quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Marrocos perde favores da França: Renault aposta em Espanha




Neste blog já o afirmei: a relação de França com Marrocos não ia ser igual com Hollande. As relações íntimas de Sarkozy com a estrutura de poder marroquina levaram a pôr em sério risco a França. E Hollande decidiu manter distâncias com o “majzen”, suas estruturas ou agentes. Há indícios para pensar que essa pode ser uma das razões por que a empresa Renault decidiu adjudicar a Espanha o seu novo plano industrial.

I. HOLLANDE VENCE SARKOZY, CANDIDATO DO MAJZEN, E A RELAÇÃO FRANCO-MARROQUINA JÁ NÃO É A MESMA
Neste blog deixei escrito que a vitória de Hollande sobre Sarkozy foi vivida com grande preocupação pelo “majzen”. O “majzén” havia conseguido entrar na intimidade do poder francês e isto não pôde deixar de suscitar alarme nos centros de inteligência e segurança da República Francesa.
No dia 16 de maio do corrente ano, escrevi um artigo intitulado, Sahara Ocidental, derrota de Sarkozy e pânico de Mohamed VI: há motivos. Onde afirmava:

La infiltración de la inteligencia marroquí en Francia ha alcanzado tal nivel que ha provocado la alarma de los centros de inteligencia y de poder que ven, con asombro, que en vez de ser como hasta hace poco Rabat un "neoprotectorado" de Francia, la relación franco-marroquí está mutando hasta el punto de convertir (vía corrupción "tous azimouts") a Francia en un elemento subordinado al majzen por la vía del chantaje.

Nesse artigo publiquei, pela primeira vez a nível mundial, a informação sobre a posição favorável ao direito internacional no conflito do Sahara Ocidental defendida por Ayrault, a pessoa que Franços Hollande nomeou como primeiro-ministro.

Mais tarde, a 25 de maio, escrevi outro artigo em que indicava que Mohamed VI tinha fracassado no seu intento de conseguir o apoio de Hollande para o seu veto ao Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Christopher Ross.

II. RENAULT, UMA EMPRESA CUJO MAIOR ACIONISTA É O ESTADO FRANCÊS, CRIA UMA FÁBRICA EM TÂNGER NO MANDATO DE SARKOZY... MAS HOLLANDE DECIDE QUE OS NOVOS INVESTIMENTOS SE FAÇAM EM ESPANHA.
O Estado francês é o acionista maioritário da empresa automobilística "Renault". Daí que, nas decisões económicas desta empresa, a política do governo francês seja mais do que relevante.
Foi sob o mandato de Sarkozy que a Renault decidiu criar uma fábrica em Tânger, em 2007, inaugurada no ano de 2012.
Esta inauguração fez pensar que alguma das fábricas da Renault em Espanha poderia desaparecer em 2013.
No entanto, com a chegada de Hollande ao poder tudo mudou. Renault anunciou que adjudica a Espanha o seu novo plano industrial, que prevê a criação de 1.300 postos de trabalho. A imprensa espanhola disse que as fábricas espanholas se impuseram às "francesas e turcas" ... "esquecendo-se" de que também se impuseram à fábrica ... marroquina!

É normal que uma fábrica recém-inaugurada e onde os salários e outros custos são significativamente mais baixos seja preterida?
Ninguém pode pensar que não.

Mas em França, como em quase todos os países do mundo, a economia está ligada à política. Por isso, creio que a decisão da Renault de optar por Espanha poderá ser interpretada como um "castigo" ou um "aviso" a Mohamed VI.
Em todo o caso, é uma boa notícia para Espanha... e uma má notícia para Mohamed VI.



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