Nações Unidas, 12/06/2013 - O representante da Frente POLISARIO junto das Nações Unidas, Bukhari Ahmed, instou hoje, quarta-feira, a ONU a que cumpra o princípio de autodeterminação para a descolonização do Sahara Ocidental, ocupado ilegalmente por Marrocos.
Em discurso pronunciado ante o
Comité de Descolonização da ONU, Bukhari Ahmed sublinhou que este Comité tem nas
suas mãos um mandato claro que é a razão de ser da sua própria existência, e
que se aplica em termos concretos ao Sahara Ocidental, e deve fazer todo o possível
para assegurar que “o povo saharaui exerça efetivamente, sem restrições ou coações
de nenhum género, o seu direito inalienável à autodeterminação, direito de que
tem sido privado pela força”.
O representante da Frente
POLISARIO recordou que os esforços empreendidos pela ONU desde 1991, com o Plano
de Resolução, chocaram com a intransigência de Marrocos.
“Marrocos opôs-se à implementação
desse Plano, que tinha já aceitado, ao dar-se conta que o referendo ia conduzir,
como é natural, à independência do povo saharaui”, assinalou.
Bukhari Ahmed recordou que no
ano 2003, James Baker, na altura Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental,
apresentou um plano de paz que o Conselho de Segurança aprovou por unanimidade,
“mas que não pôde ser aplicado porque Marrocos decidiu rejeitá-lo e proclamar
unilateralmente a sua soberania sobre o território saharaui, soberania que a
ONU não reconhece”.
O dirigente saharaui referiu
ainda que “Marrocos agora, sabota os esforços mediadores do Enviado Pessoal do Secretário-Geral,
Christopher Ross, sabotagem que se concretizou de forma clara quando em maio do
ano passado pediu publicamente ao S.G. da ONU que o despedisse do cargo”.
Bukhari Ahmed lamentou que a
ONU, e de maneira particular o Conselho de Segurança, “não tenham tomado ainda as
decisões e medidas que convençam efetivamente Marrocos da sua obrigação de
cooperar para a descolonização da última colónia em África inscrita na agenda do
Comité dos 24″.
"Este é o ponto fraco
que alimenta as esperanças de uma potência ocupante que deve ser eliminado, e já
chegou a hora de o fazer. Caso contrário, a ONU corre o risco não só de ser
envolvida numa situação que afeta seriamente a sua credibilidade, mas também de
ser usada pela potência ocupante para perpetuar o status quo de nem guerra nem paz, que lhe permite violar o direitos
humanos com impunidade, como provaram vários relatórios ", explicou o
representante da Frente Polisario na ONU.
“A ONU deve e pode sair deste
risco, para evitar ver-se implicada em algo contrário aos seus princípios e
propósitos descolonizadores, que a converte em parte do problema em lugar de
ser parte da solução”, acrescentou.
A Frente POLISARIO insistiu de
forma reiterada ante este Comité sobre a enorme responsabilidade que recai
sobre os ombros da ONU ante a prorrogação da grande injustiça cometida contra o
povo saharaui.
“É difícil de compreender que
esta tragédia colonial possa continuar a ter lugar em pleno século XXI, ante os
olhos da ONU que se encontra através da sua missão - a MINURSO - , no território,
missão que a obstrução marroquina reduziu praticamente a nada”, afirmou Bukhari.
O representante da Frente
POLISARIO qualificou Marrocos de país colonial, que pelo seu comportamento
contrário ao princípio de autodeterminação, se encontra fora da legalidade
internacional.
Bukhari Ahmed formulou o desejo
da Frente POLISARIO de que o Comité de Descolonização da ONU retome de forma
decidida o seu papel descolonizador e afronte com determinação o desafio que lhe
encarregam as suas próprias responsabilidades para completar o processo
descolonizador no Sahara Ocidental.
Por último, destacou a importância
da realização de uma sessão especial do Comité sobre o Sahara Ocidental, que
serviria para reafirmar o interesse do Comité sobre o tema.
SPS
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