quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Relator Especial contra a Tortura da ONU visita a Prisão Negra de El Aaiun e encontra-se com os presos políticos saharauis, entre eles menores de idade

Juan Mendez e seus colaboradores reuniram com a direcção da CODESA,
presidida por Aminatou Haidar


O Relator Especial contra a Tortura da ONU, o jurista Juan Méndez, durante a sua estadia em território do Sahara Ocidental ocupado visitou ontem juntamente com a delegação que o acompanha a Prisão Negra de El Aaiún e nomeadamente as celas onde onde estão isolados os presos políticos saharauis.

O Relator Especial da ONU e os peritos que o acompanham visitaram também o grupo de presos políticos saharauis detidos em Dakhla, antiga Villa Cisneros, no sul do Sahara Ocidental, onde os presos desfraldaram ante o Relator bandeiras saharauis e pancartas onde se podiam ler palavras-de-ordem como:

·         Exigimos o direito à livre determinação do povo saharaui.

·         Até quando o povo saharaui continuará a ser vítima de todas as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado marroquino.

·         É uma vergonha que estejamos expostos às constantes violações que ofendem as normas internacionais, e sofrer o desterro, o empobrecimento, a marginalização, o desprezo pela identidade saharaui.

O Relator captou várias imagens das pancartas e pediu à administração do presídio que necessitava entrevistar-se com o preso político saharaui Hasana Luali, membro do Comité contra a Tortura de Dakhla e responsável no mesmo comité das vítimas saharauis das minas.

O Relator da ONU esteve dentro de uma cela com o preso político e defensor dos direitos humanos saharaui, Hasana Luali, com quem manteve o seguinte diálogo:

Juan Méndez:
Durante o seu julgamento o juiz apresentou testemunhos para confirmar as acusações que pendiam sobre si?
Hasana Luali:
Pelo contrário, o juiz não forneceu qualquer evidência física ou testemunha, porque as acusações de que era alvo já estavam forjadas contra mim para evitar o nosso ativismo de natureza nacional, jurídica, política e pacífica. O principal objetivo é a intimidação de todos os cidadãos saharauis que exercem o seu direito de forma pacífica, exigindo o fim da ocupação.
Juan Méndez:
 Qual a natureza das violações que foram cometidas contra si...
Hasana Luali:
Temos sofrido torturas físicas e psicológicas, estupro e humilhações degradantes. Quero informá-lo Sr. Relator que antes da nossa prisão, tivemos uma reunião com o relator dos Assuntos Culturais da ONU e disse-lhe que estava ameaçado e podia ser preso a qualquer momento mas, infelizmente, não nos foi dada a atenção adequada por esse organismo da ONU, desinteresse que nos trouxe as consequências do que estamos hoje a sofrer.

Depois deste diálogo o Relator Especial Juan Méndez reuniu-se com um número de menores saharauis que foram violados no interior das celas, os quais apresentaram um comovedor testemunho. Nervosos e chorando, os jovens pediram ajuda ao Relator Especial contra a Tortura da ONU, atitude que muito sensibilizou o jurista argentino.

Segundo a Rádio Maizirat, a visita do Relator Especial à Prisão Negra de El Aaiun colocou as autoridades administrativas do presídio num estado de grande histeria y nervosismo.

Fonte Rádio Maizirat, El Aaiun.

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