Acampamento de refugiados saharauis na zona de Tindouf (Argélia) |
As principais associações espanholas presentes nos
acampamentos de refugiados saharauis de Tindouf (Argélia) recusaram retirar os
seus cooperantes, o que faria supor "ceder à chantagem" dos grupos
violentos.
Os grupos prossaharauis respondem assim à decisão do Governo
espanhol de enviar um avião militar à Argélia para repatriar doze cooperantes
espanhóis, dois franceses e um italiano ante os "indícios" de
possíveis ações terroristas contra cidadãos estrangeiros.
"A insegurança que possa existir nestas regiões do
mundo, por muito real que seja, não pode ser a justificativa para ceder à
chantagem e deixar abandonadas à sua sorte dezenas de milhares de refugiados
cujas vidas dependem totalmente da presença e do sacrificado trabalho dos
cooperantes e das pessoas com eles solidários ", afirmam as associações
signatárias de um comunicado.
Entre os grupos que subscrevem a declaração está a
Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara (CEAS-Sáhara),
Mundubat, Médicos del Mundo ou a Federación de Instituciones Solidarias con el
Sahara (FEDISA). O presidente da CEAS-Sáhara, José Taboada, explicou que outras
organizações se juntarão a esta tomada de posição nas próximas horas. "Nós
vamos em frente. Essa é a mensagem. Continuamos nos acampamentos", afirmou
Taboada, em declarações à Europa Press.
José Taboada, presidente da CEAS-Sáhara |
A evacuação foi voluntária, já que Espanha não tem
jurisdição na Argélia nem nas zonas administradas pela Frente Polisario, mas
Taboada recordou que a maioria dos cooperantes presentes nos acampamentos de
refugiados saharauis trabalham em projetos financiados pela Agência Espanhola
de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), dependente do
Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, pelo que "a
recomendação de abandonar a zona é praticamente um imperativo".
Na declaração, os grupos prossaharauis sublinham que após o
sequestro de Ainhoa Fernández, Enric Gonyalons e Rosella Urru, recentemente
libertados, "foram fortalecidas as condições de segurança (...)
minimizando os possíveis riscos". "Reiteramos a nossa confiança
absoluta nas medidas e meios que as autoridades da República Árabe Saharaui
Democrática adotaram para a proteção e segurança dos cooperantes",
afirmam.
As associações advertem que "qualquer retirada não
justificada dos cooperantes teria repercussões muito negativas sobre a situação
dos refugiados saharauis".
As organizações signatárias defendem que "o que ocorreu
não faz mais do que reiterar a necessidade de uma ação política e diplomática
mais decidida para pôr fim à situação de injustiça de que sofre o povo saharaui
desde há mais de 35 anos". "Esta solução passa inexoravelmente pelo
termo da ocupação do seu país por parte de Marrocos e pelo livre exercício do
direito de autodeterminação", referem no comunicado.
EUROPA
PRESS
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