Causou sensação no
Conselho de Segurança quando o gigante petrolífero francês TOTAL assinou um
acordo de prospeção e exploração na parte ocupada do Sahara Ocidental em 2001.
Três anos mais tarde, a empresa retirava-se. Mas agora está de volta.
Em julho de 2011, a Western Sahara Resource Watch publicou
um artigo mostrando como a empresa nacional marroquina ONHYM (Office National
des Hydrocarbures et des Mines) definiu três novos grandes blocos petrolíferos no
sul do Sahara Ocidental, ao largo da costa.
Nenhuma empresa tinha, até então, assinado qualquer contrato de
exploração nesses blocos, segundo referia a ONHYM.
Agora, no entanto, torna-se claro que a companhia francesa TOTAL
assinou pelo conjunto dos três blocos, através de um contrato monstro de exploração
de petróleo. O novo mapa publicado no website da ONHYM mostra que os três
blocos do ano passado foram juntos num só bloco, cobrindo uma área incrível de 100.926,70
km². O nome do novo bloco é Anzarane Offshore, e é representado pela área rosa
na imagem acima.
Nenhuma data de publicação ou de produção surge na carta,
mas as propriedades do arquivo PDF mostram que ele data de 8 de março de 2012.
Um resumo publicado nas páginas web da ONHYM, a 27 de fevereiro de 2012, revela
que o acordo já foi assinado, outro diz que a assinatura teria ocorrido em
2011. O nome do bloco — e a participação da TOTAL na sua exploração — também
aparece no ficheiro informático publicado pela Longreach Oil and Gas a 19 de
março de 2012. O relatório da Longreach menciona que o bloco offshore da TOTAL foi
assinado "recentemente". Só agora, no entanto, é que a localização
exata do bloco Anzarane é clara. A WSRW não sabe quando é que o novo mapa foi descarregado
no website da ONHYM.
Uma fonte aponta como 75% a participação da TOTAL no bloco Anzarane.
Christophe de Margerie - PDG do Grupo TOTAL |
"O retorno da TOTAL ao Sahara Ocidental ocupado é uma
notícia triste para o povo saharaui. Ao fazê-lo, a TOTAL compromete diretamente
os esforços de paz da ONU e sabota o Direito internacional. Lançamos um apelo à
empresa para que reconsidere de imediato o seu envolvimento ", afirma Erik
Hagen, presidente da Western Sahara Resource Watch.
Erik Hagen disse que WSRW vai enviar o mais rápido possível uma
solicitação direta à TOTAL sobre a exatidão da informação publicada nas páginas
web da companhia nacional de petróleo de Marrocos. Nenhuma informação sobre o bloco
Anzarane consta no website da TOTAL.
Quando a TOTAL — então TotalFinaElf — assinou uma licença
para a mesma área, em 2001, o Conselho de Segurança pediu ao Gabinete Jurídico
da ONU para produzir um parecer sobre a legalidade do acordo da empresa com Marrocos.
O Gabinete Jurídico concluiu que seria uma violação do Direito internacional se
uma prospeção e exploração prosseguissem em detrimento dos desejos e interesses
do povo do território.
Fonte: Western Sahara Resource Watch
Fonte: Western Sahara Resource Watch
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