domingo, 17 de abril de 2016

O povo saharaui não está só




O SG da ONU e o seu Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, pressionaram as Nações Unidas para resolverem o conflito saharaui na base da legalidade internacional a fim de evitar os riscos de uma escalada.

É verdade que os anos puseram em evidência as intervenções da França para entravar uma solução justa para este conflito que é uma questão de descolonização.

A França, "pátria dos Direitos do Homem", levada pelas suas estratégias neocoloniais, ignora os sofrimentos do povo saharaui, os massacres a que foi sujeito e que continua a ser alvo, o muro marroquino que o enclausura. Paris, ao contrário, reforça um outro muro que cerca a questão saharaui, o muro mediático.

A França fez das Nações Unidas, um terreno para realizar os seus planos hegemónicos e as suas ambições na região. O Conselho de Segurança, finge colocar a questão saharaui na ordem do dia, mas o relatório do SG é submetido à censura do embaixador francês junto da ONU.

Os cálculos da França são os mesmos do que os de Marrocos. Pensam que com o tempo, acabarão por impor o facto consumado da ocupação marroquina. Contudo, os factos estão aí e falam por eles próprios. As novas gerações saharauis, são ainda mais determinadas do que as dos seus antecessores. E os seus apoio militares, políticos e financeiros não lhes faltam.

Têm como principal apoio a África, guiada pela África do Sul, Argélia e Nigéria, os países que constituem a vanguarda do continente negro em matéria de desenvolvimento económico e poder militar.

Em Espanha, se os diferentes governos se renderam face às pressões da França e o medo de um segundo 11-M [atentados de 11 de Março de 2004 em Madrid], o povo espanhol acaba de se pronunciar pela voz do conjunto dos partidos da oposição. Todas as correntes políticas espanholas, à exceção do PP, o partido no governo, votaram no Parlamento uma resolução de apoio ao direito do povo saharaui à autodeterminação e à independência. Um voto que, pelo seu ‘timing’, é uma mensagem subliminar enviada ao Conselho de Segurança que se prepara para se pronunciar sobre as derivas de Rabat que ousou expulsar uma parte da MINURSO.

Por toda a Europa, os meios políticos, o movimento associativo e as organizações de defesa dos direitos humanos estão na linha da frente para mobilizar o maior número dos seus concidadãos em torno da causa saharaui e para condenar o silêncio imposto pela França à ONU que visa obrigar a comunidade internacional a aceitar renegar os seus princípios.

O pior dos erros seria o de pensar que os saharauis são um povo sem defesa. Se Marrocos goza da aliança do Eliseu, o povo saharaui tem os seus aliados e eles estão prontos a apoiá-lo com todos os meios necessários para fazer face à ofensiva neocolonialista francesa.


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