Pedro Castillo, Presidente do Perú |
O governo de Pedro Castillo decidiu "romper todas as relações com esta entidade", na ausência de uma "relação bilateral efetiva".
MADRID
- 19/08/2022 - PÚBLICO / EFE
A
esquerda peruana expressou a sua rejeição à decisão do governo de Pedro
Castillo de retirar o reconhecimento da República Árabe Saharaui Democrática e
"romper todas as relações com esta entidade" devido à falta de uma
"relação bilateral efetiva". Deste sector, apontam diretamente para o
Ministro dos Negócios Estrangeiros Miguel Rodríguez Mackay, a quem acusam de
ter interesses económicos com Marrocos para tomar esta decisão.
A
congressista Sigrid Bazán, do partido progressista ‘Juntos por el Perú’, pediu
no seu Twitter a demissão do Ministro dos Negócios Estrangeiros Miguel
Rodríguez Mackay, que assumiu o seu cargo a 5 de Agosto. "O Sr. Rodríguez
Mackay deve demitir-se do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou o presidente
deve pedir-lhe que saia. Em apenas uma semana expressou a sua rejeição do
Acordo de Escazú (1) e decidiu romper as relações bilaterais e renegar a
República Árabe Saharaui Democrática (RASD) como Estado", escreveu ela na
rede social.
O
Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou em comunicado que a ruptura das
relações se deve ao facto de não existir uma "relação bilateral
efetiva", pelo que o governo peruano decidiu "retirar o reconhecimento
da República Árabe Saharaui Democrática e romper todas as relações com esta
entidade".
A
decisão, acrescenta o documento, foi tomada depois de Rodríguez Mackay ter
falado por telefone com o seu colega marroquino, Naser Bourita. Após tomar
conhecimento desta decisão, o político Vladimir Cerrón, líder do partido 'Peru
Libre', que se define como marxista e que trouxe Pedro Castillo à presidência,
descreveu a ruptura das relações como um "grande erro".
"Grande
erro do Estado peruano em romper relações diplomáticas com a República Árabe
Saharaui Democrática". Está provado o alinhamento de direita do Gabinete,
contradizendo o discurso do Presidente no Celac (Comunidade dos Estados da
América Latina e das Caraíbas) em 2021", postou ele na sua conta do
Twitter.
Por
seu lado, Verónika Mendoza, líder da 'Juntos por Perú', juntou-se à petição e
apelou a Castillo pela sua decisão "como responsável pela política
externa". "Restabeleceu relações diplomáticas com a RASD após a
ditadura de Fujimori as ter rompido sem qualquer razão legítima. Hoje está a
quebrar o seu compromisso com o Estado e o povo saharauis. Esperamos
rectificação e saída do ministro dos negócios estrangeiros", afixou na
mesma rede social.
As
relações diplomáticas do Peru com a República Árabe Saharaui Democrática
começaram formalmente em Maio de 1987, mas foram suspensas em Setembro de 1996
sob a presidência de Alberto Fujimori.
Em
Setembro de 2021, sob o actual governo de Pedro Castillo, o Peru anunciou o
restabelecimento de relações diplomáticas com a RASD, uma decisão que, segundo
o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Óscar Maúrtua, respondeu à
"trajectória histórica" do país andino como uma "nação
democrática com pleno respeito pelo direito internacional".
(1) - Tratado internacional assinado por 24 nações
latino-americanas e caribenhas sobre os direitos de acesso à informação sobre o
meio ambiente, participação pública na tomada de decisões ambientais, justiça
ambiental e um meio ambiente saudável e sustentável para as gerações atuais e
futuras
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