Enquanto as importações para as Canárias de areia saharaui
roubada prosseguem de forma impune, um grupo de ativistas saharauis e
espanhóis, incluindo um membro da WSRW, confrontam-se com uma sanção penal,
precisamente por denunciarem este comércio ilegal. Recorde-se que já por diversas vezes a Região Autónoma da Madeira tem beneficiado desta espoliação da areia saharaui. A denúncia de que um dos barcos envolvidos neste comércio ilegal faz frequentemente a rota El Aiun-Setúbal, faz temer que outras entidades portuguesas estajam envolvidas ou beneficiam deste verdadeiro roubo.
No dia 5 de outubro de 2011, um grupo de ativistas espanhóis
e saharauis lançou-se à agua frente ao cargueiro "Dura Bulk" (IMO:
7325461), enquanto era descarregada areia do Sahara Ocidental ocupado no porto
de Tenerife, Ilhas Canárias . As autoridades portuárias acusaram os
manifestantes de terem acedido às águas do porto sem autorização, e querem-lhes
impor pesadas multas que podem chegar aos 60.000 € a cada um.
"É desconcertante que as mesmas autoridades que
permitem e facilitam as descargas de areia de um país sob ocupação, e que têm
um valor de milhões de euros, prefiram ameaçar aqueles que protestam por este
roubo", afirma Julio Quílez da Western Sahara Resource Watch (WSRW).
Os protestos por parte de simpatizantes saharauis
sucederam-se desde então, exigindo a o arquivamento dos processos judiciais
contra os manifestantes. No dia 11 de
abril, as autoridades portuárias decidiram baixar a multa para 90 € por cada
manifestante. Mas é claro que isso também é inaceitável. Julio Quílez afirmou
que é uma questão de princípios. "Decidimos recorrer, negamo-nos a pagar
por ter chamado a atenção sobre aquilo que é um roubo descarado", afirmou
Quílez.
A areia que carregava o "Dura Bulk" destinava-se à
fábrica de cimento Proyecto Dover SL, que se encontra dentro da zona do porto.
A WSRW solicitou às autoridades portuárias que indiquem qual
é o procedimento ou os trâmites políticos que se seguem quando uma empresa,
sediada nos molhes compreendidos na jurisdição do porto, descarga um
carregamento del Sahara Ocidental ocupado. As
autoridades portuárias declararam que não eram competentes para
investigar ou proceder a uma denuncia civil ou penal contra as empresas
envolvidas na extração, transporte e tratamento de tal tipo de carga. Admitiram
que a areia a bordo do "Dura Bulk" procedia de El
Aaiún, que as autoridades situam "em Marrocos".
As importações de areia continuam
Entretanto, as importações de areia para as ilhas Canárias
prosseguem. O "Trío Vega (IMO: 7116133) descarregou uma carga de areia
saharaui no porto de Tenerife a 7 de fevereiro de deste ano. Tal como o
"Bulk Dura", o barco "Trío de Vega” é propriedade e é explorado
pela empresa marítima Arabella, com sede em Las Palmas de Gran Canaria. Outros
dois barcos da frota da empresa Arabella fazem regularmente a rota marítima
entre Setúbal (Portugal) - El Aaiún - Las Palmas, trata-se do "Sky
West" (IMO: 6810201) e do 'Anja Funk "(IMO: 7120720).
Outro barco, que não pertence à empresa Arabella, realiza
também viagens semanais a El Aaiún. Tarta-se do "Silver Sand 'com bandeira
do Reino Unido (IMO: 8843850). O 'Silver Sand' descarrega a sua carga em Las
Palmas ou em Arguineguín, o molhe onde a empresa construtora Granintra SA conta
com uma fábrica de cimento que cobre o sul de Las Palmas da Gran Canaria.
Sem comentários:
Enviar um comentário