sábado, 30 de abril de 2011

Human Rights Watch acusa a diplomacia francesa de "duplo discurso"


A ONG internacional de Direitos Humanos, Human Rights Watch (HRW), acusou a França de violação dos seus novos compromissos, ao apoiar as aspirações de democracia nas sociedades árabes mas continuando a alinhar com Marrocos a ignorar o direito do povo saharaui à autodeterminação.

"A França, que denunciou com veemência as violações dos direitos humanos na Líbia e na Costa do Marfim, pratica uma política de “business as usual” com Marrocos, que a coloca numa posição indefensável face ao seu novo discurso sobre direitos humanos no mundo árabe", denunciou Philip Bolopion, representante da HRW para as Nações Unidas, citado hoje pelo jornal Le Monde.

Esta crítica incide especialmente sobre a atitude da diplomacia francesa na ONU, no momento em que estava a ser preparada a resolução do Conselho de Segurança (1979), que renovou por mais um ano o mandato da MINURSO no Sahara Ocidental.

Nas negociações sobre esse texto, Paris fez uma campanha na ONU para "impedir que o mandato da missão da ONU fosse extensivo à vigilância e o cumprimento dos direitos humanos no Sahara Ocidental", lembra o representante da ONG.

Uma posição completamente «coordenada» com a de Marrocos, observa Philip Bolopion, lembrando que ela tem constituído "uma constante na abordagem francesa sobre a questão desde há anos, mas que, no contexto da revolta árabe, ganha um relevo particular, colocando Paris sobre uma verdadeira plataforma de falsidade sobre a questão de valores."

Sem mandato adequado, a MINURSO está "incapacitada de dar sentido às coisas" em matéria de respeito pelos direitos humanos, afirma aquele dirigente, lamentando o facto  de que ela constitua a "única missão" das Nações Unidas em África desprovida de um mecanismo de acompanhamento permanente sobre esta questão.

O dirigente da HRW lembra também que o Reino Unido havia apoiado a ideia de uma missão para a região, apresentada pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a sul-Africana Navi Pillay, mas que esta proposta veio a ser recusada pela França, assim como pelos EUA".

Philip Bolopion afirmaria ainda que as autoridades francesas têm apelado a Marrocos para "mostrar mais flexibilidade sobre a questão do Sahara Ocidental, mas continuam sempre respeitar as linhas vermelhas do poder da monarquia alauita,  escondendo-se por detrás da posição norte-americana que apoia Rabat" . (SPS)

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