Juan Mendez e seus colaboradores reuniram com a direcção da CODESA, presidida por Aminatou Haidar |
O Relator Especial contra a Tortura da ONU, o jurista Juan
Méndez, durante a sua estadia em território do Sahara Ocidental ocupado visitou
ontem juntamente com a delegação que o acompanha a Prisão Negra de El Aaiún e
nomeadamente as celas onde onde estão isolados os presos políticos saharauis.
O Relator Especial da ONU e os peritos que o acompanham visitaram
também o grupo de presos políticos saharauis detidos em Dakhla, antiga Villa
Cisneros, no sul do Sahara Ocidental, onde os presos desfraldaram ante o Relator
bandeiras saharauis e pancartas onde se podiam ler palavras-de-ordem como:
·
Exigimos o direito à livre determinação do povo saharaui.
·
Até quando o povo saharaui continuará a ser vítima
de todas as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado marroquino.
·
É uma vergonha que estejamos expostos às constantes
violações que ofendem as normas internacionais, e sofrer o desterro, o empobrecimento,
a marginalização, o desprezo pela identidade saharaui.
O Relator captou várias imagens das pancartas e pediu à administração
do presídio que necessitava entrevistar-se com o preso político saharaui Hasana
Luali, membro do Comité contra a Tortura de Dakhla e responsável no mesmo comité
das vítimas saharauis das minas.
O Relator da ONU esteve dentro de uma cela com o preso
político e defensor dos direitos humanos saharaui, Hasana Luali, com quem
manteve o seguinte diálogo:
Juan Méndez:
Durante o seu julgamento o juiz apresentou testemunhos para
confirmar as acusações que pendiam sobre si?
Hasana Luali:
Pelo contrário, o juiz não forneceu qualquer evidência
física ou testemunha, porque as acusações de que era alvo já estavam forjadas contra
mim para evitar o nosso ativismo de natureza nacional, jurídica, política e
pacífica. O principal objetivo é a intimidação de todos os cidadãos saharauis
que exercem o seu direito de forma pacífica, exigindo o fim da ocupação.
Juan Méndez:
Qual
a natureza das violações que foram cometidas contra si...
Hasana Luali:
Temos sofrido torturas físicas e psicológicas, estupro e
humilhações degradantes. Quero informá-lo Sr. Relator que antes da nossa
prisão, tivemos uma reunião com o relator dos Assuntos Culturais da ONU e disse-lhe
que estava ameaçado e podia ser preso a qualquer momento mas, infelizmente, não
nos foi dada a atenção adequada por esse organismo da ONU, desinteresse que nos
trouxe as consequências do que estamos hoje a sofrer.
Depois deste diálogo o Relator Especial Juan Méndez reuniu-se
com um número de menores saharauis que foram violados no interior das celas, os
quais apresentaram um comovedor testemunho. Nervosos e chorando, os jovens
pediram ajuda ao Relator Especial contra a Tortura da ONU, atitude que muito
sensibilizou o jurista argentino.
Segundo a Rádio Maizirat, a visita do Relator Especial à
Prisão Negra de El Aaiun colocou as autoridades administrativas do presídio num
estado de grande histeria y nervosismo.
Fonte Rádio Maizirat, El Aaiun.
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