sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Representante da Polisario ante o Comité dos 24: "A impunidade marroquina resulta da indiferença da ONU e do silêncio da comunidade internacional"

 


Lehbib Abdelhay – ECS  | Quarta-feira, 25 de agosto, realizou-se o Seminário Regional das Caraíbas organizado pelo Comité Especial sobre a Situação no que respeita à Aplicação da Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais (o denominado Comité dos Vinte e Quatro) da Organização das Nações Unidas. Nele participou o Representante Permanente da Frente Polisario na ONU, Sidi Mohamed Omar. Durante a sua intervenção, o diplomata começou por apresentar a nova realidade no terreno, na sequência da violação por parte de Marrocos do cessar-fogo no passado dia 13 de novembro.

Sidi Omar explicou as causas e consequências da ruptura do cessar-fogo perpetrado pelo regime marroquino, bem como a sua atitude imprudente ao longo dos últimos anos.

"Estes esforços incluem o plano de resolução baseado no referendo de 1991 sobre a autodeterminação, que Marrocos aceitou formalmente e comprometeu-se a participar na sua plena implementação e a respeitar os seus resultados antes de recuar no seu compromisso em 2001, devido ao seu aparente receio do resultado da consulta popular".

O diplomata saharaui sublinhou a posição da Frente Polisario desde a assinatura do cessar-fogo, bem como o seu empenho no que foi acordado com a outra parte (Marrocos) e a ONU. Insistiu neste sentido que foi o regime marroquino que não cumpriu os acordos que subscreveu, motivado em grande parte pela ausência de uma posição firme das Nações Unidas e da comunidade internacional para forçar Marrocos a aderir aos seus compromissos e à legalidade internacional.

Como resultado do exposto, Sidi Omar explicou que Marrocos continua até hoje e durante mais de quarenta anos a aplicar impunemente políticas coloniais baseadas, entre outras coisas, em tentativas de impor um facto consumado pela força, uma repressão indescritível contra civis saharauis e a contínua violação dos direitos humanos.

O representante saharaui junto da ONU e figura-chave nas negociações com Marrocos salientou que a única forma de resolver o conflito e descolonizar a última colónia africana, em conformidade com as resoluções da ONU, é conceder ao povo saharaui o seu direito à autodeterminação através da sua expressão genuína num referendo livre e democrático.

As sessões anuais do seminário realizaram-se este ano na região de São João no estado caribenho da Domínica, e prolongaram-se por dois dias (25-27 de Agosto), com a participação dos países que compõem o Comité dos 24, incluindo a Argélia, que também falou em apoio ao direito do povo saharaui à autodeterminação e culpou Marrocos por obstruir o seu exercício.

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