Ramtane Lamamra, ministro argelino dos Negócios Estrangeiros |
Argel (APS) 24-10-2021 - Marrocos foi longe na sua trama para desestabilizar a frente interna da Argélia, recorrendo a grupos classificados como "terroristas" pela Argélia e sendo assistido por Israel, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Ramtane Lamamra.
"Rabat foi muito longe no seu ataque contra a Argélia, utilizando indivíduos e grupos classificados como terroristas pela Argélia", disse Lamamra numa entrevista ao canal Russia Today, transmitida no sábado à noite.
"Marrocos também utilizou métodos da chamada 'quarta geração' de guerra para desestabilizar a frente interna da Argélia, recorrendo mesmo à assistência e ajuda de Israel", acrescentou o chefe da diplomacia argelina.
O ministro deixou claro que a Argélia "não critica nenhum país quando exerce a sua soberania". Contudo, perante este ato contra a segurança e estabilidade da Argélia, chamámos a atenção de todos para a natureza perigosa e inadmissível da ação empreendida por Rabat.
"Quando se afirma em Marrocos através da voz dos ministros, aos convidados, incluindo os israelitas, que a Argélia é uma fonte de preocupação na região e que se aliou a outro país (...), a Argélia viu-se obrigada a retaliar vigorosamente", explicou Lamamra, referindo-se à decisão de Argel de cortar relações diplomáticas com Rabat.
Embora "a Argélia tenha sido sempre um fator de estabilidade e paz na região, como todos sabem, o lado marroquino faz deliberadamente falsas declarações sobre a política e as ações da Argélia na região", lamentou.
A ocupação marroquina do Sahara Ocidental na origem da instabilidade na região
O chefe da diplomacia argelina afirmou que "Marrocos é responsável pela instabilidade na região, agora aberta ao desconhecido, devido à sua ocupação do Sahara Ocidental", a sua recusa do plano de paz da ONU e os seus obstáculos à solução do conflito" que opõe Marrocos à Frente Polisario.
"Todas as medidas tomadas até agora pelo governo marroquino visam impor um facto consumado que é incompatível com o direito internacional e não satisfaz as condições mínimas de coexistência pacífica entre os países da região, ou seja, o povo saharaui, que tem direitos inalienáveis", explicou o ministro.
Recordou, a este respeito, a posição da Argélia face ao conflito do Sahara Ocidental, que apoia o direito do povo saharaui à autodeterminação.
Questionado sobre as declarações de um ministro israelita sobre uma "relação especial" entre a Argélia e o Irão, Lamamra disse que estas eram "declarações inexactas e incorrectas, porque são deliberadamente transmitidas por Marrocos para prejudicar a Argélia", acrescentando que "as coisas são claras e conhecidas. A Argélia tem mantido relações normais e duradouras com a República Islâmica do Irão desde o regime do Xá do Irão.
A Argélia e o Irão têm interesses no seio da OPEP, e "a Argélia tem interesse em que o Irão mantenha boas relações com todos os seus vizinhos árabes, e em que todos nesta e noutras regiões, incluindo o Magrebe, respeitem as regras do direito internacional, sem qualquer interferência nos assuntos internos dos países", disse o ministro.
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