sábado, 26 de setembro de 2015

SG da ONU agradece à Mauritânia, mas não a Espanha, o seu apoio no Sahara Ocidental




Por esta altura começam os trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas. Por esse motivo, inúmeros chefes de Estado acorrem à sede nova-iorquina da organização onde pronunciam discursos ante a Assembleia. Também por esta ocasião, os chefes de Estado costumam manter encontros com o Secretário-Geral das Nações Unidas. O serviço de imprensa da ONU relata estes encontros. A leitura dos comunicados de imprensa publicadas acerca dos encontros com o rei de Espanha e o presidente da Mauritânia revela-nos alguma chave sobre a situação no Sahara Ocidental.


I. O ENCONTRO DO SG DA ONU COM O REI DE ESPANHA

O serviço de imprensa da ONU informa que a 25 de Setembro o Secretário-Geral, Ban Ki-Moon, teve um encontro com o rei de Espanha, Felipe VI. O comunicado de imprensa da ONU no final diz o seguinte:

Finally, the Secretary-General emphasized the need for a renewed push to resolve the situation in Western Sahara.

Tradução:
Finalmente, o Secretário-Geral sublinhou a necessidade de um novo impulso para resolver a situação no Sahara Ocidental


II. O ENCONTRO DO SG DA ONU COM O PRESIDENTE DA MAURITÂNIA

No mesmo dia 25 de Setembro Ban Ki-Moon também teve um encontro com o presidente da Mauritânia, Mohamed Uld Abdelaziz. Na nota de imprensa desse encontro afirma-se:

The Secretary-General stressed the urgency of resolving the question of Western Sahara and thanked Mauritania for its continued support to the mediation process.

Tradução:
O Secretário-Geral sublinhou a urgência de resolver a questão do Sahara Ocidental e agradeceu à Mauritânia o seu contínuo apoio ao processo de mediação.


III. CONCLUSÕES

Estes curtos textos permitem algumas conclusões importantes.

Primeira.
O comunicado do encontro com Felipe VI revela-nos que, para a ONU, o Sahara Ocidental é a principal questão da política externa espanhola, por muito que se procure ocultar em Espanha. E isso é assim porque, por muito que o Makhzen e o seu lobbie, incluindo os seus súbditos no país, procure ocultar, Espanha É a potência administrante do Sahara Ocidental.

Segunda.
O facto do SG da ONU agradecer à Mauritânia, MAS NÃO A ESPANHA, o seu apoio ao processo de mediação no conflito do Sahara Ocidental é toda uma denúncia, muito subtil, mas muito contundente, do papel do governo espanhol neste assunto. Não devemos estranhar. Há que recordar que, como já disse aqui, o governo espanhol foi o único governo do mundo civilizado que, sob a batuta de Mariano Rajoy Brey e José Manuel García-Margallo y Marfil (MNE espanhol), que alinhou com a torpe pretensão do makhzen marroquino de obstaculizar o trabalho do mediador da ONU.


Fonte. Desde el Atlántico – blog do Carlos Ruiz Miguel – prof. catedrático de Direito Constitucional na Universidade de Compostela.

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