quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sahara e Mauritânia : fogo cruzado contra Marrocos

Mohamed VI visto pelo cartoonista Jan-Erik Ander

 O reino de Marrocos está a ser objeto de esmagadoras acusações em duas questões regionais: o intento de assassinato do presidente mauritano, Mohamed Ould Abdelaziz, e os abusos cometidos pelo Majzen no Sahara Ocidental ocupado.

A agência mauritana Al Akhabar informou na sua edição de hoje que “a Mauritânia fez saber a alguns países amigos, que acusa Marrocos de estar implicado na tentativa de assassinato”, no dia 13 de outubro de 2012, do seu presidente Mohamed Ould Abdelaziz, desde então internado em França nos cuidados intensivos.

Segundo a mesma fonte, a Mauritânia comunicou oficialmente a um país da região que a versão oficial do incidente de 13 de outubro qualificou de… “tiro por engano” foi, na realidade, uma “tentativa de assassinato” que tinha por alvo o Presidente mauritano e que Marrocos está “envolvido” no incidente.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia, Mohamed Ould Lemine Allal, interrogado por aquela agência, afirmou que “não tinha nenhuma informação a esse respeito”.

Estas acusações poderão afetar as relações entre os dois países. Marrocos ainda não reagiu. O Palácio Real limitou-se a acionar a sua máquina mediática para denunciar “um plano urdido” contra o país.

Por outro lado, segundo o “sítio” mauritano Aqlame, o presidente Mohamed Ould Abdelaziz, na sua cama de convalescença num hospital de Paris negou-se a receber um enviado de Mohamed VI, que foi desejar-lhe uma pronta recuperação em nome do rei de Marrocos. A mesma fonte acrescentou que foi o embaixador da Mauritânia em Paris quem comunicou ao emissário marroquino a recusa do presidente Ould Abdelaziz em recebê-lo. Segundo a página web marroquina Demain, o emissário não especificado pelo sítio mauritano é Riad Ramzi, que desempenha o papel de Encarregado de Negócios na Embaixada de Marrocos em Paris, cujo posto de embaixador se encontra vago desde a partida de Mustapha El Sahel, nomeado assessor do rei.

A imprensa mauritana comentara que o Rei Mohamed VI não havia contactado o presidente mauritano, nem telefone nem por escrito, para o felicitar, após ter escapado ao incidente de 13 de outubro último.

Marrocos parece também estar na mira da ONU. O Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, afirmou ontem que a manutenção do statu quo em relação ao estatuto definitivo do Sahara Ocidental é “insustentável” e “perigoso” no contexto atual. “Se para alguns é tentador afirmar que é demasiado arriscado reanimar os esforços de paz e que o statu quo, pelo menos, garante a estabilidade, estou convencido de que isso seria um grave erro, sobretudo porque a situação está ameaçada pelo incremento do extremismo, do terrorismo e de elementos criminosos na região do Sahel “, afirmou em comunicado de imprensa emitido no fim de uma entrevista com o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros. Uma clara alusão à posição de Marrocos que, desde há anos, encontra no statu quo uma situação muito mais cómoda que qualquer saída que ponha em causa as suas teses expansionistas.

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