Christopher Ross e o SG da ONU, Ban Ki-Moon |
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, defendeu ontem o
trabalho do seu Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental, Christopher Ross, e
reiterou-lhe o seu "total apoio", depois do ministro dos Negócios
Estrangeiros espanhol, José Manuel García Margallo, ter criticado publicamente
o labor o diplomata norte-americano.
"Reitero o total apoio e plena confiança do
secretário-geral ao seu enviado pessoal para o Sahara Ocidental", afirmou
o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, ao ser questionado durante o seu encontro
diário com a imprensa sobre as palavras de Margallo em Rabat, onde expressou
pela primeira vez uma crítica ao trabalho de mediação de Ross.
O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros espanhol
expressou esta quarta-feira em Marrocos o seu desejo de que o enviado pessoal
do SG da ONU avançasse "mais rápido" no trabalho de mediação e
referiu que Ross deveria centrar-se "nos temas centrais desse dossiê em
vez de perder-se em temas acessórios".
"O secretário-geral sublinha que o seu enviado tem dado
amplas oportunidades às partes para debater os temas centrais durante as rondas
de negociações informais e que, até agora, as partes não se afastaram das suas
posições originais", respondeu esta sexta-feira Nesirky.
A polémica quanto a Ross foi desencadeada em maio, quando
Marrocos pediu a Ban que afastasse o seu enviado, ao considerar que não tinha
conseguido "nenhum verdadeiro avanço" no processo de negociações,
segundo disse então o ministro da Comunicação e porta-voz do governo
marroquino, Mustafa Jalfi.
Desde então, o secretário-geral reiterou em distintas
ocasiões a sua confiança no trabalho de Ross, enquanto a Frente Polisario
denunciou que a atitude de Marrocos obstaculiza ainda mais as negociações e põe
em causa a autoridade tanto de Ban Ki-Moon como do Conselho de Segurança da
ONU.
Marrocos nunca viu com bons olhos a nomeação de Ross em
janeiro de 2009 porque este foi embaixador na Argélia, país considerado como o
principal apoiante da Frente Polisario, e expressou em várias ocasiões que
suspeitava da sua parcialidade.
O anterior enviado pessoal para o Sahara, o holandês Peter
Van Valsum, foi destituído por declarações consideradas impróprias em que
considerava inviável realizar um referendo no Sahara Ocidental.
As negociações diretas entre marroquinos e saharauis sobre o
futuro da antiga colónia espanhola estão paralisadas ante a divergência de
posições entre as partes.
Marrocos, que ocupou o Sahara Ocidental em 1975, após o
abandono de Espanha, sustenta que a autonomia da região é a única saída viável
para o conflito, enquanto a Frente Polisario defende a realização de um
referendo de autodeterminação onde a independência seja uma das opções, o que
tem bloqueado as negociações.
22 de junho de 2012 (EFE)
Nota: A missão da ONU para o Sahara Ocidental criada pelo
Conselho de Segurança através da resolução 690 de 29 de abril de 1991 em
conformidade com as propostas de solução aceites em 30 de agosto de 1988 por
Marrocos e pela Frente Popular para a Libertação do Saguia el-Hamra e do Río de
Oro (Frente Polisario) tem justamente o nome para que foi criada:
MINURSO -
United Nations Mission for the Referendum in Western Sahara
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