos.



Hoje, a produção anual de fosfatos de Bou Craa representa 40% da produção total de Marrocos.

A produção anual de Bou Craa em fosfatos é de cerca de 3 milhões de toneladas, o que contribui fortemente para o rendimento nacional de Marrocos.

As importações acumuladas da Companhia Norueguesa Yara totalizaram  27.000 toneladas no período de 1995-2005.

Esta indústria tem permitido captar enormes recursos em proveito de Marrocos.

A existência de discriminação entre empregados saharauis e marroquinos é flagrante. Muito poucos foram os saharauis que foram promovidos e muitos os despedidos.

O Sahara é capaz de se tornar o segundo maior exportador mundial de fosfatos (depois de Marrocos).

Entre as empresas que pararam de importar fosfatos do Sahara, destacam-se a gigante norueguesa Yara e sociedade americana Mosaic.

Navios especializados no transporte de fosfatos desistiram das suas atividades no Sahara Ocidental após tomarem conhecimento dos aspetos éticos e legais deste comércio.

Muitas resoluções das Nações Unidas apoiam a conclusão segundo a qual a extração e comércio de fosfatos do Sahara Ocidental são contrários ao direito internacional.


IV- A Agricultura

A estratégia de Marrocos consiste em fazer trabalhar milhares de colonos marroquinos no sector das frutas e legumes, especialmente na parte sul do Sahara Ocidental.



Recentemente, a agricultura tem progredido de forma explosiva na região de Dakhla.

O desenvolvimento do setor evocado por Marrocos faz-se sem a participação da população saharaui que não beneficia de qualquer receita ou rendimento.

Os tomates, pepinos e melões produzidos no território ocupado são destinados a mercados na Europa, América do Norte e da ex-URSS.

Para a irrigação, a água é retirada de 300-600 metros de profundidade, de um dos principais reservatórios de águas subterrâneas de água fóssil não-renovável.


V- Os Números

Pesca

Entre 100 a 200 mil pessoas trabalham na indústria da pesca no Sahara Ocidental, mas a esmagadora maioria é marroquina.



Segundo o acordo de pesca Marrocos-UE, 13,5 milhões de euros deveriam ser utilizados para promover uma pesca sustentável. Ora, de acordo com o Europaportalen, apenas 15% do dinheiro foram usados para desenvolver a pesca marroquina.

Os Fosfatos

Em 1968, 1600 pessoas trabalhavam na indústria de fosfatos; a maioria deles foi substituída por "colonos marroquinos".



Apenas 200 saharauis são empregados num universo de 1900 trabalhadores.

Os fosfatos de Boucraa representam 10% da produção total de Marrocos com uma produção de 3 milhões de toneladas.

A Agricultura

A superfície arável do Sahara Ocidental ascende a 1 milhão de hectares.

As grandes zonas irrigadas situam-se num raio de 70 km em torno da cidade de Dakhla.



Para a irrigação, a água é retirada de uma profundidade de 100 a 600 metros de uma ampla camada de água subterrânea fóssil não-renovável.

Mais de 10.000 pessoas têm emprego na indústria de tomate na região de Dakhla, no Sahara Ocidental ocupado. A maioria dos empregados é de origem marroquina.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O discreto apoio de Espanha a Marrocos no Sahara


O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol cumprimenta o seu homólogo marroquino, Salaheddin Mezouar



Em público, a linguagem é impecável. Os membros do Governo espanhol e diplomatas mostram, com raras exceções, uma completa neutralidade quando se pronunciam sobre o conflito do Sahara Ocidental que, há 39 anos, opõe Marrocos e a Frente Polisario, apoiada pela Argélia. O presidente espanhol Mariano Rajoy foi, por exemplo, um modelo de imparcialidade ao receber em Madrid, em Abril de 2013, o Secretário-Geral da ONU.

De forma oculta, porém, a diplomacia espanhola apoia Marrocos e a sua proposta de autonomia, formulada em 2007, para esse território que foi colónia de Espanha até 1975. Os telegramas do Departamento de Estado dos EUA, revelados em 2010 pelo Wikileaks, já mostravam, por exemplo, o então embaixador de Espanha em Marrocos, Luis Planas, oferecendo ajuda às autoridades marroquinas para elaborar a sua proposta autonómica para o Sahara.

