09-10-2021 - Madrid (ECS). - A direcção da TVE – canal de televisão do Estado - vetou os seus jornalistas de realizarem uma reportagem aos campos de refugiados saharauis e de integrarem um voo charter que partiu de Madrid para Tindouf (no extremo sudoeste da Argélia).
Sem dar muitas explicações e sugerir que se trata de uma decisão mais política do que outra, os próprios jornalistas rejeitaram esta decisão através de um comunicado publicado pelo "Conselho de Informativos de TVE":
Comunicado:
Mostramos a nossa total rejeição da decisão, aparentemente irrevogável, tomada pela direção, de que os jornalistas da RTVE não participarão numa viagem ao Sahara Ocidental.
Tanto quanto sabemos, a visita a Tindouf é organizada pela Frente Polisario, para a qual a maioria dos principais meios de comunicação social espanhóis foram convidados. Esta é uma prática de viagem comum para profissionais de notícias e em que a RTVE participa ativamente, como habitualmente, inclusive para o Sahara Ocidental.
Deve-se recordar que a Espanha é a potência administrante designada pelas Nações Unidas. E de acordo com o que foi relatado a estes Conselhos, havia a possibilidade de entrevistar Brahim Gali, líder da Frente Polisario. Um elemento de indubitável interesse público e jornalístico dado o que tem acontecido nos últimos meses.
Quando Esteve Crespo foi confrontado pelos News Councils numa reunião esta manhã, o Diretor de Conteúdo de Notícias da TVE confirmou que "a viagem não vai ter lugar". Quando lhe perguntaram as razões, ele deu quatro:
- Significaria ter uma equipa "hipotecada" durante vários dias, e embora tenha salientado que esta não era a principal razão, introduziu dúvidas dada a atual escassez de recursos.
- Que a viagem é "parte da festa" porque é fretada pela Frente.
- Que "o timing é delicado".
- Que a informação "vai estar disponível, com o material a chegar por agência", por isso "não temos necessariamente de lá ir".
Os dez conselheiros da RTVE CoI presentes na reunião assinalaram imediatamente a Esteve Crespo como os seus argumentos eram inaceitáveis de um ponto de vista jornalístico. Os profissionais desta casa cobrem uma vasta gama de circunstâncias, tendo sempre em conta o contexto em que reportam, incluindo, evidentemente, quem está a organizar/promover um evento. Acontece com viagens ou, por exemplo, com eventos partidários, dos quais, sem dúvida, a grande maioria é "partidária", e seria implausível vetar a sua cobertura por este motivo.
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