Carlos
Segovia – Madrid (EL MUNDO) 24-04-2022
A
relação entre Argélia e Espanha complica-se e, embora de momento o
abastecimento de gás não esteja em perigo, a deterioração é de tal magnitude
que será muito difícil conseguir melhorias na cooperação energética como a
Itália o fez.
O
Presidente da Argélia, Abdelmajid Tebboune, acusa duramente o Presidente do
Governo, Pedro Sánchez, de "ter quebrado tudo" com a sua cambalhota
no Sahara Ocidental de forma "ética e historicamente inadmissível",
segundo declarações à imprensa argelina na noite de sábado.
"Temos
relações cordiais com a Espanha e houve em tempo uma reaproximação, como com a
Itália. O primeiro-ministro quebrou tudo", diz. No entanto, o presidente
argelino distingue a figura do líder socialista espanhol do país que
representa. "Devemos distinguir entre o governo espanhol e o Estado
espanhol, com o qual temos laços muito fortes. Exigimos a aplicação do direito
internacional para que as relações com a Espanha voltem à normalidade."
Nesse sentido, garante que os contratos de fornecimento de gás já assinados com
Espanha serão respeitados. "A Argélia não vai desistir de fornecer gás à
Espanha, sejam quais forem as circunstâncias", diz. Embora não abra a
porta, como com a Itália, a aumentar a oferta ou assinar novos contratos além
dos existentes. Também não garante a manutenção dos preços.
Tudo
por causa da guinada no Sahara (Ocidental). "O Governo espanhol não ouviu
as opiniões de outros sobre a questão saharaui, apesar de terem sido levantadas
no Parlamento espanhol e pela opinião pública espanhola. Não vamos interferir
nos assuntos internos de Espanha, mas a Argélia, como país observador na
questão do Sahara Ocidental, assim como as Nações Unidas, consideram que a
Espanha é a potência administrante do território até que se encontre uma
solução para este conflito", sustenta.
"Os
outros podem estar alinhados ou não, o problema é deles. Mas a Espanha não. Não
tem o direito de entregar um território colonizado a outro país. Esse é o
problema da Espanha", afirmou.
Portanto,
ele não vê futuro na recomposição das relações com a Espanha sem retificação
sobre o Sahara e "cumprimento do direito internacional para normalizar as
relações". Na Espanha, "eles não podem ignorar suas responsabilidades
históricas e são solicitados a rever o que fizeram".
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