Agora, o Wikileaks marroquino fornece novos dados. Desde o início de outubro centenas de documentos confidenciais da diplomacia marroquina estão a ser revelados por Chris Coleman, um perfil falso no Twitter. Por detrás dele, esconde-se um hacker ou um serviço secreto que pirateou os computadores do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou do serviço de contra-espionagem marroquino (DGED).

No Grupo de Amigos do Sahara Ocidental (EUA, Rússia, França, Reino Unido e Espanha), a diplomacia espanhola parece sempre disposta a dar uma mão a Rabat. Aconteceu, por exemplo, em abril do ano passado, quando a embaixadora dos EUA, Susan Rice, propôs a ampliação do mandato da MINURSO (contingente das Nações Unidas) no Sahara para vigiar o respeito dos direitos humanos. Paris e, em menor medida, Madrid impediram que prosperasse essa iniciativa que irritou Rabat.

Este ano, em março, o embaixador adjunto de Espanha junto da ONU, Juan Manuel González de Linares, voltou a alinhar com o seu colega francês na reunião do Grupo. Ressaltou, acima de tudo, "o progresso de Marrocos em matéria de direitos humanos", embora também tenha expressado o seu apoio a Christopher Ross, o mediador no conflito nomeado por Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. Rabat abomina Ross.

Nem sempre a diplomacia espanhola esteve ao lado de Ross. Em finais de junho de 2012, o titular dos Negócios Estrangeiros espanhol, José-Manuel García-Margallo, secundou publicamente as objeções de Rabat à mediação de Ross. "Seria bom que avançasse no dossier mais rápido e se centrasse nos temas centrais desse dossier em vez de se perder em temas acessórios", declarou o ministro na capital marroquina. Três meses depois o Rei Mohamed VI retificou após receber uma chamada de Ban Ki-moon. García-Margallo fez, então, outro tanto.

José-Manuel García-Margallo recebe a ministra adjunta marroquina, dos Negócios Estrangeiros, Mbarka Bouaida 

O ministro espanhol também se esforçou por evitar que a União Africana desempenhe um papel na negociação entre Marrocos e a Frente Polisario, o movimento armado que reivindica a independência do Sahara. Com tal propósito reuniu-se, em finais de janeiro, em Addis Abeba, com a presidente da Comissão da União Africana, Nzosazana Dlamini Zuma.

Disse a Dlamini-Zuma, como referiu aos marroquinos Ignacio Ybañez, Diretor Geral de Política Exterior, que "a Espanha desejava preservar o processo" negociador posto em marcha pela ONU e evitar "interferências". No entanto, a União Africana nomeou, na sua cimeira de Junho, um enviado para o Sahara, o ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano. Na sua primeira visita a Nova Iorque, Chissano já sublinhou que, aos olhos da União Africana, Espanha continua a ser a potência administrante do Sahara embora não possa exercer esse labor porque Marrocos controla o território. As suas palavras irritaram a diplomacia marroquina e incomodaram a espanhola.

Atuar assim não é fácil para o Governo espanhol reconheceu, em finais de outubro de 2013, García-Margallo ao entrevistar-se com Salaheddin Mezouar, então recém-nomeado ministro de Negócios Estrangeiros marroquino. Há "pressões da sociedade civil e das forças políticas assim como dos meios de comunicação e da opinião pública para procurar influir na posição oficial de Espanha", comentou-lhe.

Agradecimentos marroquinos

Rabat está consciente dos esforços que o Governo de Rajoy faz no âmbito do Sahara, e em muitos outros, e está-lhe agradecido. Quando, por exemplo, a ministra adjunta dos Negócios Estrangeiros marroquina, Mbarka Bouaida, se reuniu em Madrid com García-Margallo, em finais de fevereiro, começou a conversa "agradecendo a Espanha pelo seu constante apoio no seio das instâncias da União Europeia (...)".

