Mohamed Cheij Biadilah, transfuga saharaui, nomeado presidente do Senado marroquino |
A Missão da ONU no Sahara Ocidental não deve "ter um
papel político nem substituir a administração territorial marroquina",
recorda hoje o presidente da Câmara de Conselheiros marroquino ( Senado),
Mohamed Cheij Biadilah.
Em entrevista ao diário "Le Matin", Biadilah, de
origem saharaui [Nota: Mohamed Cheij
Biadilah é um transfuga saharaui que abandonou a luta do seu povo a troco
benesses económicas e cargos no aparelho de Estado marroquino], considera
que esse foi o intento do Enviado Pessoal do secretário- geral da ONU,
Christopher Ross, que Rabat rejeitou recentemente com a fórmula de
"retirada de confiança".
"Christopher Ross queria sustituir a Minurso em lugar
da administração territorial marroquina, e atribuir-lhe um papel político. No
entanto, estamos em nossa casa, no nosso território, e já propusemos uma
solução credível e séria" (numa alusão ao plano de autonomia, única saída
aceitável por Rabat).
Para Biadilah, a vontade de Ross "recorda-nos o papel
do controlador civil durante o período colonial", e tudo o que fez foi
"para arrancar ainda mais concessões a Marrocos" - refere.
O Enviado Pessoal do SG da ONU, sobre quem o Secretário-
Geral das Nações Unidas continua a manifestar a sua confiança, redigiu um
relatório em que se queixava da não confidencialidade das comunicações da
Minurso, e aludia também a detalhes como a obrigatoriedade dos edifícios da
Minurso terem de colocar a bandeira marroquina ou que os seus veículos tivessem
matrículas marroquinas.
Ainda que a maioria dos seus comentários não tenham acabado
por ser publicados no relatório enviado ao Conselho de Segurança, Rabat
queixou-se das atribuições que Ross se estava a atribuir, o que se traduziu na
sua retirada de confiança [Nota: Ross
pretendia visitar pessoalmente o território do Sahara Ocidental ocupado por
Marrocos, coisa que até hoje nenhum alto responsável da MINURSO o fez, não
obstante o conflito se arrastar há décadas…].
A Minurso conta com 519 pessoas no território do Sahara
Ocidental, tendo por missão principal a verificação do respeito pelo
cessar-fogo entre Marrocos e a Frente Polisario; os intentos de a Missão da ONU
incorporar nas tarefas a vigilância dos direitos humanos chocaram até agora com
negativa rotunda de Marrocos.
Atualmente a situação no Sahara Ocidental encontra-se num
beco sem saída, pois Ross já não conta para Marrocos mas Ban Ki-moon
considera-o ainda o seu Enviado Pessoal.
Os meios de Comunicação marroquinos começaram a aventar
outros possíveis nomes para o cargo (entre eles o do ex-secretário de Estado de
EUA Colin Powell), mas nenhuma outra fonte confirmou esses rumores.
(EFE)
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