Fosfatos de Bou Craa chegam ao porto de El Aaiun através de uma passadeira rolante de 130 km |
WASHINGTON – Marrocos
embolsou 167,8 milhões de dólares com as exportações ilegais de fosfato saharaui,
revela um novo relatório do Observatório de Recursos Naturais do Sahara Ocidental
(WSRW).
O relatório anual — o
terceiro do género publicado por esta ONG sobre a exploração ilegal por Marrocos
deste mineral no Sahara Ocidental ocupado — refere a extração em 2015 de 1,4
milhões de toneladas de fosfato das minas de Bou Craa, situadas a 130 KM da
cidade de El Aaiún.
Este volume exportado terá
gerado uma receita de 167,8 milhões de dólares à Office chérifien des
phosphates (OCP), a empresa marroquina que espolia em grande escala o fosfato saharaui,
segundo as estimativas do WSRW efetuadas com base num preço médio de 118 dólares
a tonelada.
Sublinhe-se que este nível de
vendas é o mais baixo jamais registado nos últimos dez anos, refere o WSRW. Em 2014
o OCP exportou 2,1 milhões de toneladas por um montante de 234 milhões de dólares.
Segundo o Observatório, o OCP
que leva a cabo uma verdadeira pilhagem das reservas de fosfatos do Sahara Ocidental,
tendo extraído das minas de Bou Craa 1,8 milhões de toneladas em 2012; 2,2 milhões
de toneladas em 2013 e 2,1 milhões de toneladas em 2014.
A projeção de 2014 veio a ser
confirmada por um documento enviado pelo OCP à bolsa irlandesa, refere o Observatório.
Estes números foram
calculados com base em cargas transportadas por navios a partir do porto da
capital ocupada de El Aaiún, precisa o WSRW que não exclui a possibilidade de existirem
outros transportes não detetados.
Em 2015, o WSRW identificou
oito compradores de fosfato saharaui, dos quais três são empresas cotadas em
bolsa e na lista negra por violação das regras de ética e das recomendações
emanadas da ONU que consagram o direito do povo saharaui a beneficiar dos
recursos naturais do seu território nacional.
O WSRW cita duas empresas canadianas,
a Potash Corporation e a Agrium Inc, duas empresas neo-zelandesas, a Ballance
Agri-Nutrients Ltd e a Ravensdown Fertiliser Ltd; uma empresa australiana, a
Incitec pivot Ltd e uma empresa russo-suíça, a Lifosa AB. Esta última anunciou
em Janeiro de 2016 ter posto fim à importação de fosfato do Sahara Ocidental.
Segundo o WSRW, 64,5% do
volume de fosfato saharaui vendido ao estrangeiro foi comprado pelas duas
empresas canadianas Potash Corporation e Agrium Inc.
O Observatório suspeita
igualmente que uma empresa venezuelana, a Tripoliven — de que parte do capital
pertence ao Estado da Venezuela —, ter importado 53.000 toneladas de fosfato em
2015 por um montante de 6,1 milhões de dólares. O WSRW confirma também a implicação
de uma outra empresa colombiana, a Monomeros S.A, adquirida em 2006 pelo grupo
público venezuelano “Petroquimica de Venezuela”, que importou 42.000 toneladas
de fosfato do Sahara Ocidental.
Ao comprarem fosfatos do Sahara
Ocidental, estas empresas tornam-se cúmplices da violação dos direitos dos Saharauis
e contribuem para o financiamento da ocupação.
O Observatório de Recursos
Naturais do Sahara Ocidental sublinha que as reservas de Bou Craa, descobertas
em 1947, se elevam a 500 milhões de toneladas, contribuindo com cerca de 7% da
produção do OCP e de 25% das suas vendas ao exterior.
O Observatório pede a estas
empresas que ponham fim a este comércio ilegal até que uma solução para o
conflito do Sahara Ocidental seja encontrado.
Fonte : Algerie360.com
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