Mas as autoridades marroquinas são também insaciáveis na sua exigência de apoio espanhol. Bouaida pediu ao seu anfitrião que a cooperação espanhola "inclua as províncias do Sul [Sahara Ocidental] sem fazer menção alguma que pudesse pôr em dúvida a sua pertença a Marrocos".
Colocou dois exemplos de expressões que recusaria: "territórios sob a jurisdição" ou "sob administração" marroquina. A ajuda ao desenvolvimento espanhola a Marrocos não abarca, por agora, o Sahara.

Nos últimos anos, dezenas de delegações de políticos, sindicalistas e membros da sociedade civil espanhola e de outros países europeus tentaram viajar à ex-colónia. Quase todos foram expulsos manu militari sem que qualquer Governo espanhol, nem o socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, nem o de Rajoy, condenasse a ação marroquina ou colocasse uma queixa junto de Rabat, mesmo quando os expulsos eram parlamentares.


Fê-lo, no entanto, o embaixador do Reino Unido em Rabat, Clive Alderton, ao ser recebido, a 13 de abril de 2013, no Ministério dos Negócios Estrangeiros. "Londres considera que a expulsão e as restrições impostas às delegações parlamentares [europeias e espanholas] prejudicam os esforços de Marrocos em matéria de direitos humanos", declarou o embaixador, de acordo com a transcrição marroquina de suas palavras. "Marrocos deveria estar interessado em mostrar-se mais aberto a pedidos de visitas", disse ele. Até agora, porém, não tem sido mais recetivo.

Congresso dos Deputados de Espanha: apresentada emenda sobre a nacionalidade espanhola dos saharauis


DNI da época em que o Sahara Ocidental 
era a província Nº 53 de Espanha

Por ocasião da aprovação da Lei de Acesso à Nacionalidade Espanhola dos judeus sefarditas no Congresso dos Deputados, os grupos parlamentares da Esquerda Unitária e da Esquerra Republicana de Catalunya apresentaram emendas à totalidade da Lei.

A Associação Profissional dos Advogados saharauis em Espanha, em colaboração com estes dois grupos parlamentares (UI e ER) e o grupo socialista levaram o plenário do Parlamento espanhol a pronunciar-se sobre a necessidade de fazer justiça com os saharauis em matéria de nacionalidade.

As próximas semanas serão intensas no Congresso dos Deputados, onde o coletivo de apoio ao povo saharaui, liderado pelos advogados saharauis em Espanha, terão reuniões separadas com os diferentes grupos parlamentares para conseguir um compromisso sério por parte do Estado espanhol para com os saharauis residentes em Espanha.


Fonte: S. I. C. Poemario por un Sahara Libre / Asociación Profesional de Abogados Saharauis en España

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Porque o Fórum Mundial de Direitos Humanos não poderia ocorrer no Marrocos



Nove organizações brasileiras de massas tomam posição sobre o II Fórum Mundial de Direitos Humanos que tem início hoje em Marraquexe.

Os cidadãos e entidades brasileiras signatárias deste manifesto apresentam seu rechaço à realização do 2º. Fórum Mundial de Direitos Humanos na cidade de Marrakesh no Marrocos entre os dias 27 e 30 de novembro de 2014. O Marrocos, organizado como uma monarquia, é o último país do mundo a manter um povo colonizado em pleno século XXI e recorrentemente é condenado por organizações internacionais, como a Anistia Internacional, Human Rights Watch, Parlamento Europeu, ONU e outros, pelas constantes violações aos direitos humanos.

Marrocos mantém como sua colônia o território do Sahara Ocidental que é o último caso de descolonização constante da agenda da ONU. Está em curso, atualmente uma Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), que, no entanto, por um veto da França, encontra-se sem delegação para vigiar a aplicação dos direitos humanos na região. O Secretário-Geral da ONU, Sr. Ban Ki-moon, no último dia 10 de abril de 2014, renovou apelos às quinze nações do Conselho de Segurança cobrando o monitoramento dos direitos humanos, bem como advertindo contra a exploração injusta dos recursos naturais da região.



