quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Conselho Nacional de Direitos Humanos marroquino impede saharauis de participar em seminário internacional


CODESA, a organização presidida por Aminetu Haidar,
pediu a criação de uma comissão internacional de inquérito
para apurar a verdade sobre graves violações de direitos humanos
cometidas pelo Estado de Marrocos contra a população civil saharaui
Os responsáveis do Conselho Nacional de Direitos Humanos (*) impediram mais de 18 ativistas saharauis dos direitos humanos de participar no segundo dia do seminário internacional, organizado pelo CNDH em Rabat, por aqueles ativistas terem acusado a organização e os seus comités regionais de fazer marcha atrás nos seus objetivos, assim como na implementação das recomendações da Instância Equidade e Reconciliação (IER) no que concerne à reparação dos danos sociais.

No segundo dia do evento, 16 de janeiro, os saharauis foram proibidos de entrar na Academia Real por um contingente de forças de segurança instalado especificamente com este propósito.

No relatório destinado a esta reunião internacional, a associação CODESA, presidida por Aminatou Haidar, pediu a criação de uma comissão internacional de inquérito para apurar a verdade sobre graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado de Marrocos contra a população civil saharaui e o estabelecimento de um mecanismo da ONU para monitorar a situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental.


O CODESA (Coletivo de Defensores de Direitos Humanos no Sahara Ocidental) denunciou as "carências" que marcaram o relatório da IER, assinalando, nomeadamente, que não revelou o destino de todos os desaparecidos saharauis; não exigiu a entrega dos corpos dos falecidos às famílias; e não solicitou a ativação do princípio da não-impunidade e a identificação das responsabilidades dos envolvidos em violações de direitos humanos em Marrocos e no Sahara Ocidental.

Organizado sob o tema "O direito à verdade, à reparação e às reformas: que progressos e que perspetivas para a Justiça de Transição?", o seminário, de dois dias, foi iniciado pelo Instituto Nacional do Conselho de Direitos Humanos (CNDH) na presença de várias figuras internacionais, entre as quais a sra. Tawakkol Karman, Prémio Nobel da Paz, do Iémen, de Pablo Greiff, Relator Especial da ONU para a Verdade e Justiça, bem como representantes do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, o Centro Internacional para a Justiça de Transição e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

(*) O CHDH é um organismo público marroquino criado em Março de 2011, numa época em que a França pressionava o Conselho de Segurança para alterar o relatório do Secretário-Geral da ONU sobre o Sahara Ocidental e excluir o parágrafo que se referia à criação de um mecanismo de vigilância dos direitos humanos. Na resolução 1979 adotada em Abril de 2011, o Conselho congratulou-se com "as medidas tomadas por Marrocos para a criação do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e seu compromisso de garantir o acesso a todos os procedimentos especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU."


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