Sob o título “Nuevo tiempo árabe, mismos derechos. Descolonización y Derechos Humanos”, realizaram-se, durante os dias 11 e 12 de Maio, as V Jornadas sobre o Sahara Ocidental, organizadas pela Conferência de Reitores das Universidades Públicas Madrilenas (CRUMA) e coordenadas pela Oficina de Acción Solidaria y Cooperación da Universidade Autónoma de Madrid (UAM).
A sessão inaugural foi presidida por Margarita Alfaro, vice-reitora de Relações Institucionais e Cooperação da UAM, que anunciou a criação de um centro de formação para profissionais saharauis, uma iniciativa que parte do compromisso das seis universidades públicas madrilenas e que conta com o financiamento da Comunidade de Madrid. O objectivo deste centro será, através dos ministerios de Saúde e da Educação saharauis, oferecer uma formação mais especializada a enfermeiros e professores; no primeiro caso, como apoio ao escasso número de médicos que residem no Sahara Ocidental, e no segundo, para formar professores do ensino Primário com o objectivo de que passem a estar também capacitados para dar aulos no Secundário.
No acto de abertura intervieram também Javier López Roberts, subdirector do Círculo de Belas Artes, Mohamed Sidati, representante junto da UE da República árabe Saharaui Democrática (RASD), e Pepe Taboada, presidente da Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara, o quel questionou o papel desempenhado pelas nações europeias nas suas relações com o Magreb. Segungo Mohamed Sidati, “estas jornadas, con as mudanças que se estão a produzir no mundo árabe, assumem uma dimensão importante nestes momentos”.
A primeira mesa redonda realizou-se sob o título “Informação e Sahara Ocidental”, e nela participaram algunos dos jornalistas que, em Novembro passado, foram expulsos de El Aaiún. Todos eles foram unânimes em denunciar a censura que Marrocos aplica sobre a informação e a repressão constante que exerce sobre o trabalho dos jornalistas. Nicolás Castellanos, jornalista da SER, fez autocrítica ao afirmar que “o Sahara Ocidental está marginalizado inclusive dos órgãos de comunicação espanhóis mesmo quando parece que é objecto de um renovado interesse, como ocorreu em Novembro”. Para Trinidad Deiros, jornalista do Público, “existe a esperança de que actualmente muitos jóvens activistas começam a usar as redes sociais e outros meios para difundir informações, acções graças às quais a causa saharaui, que parecia condenada ao esquecimento, pode voltar de novo a ter um interesse informativo”. Mohamed Salem Abeid, director da televisão saharaui, retomou este tema e afirmnou: “as guerras que antes se travavam com balas no campo de batalha hoje têm lugar nos meios de informação”.
As jornadas prosseguiram com uma mesa redonda sobre cultura saharaui em que interveio a Ministra da Cultura da RASD, Jadidja Hamdi, e a participação de um conjunto vasto de políticos espanhóis de distintas formações que explicaram a posición dos seus respectivos partidos em relação ao tema do Sahara. Foi também debatida a situação dos territórios saharauis no contexto do novo tempo árabe numa mesa redonda moderada pelo professor Pedro Martínez Lillo, tendo-se igualmente analisada a cooperação universitária com o Sahara Ocidental.
Por último, na sessão de encerramento, Pepe Taboada, presidente da Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara, apresentou o último interveniente nas jornadas, Ahmed Boukhari — representante da Frente Polisario junto da ONU. O dirigente saharaui, para contextualizar a situação da luta saharaui, falou de “dois instrumentos, que utilizamos neste processo, os constantes e os variáveis. Os constantes são a força intrínseca que define o povo saharaui e a sua firme determinação e a “realpolitik”, o que signifaca, o apoio da comunidade internacional. Quanto aos variáveis, estão os centros de poder, cujos interesses influem no curso dos acontecimentos”. Também dentro dos instrumentos variáveis salientou “a primavera árabe, cuja influência na causa saharaui está ainda por ser avaliada”. Sobre os directos humanos, destacou a colaboração dos EUA na negociação da última resolução.
As V Jornadas terminaram ao som da música e do canto de Mariem Hassan, actualmente a voz mais representativa da música do Sahara Ocidental.
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