No dia 29 de dezembro de 2012, às
5 da madrugada, declarou-se um incêndio na aldeia de pescadores de Lasarga, 10
km. Ao sul da cidade ocupada de Dakhla.
Mais de 100 barracas de madeira foram
destruídas pelo fogo, e uns 500 pescadores perderam o seu equipamento, as suas
redes e, em muitos casos, os seus barcos.
As causas deste incêndio são
desconhecidas mas, segundo algumas fontes, a concorrência com os «reis dos
mares» (os generais do reino marroquino) poderão estar na origem do incêndio, qualificado
de criminoso. Não toleram a concorrência dos «pequenos» pescadores.
Todos os pescadores sinistrados são
marroquinos, e praticam a pesca tradicional de cefalópodes. Alguns têm autorização
oficial, outros são clandestinos. Só cerca de 5% de saharauis conseguiram uma licença.
As cifras oficiais divulgadas
pelos meios às ordens do Reino marroquino ocupante do Sahara Ocidental apresentam
grandes desvios em função dos anos e das declarações.
No entanto, na estratégia de
colonização, o rei de Marrocos, Mohamed VI deu ordem em 2001 de autorizar e
favorecer a construção de aldeias de pescadores para os colonos marroquinos. Foram
construídas quatro aldeias: Lasarga, Interift, Lbeirka (tichka) e a 111. A
composição de cada Aldeia de colonos marroquinos em 2012 era a seguinte:
Imtlan ou 111: número de barcos,
300; número de pescadores, 1.200.
Intireft ou Aarich: número de
barcos, 1.600; número de pescadores, 8.000.
Lasarga: número de barcos, 1.400;
número de pescadores, 6.000.
Lbairda ou Tchikina: número de
barcos, 800; número de pescadores, 5.100.
A direção de Pesca de Dakhla divulga
uma cifra total de 7.850 barcos artesanais oficialmente autorizados, e estima em
200 o número de barcos artesanais clandestinos.
Segundo estimativas de várias
organizações do setor e de associações ecológicas, os barcos clandestinos deverão
ultrapassar os 1.000.
Cada saída para o mar supõe uma
pesca de 160 kg. de polvo. Uma saída de pesca dura umas 12 h. E os pescadores saem
todos os dias excepto às sextas-feiras.
As autoridades de ocupação nunca respeitaram
as quotas de captura nem salvaguardaram o necessário repouso biológico das espécies
marinhas. Sempre fomentaram tacitamente as embarcações tradicionais que operam
ilegalmente nas águas da região.
Em 2009, os meios oficiais
marroquinos recordavam, no entanto, que a pesca excessiva de polvo levara ao
ponto de extinção da espécie nos anos 2000 e que esta tinha sido salva graças à
redução da frota pesqueira tradicional de 7.000 para 3.000 barcos, tendo sido indemnizados
com uma subvenção os que deixaram de fainar. Parece que a medida fracassou e que
as quotas não são mais que discursos políticos e demagógicos.
Estas práticas desordenadas,
destrutivas e ilegais representam um risco real para a riqueza pesqueira da
região do rio Eddahab e de Lagouira [NOTA: regiões do Sahara falsas inventadas
para o Sahara Ocidental por Marrocos].
*Fonte: Equipo Mediático – Territórios ocupados do Sahara Ocidental
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