Igualmente, o Tribunal Internacional de Justiça de Haia afirmou que o Saara Ocidental nunca fez parte do Marrocos, nem mesmo antes da colonização espanhola de 1884 e nunca existiu qualquer vínculo jurídico que pudesse corroborar com as pretensões ocupacionistas do Marrocos.

O Marrocos é também o único país africano desligado da União Africana por ter violado, com invasão militar do território Saharauí, o princípio da inviolabilidade das fronteiras herdadas por países descolonizados. O Rei do Marrocos mantém um muro de quase 3 mil quilômetros, o maior do mundo, no maior terreno minado por minas anti-pessoais do mundo, com a intensão de impedir o acesso do povo saharauí à sua terra e seus recursos naturais. Existem famílias separadas há mais 40 anos, além de mais de 500 pessoas desaparecidas e mais de 70 encarceradas, sendo alguns em regime perpétuo.

Várias entidades brasileiras, que conhecem este histórico do Marrocos e também o fato do país proibir as liberdades sexuais e a livre manifestação da opção sexual, bem como manifestações religiosas contrastantes com a religião oficial do reino, não foram consultadas para a decisão da sede do 2º. FMDH. Como se não bastassem as cotidianas violações dos direitos humanos, multiplicam-se no Marrocos atos de repressão contra manifestações públicas (marchas, conferências, seminários) e contra atividades internas de organizações legais (acampamentos de verão, seminários de formação), restrigindo de tal maneira as liberdades públicas assim como os direitos de organização e expressão. Recentemente, duas das mais importantes associações marroquinas de direitos humanos manifestaram a não participação no 2º. FMDH por se tratar de uma instrumentalização do tema direitos humanos do evento por parte do reino marroquino. São elas a Liga Marroquina de Direitos Humanos e a Associação Marroquina de Direitos Humanos, assim como a Attac-Cadtm Marrocos e outras organizações. Entidades saharauís de direitos humanos, como o Coletivo de Defensores Saharauís (CODESA) e outras, também foram, até o momento, impedidas de participar do FMDH.

Pelos motivos aqui expostos manifestamos nossa contrariedade e pesar pela escolha da sede e a inevitável instrumentalização do 2º. FMDH por um governo que não está comprometido com o respeito aos mais básicos princípios legais internacionais, de soberania dos povos e direitos humanos.


  • CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

  • UNEGRO – União de Negros pela Igualdade

  • UBM – União Brasileira de Mulheres

  • MMM – Brasil – Marcha Mundial de Mulheres

  • CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

  • FS – Força Sindical

  • MST - Movimento Rural Sem Terra

  • UJS - União da Juventude Socialista

  • CDDH – Campinas – Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas

“É um paradoxo que se realize um Fórum Mundial sobre DDHH num país que viola constantemente esses direitos” – afirma dirigente saharaui




O Presidente do Conselho Nacional Saharaui (Parlamento), Jatri Adduh, declarou esta quarta-feira que “é um paradoxo que se celebre um Fórum Mundial sobre direitos humanos num país que viola constantemente esses mesmos direitos humanos”

Em entrevista à Rádio Argélia Internacional por motivo do 39.º aniversário da criação do Parlamento saharaui, Jatri Adduh, questionado sobre o II Fórum de Direitos Humanos que se realiza atualmente em Marraquexe, disse que “Marrocos reprime e persegue gente inocente e tem presos políticos saharauis condenados a prisões perpétuas por tribunais militares e muitas mais outras sentenças não menos duras”.

“É um paradoxo que enquanto se realiza este fórum em Marraquexe, o território do Sahara Ocidental se encontre sob estado de sítio, militarizado por completo e onde a gente vive o medo, a perseguição nas ruas e encarceramento diário”, referiu Jatri Adduh




“Isto faz-me recordar Marrocos nos tempos de Hassan II e os anos de chumbo, quando os turistas passeavam em jardins de flores enquanto por debaixo dessas campos de flores se encontravam as prisões secretas de Gaalat Maguna, Darb Mulay Ali chrif, Tazmamarat, Agdaz, onde jazia gente em péssimas situações, tanto marroquinos como saharauis”, acrescentou o Presidente do Parlamento da RASD.

