sábado, 22 de fevereiro de 2014

EL PAIS: o Makhzen obtém a cabeça do Jornalista Ignacio Cembrero


Após 20 anos de bons e leais serviços, com muitas “caxas”, o correspondente do diário espanhol “El Pais” na região do Magrebe, Ignacio Cembrero, acaba de ser demitido das suas funções pela direção do jornal.

O conselho de redação do El Pais está obviamente furioso com este afastamento, que parece mais uma sanção, especialmente após a queixa apresentada pelo chefe do governo marroquino Abdelilah Benkirane contra Cembrero por "apologia do terrorismo" na sequência da difusão no blog do jornalista de um vídeo da AQMI. Um vídeo que levou também à detenção de Ali Anouzla, diretor do sítio informativo Lakome, e ao bloqueio das duas páginas do sítio, em árabe e francês.

Após uma reunião com o diretor do jornal, Javier Moreno, o comité de redação exigiu que a saída do jornalista fosse suspensa até à resolução da queixa apresentada pelo chefe de governo marroquino. Em vão.

Aparentemente, o Makhzen conseguiu convencer os principais dirigentes do jornal, especialmente Juan Luis Cebrian, o presidente da Prisa, empresa mãe do jornal — que passa por  ser um amigo pessoal de Felipe Gonzalez, antigo presidente do governo espanhol e que se tornou ao longo da última década, o mais eficaz lobista de Marrocos em Espanha.

Foi Ignacio Cembrero, em janeiro de 2005, o primeiro jornalista europeu, e um dos raros membros da imprensa, que conseguiu obter uma entrevista com o rei Mohamed VI.
Foi ele quem revelou o caso escandaloso do perdão real concedido pelo Soberano a Daniel Galvan Fina, um pedófilo condenado a três décadas de prisão por estupro de menores.
Certo é que, em Marrocos, não se gosta daqueles que estendem o espelho que nos mostra os nossos defeitos.

Autor: Badr Soundouss

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