O significado da votação há dias no Parlamento Europeu sobre a etiquetagem dos produtos oriundos do Sahara Ocidental ocupado. Como votaram os deputados portugueses
O
Parlamento Europeu falhou por um único voto a oportunidade de travar
a proposta da Comissão Europeia que permitiria disfarçar a
verdadeira origem dos produtos agrícolas provenientes do Sahara
Ocidental ocupado. A objeção reuniu 360 votos — menos um do que
os 361 necessários — deixando passar, por margem mínima, um
regulamento amplamente considerado enganoso.
O resultado expõe
uma profunda rejeição política à iniciativa de Bruxelas, já que
uma maioria clara do plenário instou a Comissão a não avançar com
a medida. Ainda assim, a exigência de maioria absoluta acabou por
salvar um regulamento criticado por violar o direito internacional e
por tentar contornar sucessivas sentenças do Tribunal de Justiça da
UE, que reafirmam que não
só Marrocos
não tem soberania sobre o Sahara Ocidental como
os dois territórios são entidades distintas.
Ao
permitir a substituição da origem saharaui por designações
administrativas marroquinas, a Comissão é acusada de normalizar uma
ocupação ilegal e de importar para o mercado europeu os interesses
estratégicos de Rabat. Durante o debate, eurodeputados de vários
grupos denunciaram a proposta como um exercício de “rebranding”
colonial, prejudicando consumidores, agricultores europeus e o
próprio Estado de direito europeu.
Apesar da derrota
formal da objeção, o regulamento enfrentará agora um escrutínio
ainda mais forte no processo de codecisão. O episódio revela uma
Comissão politicamente isolada e dependente de uma margem mínima
para defender uma medida cuja legitimidade jurídica e ética está
cada vez mais posta em causa.
Se a Comissão precisa de
sobreviver por um voto, a fragilidade da sua posição é evidente —
e confirma-se que, no dossiê do Sahara Ocidental, o problema já não
é apenas a ocupação marroquina, mas a complacência ou
mesmo cumplicidade
europeia perante ela.
Como votaram os 21 deputados portugueses
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| Sebastião Bugalho, Paulo Cunha, Lídia Pereira e Hélder Sousa Silva (todos do Partido Popular Europeu e eleitos pelo PSD) |
04
– votaram CONTRA
a proposta que visava bloquear a iniciativa da Comissão Europeia que
permite mascarar a verdadeira origem dos produtos agrícolas
provenientes do Sahara Ocidental ocupado. Foram eles: Sebastião
Bugalho, Paulo Cunha, Lídia Pereira e Hélder Sousa Silva (todos do
Partido Popular Europeu e eleitos
pelo PSD).
08
– votaram a FAVOR
da proposta que visava bloquear a iniciativa da CE: Isilda Gomes,
Sérgio Gonçalves, Ana Catarina Mendes, André Rodrigues, Carla
Tavares, Marta Temido (todos do Grupo Socialistas e Democratas –
S&D e eleitos pelo PS), João Oliveira (do Grupo The Left eleito
pelo PCP) e Ana Vasconcelos (do Grupo Renew eleita pela IL).
05
– optaram pela ABSTENÇÃO.
Paulo do Nascimento Cabral, Sérgio Humberto (ambos
do Partido Popular Europeu e eleitos pelo PSD) , Ana Miguel Pedro (do
Grupo PPE e eleita pelo CDS nas listas da Aliança Democrática),
Bruno Gonçalves (do Grupo S&D, eleito pelo PS) e António Tânger
Corrêa (do Grupo PfE eleito pelo Chega).


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