Segundo Jatri Adduh, o governo de Marrocos, com a organização deste Fórum, “procura envolver quem quer que seja no tema de direitos humanos como o tem feito com o saque dos recursos naturais do Sahara Ocidental e o que está fazendo atualmente com a companhia petrolífera norte-americana Cosmos Energy”, acrescentando que “Marrocos procura constantemente tapar os seus crimes no Sahara Ocidental”

“Este Fórum, é condenado de fora mas também desde dentro de Marrocos, como o estão fazendo algumas vozes livres em Marrocos e que nós saudamos e aproveitamos para transmitir o nosso agradecimento e apoio”, declarou Jatri Adduh

O Presidente do Parlamento Saharaui afirmou que “os marroquinos também estão vivendo uma situação muito triste no que respeita às liberdades essenciais. Marrocos é um país onde não há direitos”, disse.

(SPS)



Espanha entre os 12 países do mundo que mais apoiam economicamente a produção de bombas de fragmentação


As forças de ocupação marroquinas utilizaram em profusão bombas de fragmentação no Sahara Ocidental...

A Convenção de Bombas de Fragmentação apresentou um relatório que revela que 151 instituições financeiras do mundo — entre elas, espanholas — apoiaram a produção destas bombas proibidas. Denuncia que os EUA investiram (de 2011 a 2014) um total de 27.000 milhões de dólares na produção de bombas de fragmentação, com apoio financeiro mundial.

Segundo a diretora da Convention on Cluster Munitions (CCC), Amy Little, o "Reino Unido, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão e Espanha, entre outros, devem legislar com urgência para assegurarem-se que as suas instituições financeiras não apoiem a fabricação de munições bélicas proibidas".

a maioria dos Estados do mundo reconhecem as bombas de fragmentação como armas inaceitáveis pelos riscos que implicam para as populações civis, não só em períodos de confrontação armada, mas também em tempos de paz. O uso recente destas bombas na Síria e na Ucrânia demonstra a necessidade urgente de erradicar estas armas…

Fonte: dalesvozalasvictimas.wordpress.com


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Após o fiasco com a Rússia, Mohamed VI também suspende a viagem à China




Artigo de Carlos Ruiz Miguel, Prof. Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela

Afirmei-o aqui: Mohamed VI está encurralado na sua pretensão de anexar ilegalmente o Sahara Ocidental. Os wikileaks do Makhzen revelaram, de forma indubitável, que Marrocos está-se confrontando com a ONU, os EUA e o Reino Unido na sua pretensão expansionista. E isso ocorre quando a relação de Marrocos com a França, como também aqui afirmei, passa pela mais longa crise da história de ambos os países. Neste contexto compreende-se o intento de Mohamed VI de conseguir o favor da Rússia e China, os outros dois membros do Conselho de Segurança. No entanto, tudo parece indicar que a sua estratégia fracassou. Primeiro frustrou-se a sua visita à Rússia, e agora, à China @Desdelatlantico

I. ANTE O ENJOO DOS SEUS TRADICIONAIS ALIADOS, MOHAMED VI ANUNCIA RELAÇÕES "ESTRATÉGICAS" COM A RÚSSIA E A CHINA
Os wikileaks do Makhzen revelados pelo misterioso @Chris_Coleman24 não deixam lugar a dúvidas: Marrocos está em confronto com as Nações Unidas e os EUA por causa da sua intransigência no conflito do Sahara Ocidental. Como se isso fosse pouco, o Reino Unido apoia os EUA e a ONU neste assunto. Ante este contexto, os únicos apoios possíveis no Conselho de Segurança, com direito de veto, apenas poderiam provir da França, Rússia e China. No entanto, a arrogância da tirania alauita parece ter levado a que a França se tenha fartado daquela que o embaixador francês na ONU apelidou como sua "amante". Só restam, assim, Rússia e China.

