Inúmeras cidades nos territórios ocupados do Sahara Ocidental e do sul de Marrocos foram palco de manifestações pacíficas e concentrações de cidadãos que exigiam mais respeito pelos seus direitos socio-económicos e condenavam a políticas marroquina de exclusão e marginalização a que são sujeitos.
Segundo informações recebidas da CODESA, organização saharaui de defesa dos direitos humanos, os trabalhadores das minas de Fos-Boucraa, bem como muitas outros grupos e organizações colectivas saharauis, concentraram-se para reclamar o direito à sindicalização e a direitos sócio-económicos mais vastos, exigindo igualmente ao Estado marroquino revelar o destino dos desaparecidos saharauis e a libertação dos presos políticos saharauis.
Os cidadãos saharauis têm organizado manifestações pacíficas três vezes por semana (às segundas, quartas e sextas-feiras) diante da sede da administração da sociedade de fosfatos, a delegação da Energia e Minas e o Tribunal de Apelação de El Aiun. Desde 20 de Abril passado, os saharauis desempregados (em grande parte licenciados universitários sem trabalho) iniciaram uma concentração por tempo indeterminado diante da sede da delegação do Ministério do Trabalho, na rua de Meca, em El Aiun, (capital do Sahara Ocidental ocupada por Marrocos).
Exemplo desse protesto é o licenciado Mohamad Sghaier que faz greve de fome há 21 dias, para protestar contra o seu despedimento no dia 3 de Dezembro de 2010 de um cargo público. Foi-lhe prometido um outro trabalho, mas acabou por ver-se ultrapassado por uma outra pessoa, supostamente com o mesmo nome, que goza de estreitos laços com um funcionário marroquino influente.
Muitos outros grupos de saharauis no desemprego manifestam-se igualmente pelo direito ao trabalho. Denunciam a exclusão dos saharauis por parte das autoridades marroquinas. Os saharauis estão a ser duramente castigados pelo desemprego e pela pobreza, enquanto Marrocos continua a explorar e a espoliar os recursos do subsolo e das águas territoriais do Sahara Ocidental.
As vítimas saharauis de violações graves dos direitos humanos cometidas pelo governo marroquino iniciaram uma concentração que dura há já mais de 19 dias, diante das instalações do Conselho Nacional Marroquino dos Direitos do Homem. "Este grupo reclama o direito à integração social e condena a recusa de Marrocos em lhes oferecer emprego. Enquanto isso, outros grupos vítimas de violações de direitos humanos saharauis e de detenções arbitrárias organizam, todas as segundas e quintas-feiras, manifestações no mesmo local”.
Desde há dois dias que os trabalhadores da «Inaach» (programa de trabalho social, pelo qual as pessoas recebem magras prestações pela limpeza das ruas, sem que tenham direito a qualquer tipo de contrato de trabalho) organizam manifestações pacíficas diante da delegação da «Inaach" em El Aiun. Os trabalhadores desta instituição reivindicam o direito a serem considerados empregados com vínculo e a beneficiar de segurança de social e de saúde. Exigem igualmente ao Estado marroquino que pare com os despedimentos arbitrários e sem qualquer tipo de cobertura social.
Também a cidade de Tantan, no sul de Marrocos, tem conhecido uma forte presença policial desde há três semanas. As forças de segurança da cidade receberam ordens de impedir os saharauis a qualquer tipo de acesso à sede da província, após uma concentração no interior e exterior do edifício organizado por um grupo de desempregados saharauis que reivindicava o mesmo tipo de direitos dos grupos atrás citados.
Reivindicando as mesmas exigências, dezenas de saharauis manifestaram-se e concentraram-se em Goulimine, no sul de Marrocos, diante da sede da 5.ª província durante mais de dois meses, incentivados por inúmeros grevistas da fome. Também se realizaram inúmeras manifestações na estação de autocarros da cidade e da sede administrativa da província, com ataques brutais e repressão por parte das autoridades marroquinas. Estes ataques foram documentados pelo Comité saharaui para a Defesa dos Direitos do Homem de Goulimine através de várias declarações e relatórios.
Na cidade de Assa, no sul de Marrocos, decorreram imensas manifestações e marchas pacíficas após a morte do estudante saharaui "Hammadi Habbad," em Rabat, exigindo um inquérito imparcial sobre o ocorrido. Com o mesmo objectivo, os estudantes saharauis em Rabat haviam organizado manifestações pacíficas e greves de fome no campus "Souissi 1" para apoiar os seis estudantes saharauis detidos a 21 de Abril de 2011 e enviados para a prisão de Salé. (SPS)
Sem comentários:
Enviar um comentário