Empresas de Israel estão cada vez mais envolvidas na pilhagem dos recursos naturais do Sahara Ocidental ocupado, nomeadamente através da conclusão de numerosos acordos no domínio dos hidrocarbonetos, em violação do direito internacional, revela o site de notícias americano MintPress News (MPN).
Segundo uma investigação levada a cabo e publicada pela MPN, várias empresas israelitas estão já a trabalhar com Marrocos no território saharaui ocupado. Entre elas estão a NewMed Energy, Ratio Petroleum, Selina Group, Halman-Aldubi Technologies e uma sociedade anónima que lança um projeto de aquacultura no Sahara Ocidental.
De acordo com o observatório internacional Western Sahara Resource Watch (WSRW), citado pela MintPress News, as únicas empresas que se dedicam atualmente à exploração de petróleo e gás no Sahara Ocidental são israelitas - a NewMed Energy e a Ratio Petroleum.
"Trata-se de recursos que se esgotarão e desaparecerão sob a ocupação antes da resolução do conflito, o que é muito preocupante para o povo saharaui", declarou à MPN Erik Hagen, membro do conselho de administração da WSRW.
E prosseguiu: "Portanto, o que estas empresas (sionistas) estão a fazer agora é, de certa forma, o pior do pior".
A investigação revela assim uma intensificação sem precedentes das atividades comerciais das empresas israelitas em solo saharaui, desde que Israel e o regime de Makhzen normalizaram oficialmente as suas relações a 22 de dezembro de 2020, após a administração do ex-presidente dos EUA Donald Trump ter anunciado que reconhecia a alegada "soberania" de Marrocos sobre o Sahara Ocidental. No entanto, como assinala o site de notícias, "atualmente, 82 países reconhecem o Sahara Ocidental".
A mesma fonte cita, entre outras coisas, a conclusão, em setembro de 2021, de um acordo entre o Gabinete Nacional Marroquino de Hidrocarbonetos e Minas (ONHYM) e a Ratio Gibraltar, uma subsidiária da empresa petrolífera israelita Ratio Petroleum, para explorar petróleo e gás ao largo de Dakhla, uma cidade ocupada no Sahara Ocidental.
Além disso, em dezembro de 2022, a NewMed Energy - uma subsidiária da empresa israelita Delek Group - assinou um acordo comercial com a ONHYM e a Adarco Energy, sediada em Gibraltar, para a exploração offshore de petróleo e gás ao largo da costa de Bojador, uma cidade ocupada do Sahara Ocidental.
A WSRW sublinha que "o Grupo Delek é apoiado por um certo número de investidores europeus e americanos". No que diz respeito às relações entre Israel e o regime marroquino, a MintPress News confirmou que "a colaboração dos dois países dura há décadas, embora em segredo". Cita como exemplo a compra pelo exército de ocupação marroquino de drones à entidade sionista em 2014. Estas armas, que foram finalmente recebidas em 2020, seriam utilizadas contra a Frente Polisário, segundo a mesma fonte.
E em 2021 e 2022, Marrocos comprou - novamente a Israel - drones, que seriam usados para vigilância e recolha de informações no Sahara Ocidental, drones kamikaze e o sistema intercetor de mísseis e antiaéreos Barak MX, acrescentou.
Assim, conclui o inquérito, com a normalização, a aliança militar entre Marrocos e Israel "já não é apenas um segredo. Está também a intensificar-se".
Neste contexto, Riccardo Fabiani, diretor do programa para o Norte de África do International Crisis Group (ICG), citado no inquérito, sublinhou que, com a normalização, a cooperação entre o regime de Makhzen e Israel "atingiu agora um nível totalmente novo e sem precedentes".
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