Assim o deixou bem claro Mohamed VI no seu Discurso de 30 de julho de 2014:

Respondendo à nossa ambição de reforçar e diversificar parcerias, cuidamos por consolidar as arraigadas relações que unem o nosso país com a Rússia e a República Popular da China, que temos previsto visitar em breve.

Uma ideia que reiterou no seu discurso de 20 de agosto de 2014:

Se Marrocos apenas precisa empreender alguns esforços para poder avançar com passos firmes e juntar-se aos países emergentes, a política de liberalização económica, nesse sentido, reforçou a sua posição como centro de comércio internacional.
Isso é exatamente o que vem a refletir as frutíferas parcerias, tanto com os países árabes, em particular os do Conselho para a Cooperação do Golfo, ou com os países da África sub-sahariana, onde Marrocos ocupa o segundo lugar como investidor em África.
Assim, além do Estatuto Avançado que liga Marrocos à União Europeia e os acordos de livre comércio com uma série de países, principalmente com os Estados Unidos, temos a parceria estratégica com a Rússia que procuramos aprofundar, além da parceria que estamos a estabelecer com a China.

A aproximação à Rússia foi anunciada pela imprensa oficialista do Makhzen a 3 de junho de 2014, que informou sobre uma eminente visita de Mohamed VI à Rússia a 11 de junho. Segundo o ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, essa visita foi adiada com o objetivo de "elaborar os fundamentos de uma relação estratégica". A visita foi então anunciada para outubro, ainda que, como já aqui afirmei, a mesma tenha fracassado.


II. A VISITA À CHINA, TAMBÉM ADIADA POR INUSUAIS RAZÕES MÉDICAS
Marrocos também procurou acercar-se da China, ainda que o gigante asiático se tenha aproximado de Marrocos ao mesmo tempo que da Argélia. Assim o demonstra a visita que Yu Zhengsheng, presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh), [http://spanish.peopledaily.com.cn/n/2014/1105/c31618-8804788.html] realizou a Rabat depois de visitar a Argélia.
A visita de Mohamed VI à China foi programada para 27 de novembro. No entanto, de forma inopinada, a agência oficial de imprensa do Makhzen (a sinistra MAP) publicou um comunicado do Ministério da Casa Real onde anunciava que "A visita oficial de SM o Rei à China foi adiada por razões de saúde". Surpreendentemente, são detalhados os supostos motivos de saúde que causaram este "adiamento":

O médico pessoal de sua Majestade o Rei precisa que o Soberano apresenta desde ontem um síndrome gripal agudo com febre de 39,5 graus complicada com uma bronquite, acrescenta o comunicado.


Com efeito, que eu me lembre, NUNCA um comunicado oficial da Casa Real marroquina foi tão detalhado sobre a saúde do rei. E, por isso mesmo, torna-se suspeito.
Será verdade que Mohamed VI está doente?
ou
A enfermidade é uma desculpa para ocultar um novo fracasso, após o fiasco da visita a Moscovo?

A resposta ser-nos-á dada pelo tempo, e sem muita demora.

Quando Mohamed VI se recuperar, se não viajar à China deveremos concluir que esta enfermidade foi inventada para ocultar o seu enésimo fracasso.

Mohamed VI: sucessivas visitas oficiais canceladas!




A China é a terceira visita que o Rei Mohamed VI de Marrocos cancela este ano. Depois das abortadas visitas à Rússia e à Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, desta vez foi a China e o motivo invocado um aparente estado gripal.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

POLISARIO: nova escola militar e realização de manobras militares





6ª Região Militar - 25 de novembro 2014

O presidente da República e Chefe das Forças Armadas, Mohamed Abdelaziz, acompanhado pelos mais altos responsáveis militares saharauis, inaugurou hoje a nova escola de formação e preparação da gendarmaria saharaui.

Após a inauguração, a delegação oficial visitou as instalações da nova escola e avaliou de perto as condições em que são formados os novos efetivos do corpo da gendarmaria nacional.




Aproveitando o evento, o ministério da defesa organizou umas manobras militares levadas a cabo pela sexta região militar, a que assistiram residentes dos acampamentos de refugados que puderam assim ver a capacidade militar do exército de libertação nacional.





