O Presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD)
e secretário-geral da Frente Polisario, Mohamed Abdelaziz, afirmou ontem em
entrevista concedida ao diário basco GARA que as últimas ações de Rabat de
“bloquear as negociações para a realização do referendo de autodeterminação
levam a que o fator de um eventual regresso à guerra seja mais claro que nunca”.
A via armada continua latente.”Está na nossa agenda, nunca a
descartamos, e podemos ter que regressar a ela em qualquer momento. A ONU
reconhece o nosso direito a retomar as armas para defender a nossa terra da
invasão estrangeira, neste caso de Marrocos. Por essa parte, seria uma guerra
legítima, tanto moralmente como legalmente”, afirmou Mohamed Abdelaziz em
declarações ao GARA.
O Presidente saharaui
e SG da Polisario analisou durante o seu encontro com aquele órgão de
informação a situação atual do conflito saharaui.
Em resposta a uma pergunta do diário sobre as negociações
entre as partes, M. Abdelaziz referiu que atualmente os contactos entre as
partes estão parados “devido à posição intransigente de Marrocos, que decidiu
abandonar qualquer negociação com o enviado pessoal do SG da ONU para a
resolução do conflito. Abandonou a colaboração e o relacionamento com o enviado
especial da MINURSO. Ante tal caso de intransigência, a credibilidade das
Nações Unidas e, especialmente, do Conselho de Segurança está em jogo”.
Sobre a posição do atual executivo marroquino constituído
após as últimas eleições, Mohamed Abdelaziz afirmou ao diário basco que não “observámos nenhuma mudança na
posição do Executivo alauita relativamente ao anterior Governo. Nem uma pequena
mudança no que se refere à realização do referendo, nem no tema das
negociações, nem no que diz respeito aos direitos humanos, nem no caso do roubo
dos recursos naturais de que é alvo o nosso país.
Questionado sobre a posição do novo governo francês, o
presidente saharaui referiu que a França apoiou desde o início Marrocos e que
esta posição “não permite que os direitos humanos nos territórios ocupados pelo
Exército alauita sejam supervisionados pela ONU nem deixa que o conflito possa
tomar rumos de resolução, e que a referida postura conduziu a “muitas tensões
na região da África do Norte e provoca o agudizar dos problemas em lugar de os
melhorar”, afirma Abdelaziz.
“Creio que chegou o momento de o Governo francês optar por
outro caminho no que respeita ao conflito do Sahara Ocidental, e também no que
respeita ao norte de África; gostaríamos que corrigissem os erros que cometeram
até agora. Deveriam respeitar as resoluções da ONU e cumprir com a legalidade
internacional, afirma o presidente saharaui ao diário basco.
SPS
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