quarta-feira, 21 de junho de 2023

53% das mulheres saharauis sofrem de anemia, ONG alertam para risco humanitário nos acampamentos


Acampamentos saharauis na região de Tindouf (no extremo sudeste do território argelino)

Acampamentos saharauis em Tindouf (Argélia), 20 jun (EFE) - As ONG que prestam assistência humanitária em setores básicos como a alimentação, a água, a saúde e a educação nos acampamentos de refugiados saharauis na Argélia, alertaram hoje que 53% das mulheres sofrem de anemia.

Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, o consórcio de ONG internacionais recordou "a situação dramática em que sobrevivem 173.600 pessoas no deserto argelino", num comunicado publicado na terça-feira pela plataforma que integra 14 organizações.

No comunicado, denunciam a deterioração da situação humanitária nos campos, criados há quase 50 anos, agravada por fatores como a pandemia e a inflação, que "afectou os recursos já extremamente limitados de uma população que subsiste quase exclusivamente da ajuda humanitária".

Além disso, "mais de metade das crianças saharauis com menos de cinco anos são anémicas e a taxa de subnutrição aumentou três pontos percentuais entre a população infantil nos últimos três anos".

O consórcio considerou ainda que "as consequências deste conflito esquecido e invisível recaem sobre a população saharaui, violando os seus direitos mais elementares e lançando-a numa situação de extrema dependência humanitária".

A plataforma humanitária encorajou a sociedade civil e a comunidade internacional a "redobrar os esforços no sentido de uma resolução pacífica do conflito", bem como a necessidade de aumentar o financiamento para travar o agravamento desta crise humanitária.

Em declarações à EFE, María Ovejero, da ONG espanhola Mundubat e coordenadora do Consórcio, lamentou que "o esquecimento a que está sujeita a população refugiada saharaui dificulta a resposta às suas necessidades básicas e o gozo dos seus direitos fundamentais".

Neste sentido, sublinhou as condições extremas em que sobrevivem há quase cinco décadas, que "exigem uma solução urgente para o conflito e, entretanto, um aumento da ajuda, que ofereça um alívio à sufocante situação humanitária".

Este apelo é o terceiro lançado pelo consórcio de ONG e agências da ONU em menos de um ano, em resposta à deterioração da situação humanitária nos campos.

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