O presidente da República e o ministro da Defesa, Mohamed Lamín Buhali, do alto de um 4×4, passaram revista às tropas saharauis, infantaria, carros blindados e artilharia pesada.


O ministério de Defesa saharaui fez questão de demonstrar que o exército de libertação nacional não só aumenta de efetivos como estes são cada vez melhor formados em todo o tipo de armamentos. Preparados física e mentalmente para retomar as armas em caso de falhar o processo pacífico e seja dada ordem de retomar a luta armada como instrumento legitimo do povo saharaui.

Vice-Presidente dos EUA, Joseph Biden, rejeita Plano de Autonomia marroquino




Durante a sua visita a Marrocos, quinta-feira passada, o vice-presidente americano, Joseph Biden, que foi recebido pelo rei Mohamed VI, não escondeu a sua reputação ou a posição do seu país sobre a questão do Sahara Ocidental.

Mostrou-se inflexível face aos argumentos avançados pelo rei sobre o plano de autonomia. Enquanto era vivamente aguardada uma expressão favorável à posição de Marrocos, o vice-presidente dos EUA realmente surpreendeu todo a gente, incluindo as autoridades marroquinas, que sofreram um verdadeiro golpe a ponto da agência oficial de notícias oficial MAP ter omitido um parágrafo do comunicado do gabinete real relativo à questão do Sahara Ocidental.

No entanto, o comunicado emitido no final da reunião centrou-se sobre os últimos desenvolvimentos da questão do Sahara Ocidental. De acordo com a declaração do Departamento de Estado, os EUA continuam a prestar apoio ao enviado pessoal do SG da ONU, Christopher Ross, e afastam-se cada vez mais do plano de autonomia proposto pelo Rei de Marrocos: "Nós [os EUA] continuamos a apoiar as negociações conduzidas pela Organização das Nações Unidas, incluindo o trabalho do enviado do Secretário-Geral da ONU, embaixador Christopher Ross, e incentivamos as partes a encontrar uma solução" – afirma o comunicado. Um apoio a Christopher Ross longe das posições das autoridades marroquinas, que repetidamente têm denunciado a parcialidade do enviado pessoal de Ban Ki-moon. Uma divergência que MAP optou por omitir, agência que tem-se especializado na desinformação e nos insultos em relação à Argélia.

Em setembro passado, Marrocos estabeleceu uma condição para que o enviado da ONU pudesse receber o OK para uma visita a Rabat. Na verdade, o esperado périplo de Christopher Ross pela região, previsto para setembro, foi adiado por motivos que se relacionam com a não resposta à condição imposta.

Marrocos exige, previamente, do enviado pessoal de Ban Ki-moon respostas escritas ao questionário que o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino lhe remeteu a 18 de junho em Nova Iorque. Reivindicação novamente reiterada na segunda-feira.

Daí o suposto bloqueio da reunião do Conselho de Segurança em outubro, prevista para ser dedicada à avaliação da situação, com base no novo périplo de Christopher Ross. O chefe da diplomacia marroquina afirma continuar à espera dos esclarecimentos por parte do mediador americano sobre os limites da sua missão. Mas o enviado especial não caiu nesta armadilha, estendida como de costume por Marrocos.

Esta recusa em receber Christopher Ross é consequência da rejeição marroquina a posições favoráveis a uma extensão do mandato da MINURSO ao monitoramento dos direitos humanos no Sahara Ocidental. Posições que o Secretário-Geral das Nações Unidas fez suas, no seu mais recente relatório divulgado em meados de abril, e apresentado ao Conselho de Segurança. Enviado de Ban Ki-moon desde 2009, Ross é agora acusado pelo lado marroquino de "parcialidade".

Ross foi confirmado no Verão de 2012 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. Rabat recusou-se a fixar uma data para uma visita a Christopher Ross a Marrocos para a retomada das negociações sobre a solução final, o objeto de sua mediação com a Frente Polisario, enquanto a sua missão não for claramente definida.