Mariam Maghaizlata, ativista saharaui reprimida pelas forças de ocupação marroquinas. Ela é bem o símbolo do que tem sido 37 anos de ocupação. |
A Associação de
Amizade Portugal-Sahara Ocidental (AAPSO) saúda as comemorações do Dia Mundial
dos Direitos Humanos e aproveita esta circunstância para apelar à solidariedade
para com o Sahara Ocidental e o seu povo, que há mais de 38 anos vê os seus
mais elementares direitos humanos serem ignorados. Este é um caso em tudo
idêntico ao de Timor Leste e que esperamos tenha o mesmo desfecho, embora os
órgãos de soberania portugueses tenham agora uma posição muito diferente.
Em 1975 a
Espanha abandonou ao seu destino — e sem promover a sua descolonização — o
território até aí vulgarmente designado por “Sahara Espanhol”, de imediato invadido
pelos seus vizinhos, o Reino de Marrocos e a Mauritânia, que o ocuparam
militarmente provocando o êxodo de grande parte da sua população que procurou
refúgio em Tindouf, em pleno deserto argelino. Dirigidos pela Frente Polisario
(movimento que reivindica a independência do território), os saharauis
iniciaram uma guerra de resistência à ocupação o que levou a engenharia militar
marroquina a construir um muro defensivo com mais de 2.700 km.
Em 1991, sob os
auspícios da ONU e após a Mauritânia ter retirado do território, a Frente
Polisario e o Reino de Marrocos assinaram um acordo de cessar-fogo com vista à
realização de um referendo em que os habitantes do território pudessem decidir
democraticamente o seu futuro. A ONU cria a MINURSO (Missão das Nações Unidas
para o Referendo no Sahara Ocidental), com a incumbência de estabelecer as
condições necessárias à realização do referendo. Mas através de adiamentos
sucessivos, o Reino de Marrocos tem conseguido perpetuar a situação e impedir a
consulta. Ao mesmo tempo, explora as riquezas naturais do território (pescas,
fosfatos e agricultura) e despreza totalmente os Direitos Humanos. Nas cidades
ocupadas, a presença militar/policial é brutal, com espancamentos,
interrogatórios e prisões arbitrárias, sem qualquer recurso de defesa ou
julgamento.
A ONU mantém a
sua representação no território, mas incrivelmente, esta força não tem qualquer
competência na vertente dos Direitos Humanos.
Organizações
internacionais, como a Human Rights Watch, Aministia Internacional,
Organization for Statehood & Freedom, Centro Robert F Kennedy para a
Justiça e Direitos Humanos, Departamento de Estado Norte Americano, têm vindo a
denunciar constantemente esta situação. No entanto, fortes interesses
económicos, nomeadamente da França e da Espanha, têm impedido qualquer mudança.
As recentes
visitas do CRF Kennedy e do representante do Secretário-Geral da ONU,
Christopher Ross, vêm confirmar o total desrespeito do Reino de Marrocos pelas
dezenas de disposições internacionais, nomeadamente da ONU, do Tribunal
Internacional de Haia e da Comunidade Europeia.
De enorme
relevância, e um claro sinal de que a situação do Sahara Ocidental se encontra
num ponto de viragem é a decisão do Parlamento Sueco, tomada na passada semana,
de reconhecer oficialmente o Estado Saharaui, notificando o governo no sentido
deste formalizar o mais urgentemente possível “o reconhecimento da RASD como um
Estado livre e independente. Devendo a Suécia trabalhar também nesse sentido no
interior da União Europeia” (citação do comunicado emitido)
A AAPSO apela a
todos os defensores dos Direitos Humanos, para que mantenham nas suas agendas a
questão do Sahara Ocidental para que o seu povo, tal como o de Timor Leste,
possa decidir livremente sobre o seu futuro.
Para informação
atualizada sobre o Sahara Ocidental, visite o blogue da Associação de Amizade
Portugal- Sahara Ocidental, ‘http://aapsocidental.blogspot.pt/’
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