domingo, 28 de setembro de 2014

10 Inspiradoras mulheres saharauis



As mulheres saharauis, em geral, são conhecidas pela sua força e perseverança, mas também por seu espírito livre dentro da sociedade do Sahara Ocidental. Durante o conflito entre o Sahara Ocidental e Marrocos, as mulheres saharauis tornaram-se a sua principal força.

Enquanto os homens saharauis lutavam contra Marrocos, as mulheres ficaram para trás para construir campos de refugiados no sul da Argélia. Hoje, as mulheres saharauis continuam a ser um símbolo de força nos campos de refugiados, no Sahara Ocidental e no resto do mundo. Há 10 mulheres saharauis que estão a ganhar notoriedade a nível internacional, embora o mundo ainda não as conheça.







Nadira Luchaa Mohemad
Nadira nasceu nos campos de refugiados mas viveu em Espanha a maior parte da sua vida. Ela é a primeira atriz saharaui. Em 2011, foi escolhida como a protagonista para o filme “Wilaya”, dirigido pelo diretor espanhol Pedro Pérez Rosado.

O filme recebeu vários prémios internacionais. Nadira foi nomeada para a distinção de melhor atriz no Film Festival do Abdu Dhabi em 2011. Atualmente, Nadira prossegue a sua carreira na Espanha.



Aziza Brahim
Ainda muito jovem, Aziza recebeu uma bolsa para frequentar a escola em Cuba, onde passou a maior parte da sua vida. Depois de terminar os seus estudos, voltou aos campos de refugiados, onde começou a sua carreira musical. A música de Aziza é conhecida pela sua mistura de música tradicional africana, blues, de rock, juntamente com jazz latino espanhol.

Em 2009, foi a finalista do Freedom to Create Prize; o prémio é dedicado ao poder da arte para combater a opressão e a quebrar estereótipos na sociedade global. Em 2012, Aziza foi premiada no Festival de Cinema de Málaga pelo seu papel e pela interpretação da trilha sonora original Biznaga, no filme “Wilaya”. Seu novo álbum Soutak (Vossa Voz) foi lançado em fevereiro de 2014.




Al-Kadra
Al-Kadra é avó de Aziza Brahim. É conhecida pela sua poesia, que tem sido símbolo de resistência contra a ocupação marroquina e de mobilização das mulheres nos campos de refugiados. Em 2012, teve uma intervenção de destaque na canal de TV Al-Jazeera na série de documentários Artscape: Poetas de protesto. A sua poesia e os seus versos continuam a inspirar não só a população saharaui, mas também artistas e poetas por todo o lado. Em numerosas ocasiões, artistas de diferentes lugares visitaram os acampamentos para trabalhar com Al-Kadra na composição de diferentes poesias que têm sido utilizadas em diversos festivais e eventos que têm tido lugar nos campos de refugiados.

Al-Kadra continua a ser uma fonte de inspiração e um símbolo de resistência e liberdade para os Saharauis nos campos de refugiados e um pouco por todo o mundo.


Senia Bachir Abderhaman
Nascida nos campos de refugiados, Senia, ainda muito muito nova, frequentou escolas-internato em diferentes cidades da Argélia. Foi a primeira jovem saharaui a quem foi atribuída uma bolsa global para frequentar o Red Cross United World College, na Noruega, fundado pelo ex-rainha da Jordânia Nor. Ao terminar os seus estudos na World College United, ganhou outra bolsa de estudos no Mount Holyoke College, nos EUA, tornando-se a primeira mulher saharaui a concluir os estudos naquela prestigiada faculdade.

Lá, recebeu o prémio McCulloch Center Global Engagement, pelo seu excecional compromisso na consciencialização sobre a questão do Sahara Ocidental. A experiência de Senia nos campos de refugiados e a sua história tem merecido destaque no website do Committee for Refugees and Immigration dos EUA, bem como em diferentes periódicos e revistas sobre temas africanos.

A educação e ativismo de Senia têm-na levado a lugares como as Nações Unidas e países como a Noruega, Alemanha, Suécia, EUA e Argélia. Atualmente, é frequenta  a pós-graduação do mestrado de Saúde Internacional na Universidade de Oslo, Noruega.



Sultana Jaya
Sultana é conhecida por seu ativismo pelos direitos humanos, mas principalmente notabilizou-se durante os protestos dos estudantes saharauis que tiveram lugar em Marraquexe, em 2007, quando centenas de estudantes saharauis protestaram contra o tratamento diário de que eram alvo por parte de professores e polícias.

Foi então presa pelas forças de segurança de Marrocos e levada para interrogatório, onde foi exposta a diferentes métodos de tortura, durante os quais perdeu um dos seus olhos. Como a sua história foi divulgada na Internet, tornou-se de imediato um símbolo da resistência saharaui contra a ocupação e as violações dos direitos humanos por parte de Marrocos.

Vários poetas e cantores saharauis têm escrito poemas e canções sobre a sua experiência e testemunho. Esteve em Espanha onde foi sujeita a uma delicada cirurgia ocular. Desde então, recebeu muitos prémios de direitos humanos, continua a participar em diferentes conferências e prossegue o seu ativismo contra a ocupação marroquina.



Rabab Amaidan
Nascida no Sahara Ocidental, as experiências de Rabab sob ocupação marroquina não foram nada agradáveis. Devido ao seu ativismo, a sua família vive sob vigilância constante por parte das autoridades marroquinas. Em 2006, seu irmão foi detido e preso pela segurança de Marrocos.

Na altura, ela tornou-se a voz pela liberação de seu irmão. Devido às ameaças que estava recebendo por parte dos serviços secretos de Marrocos, teve que partir para a Suécia, onde lhe foi concedido asilo, tornando-se o primeiro saharaui a quem concedido asilo político. Rabab e a sua família continuam a lutar na defesa da autodeterminação nacional e contra as violações dos direitos humanos no Sahara Ocidental.



Asria Mohamed
Asria viveu a maior parte da sua vida nos campos de refugiados. No entanto, ela é conhecida como uma das mais promissoras mulheres jornalistas e escritoras saharauis depois de ter completado seus estudos de Jornalismo e Comunicação na Universidade de Alarbi Ben Mheidy, na Argélia. Tornou-se, então, uma das principais vozes femininas na Rádio e Televisão Saharaui como apresentador e produtora.

Em 2010, foi escolhida para fazer parte do programa Peace Corps para ensinar árabe no Red Cross Nordic United World College, na Noruega. Em 2011, o seu primeiro livro “Between the Strong Sand and White Snow Lives My Hope for A Free Sahara” foi publicado pela Associação das Nações Unidas da Noruega. Atualmente, está estudando no programa de mestrado em Estudos de Comunicação na Universidade de Oslo, na Noruega, e a trabalhar no seu segundo livro.



Aminatu Haidar
Aminatu é conhecida como a 'Ghandi saharaui" tendo-se tornado conhecida depois de ter sido libertada de uma prisão secreta de Marrocos, onde estava detida há cerca de 12 anos. Devido à sua luta em defesa da não-violência contra Marrocos, foi-lhe recusada a entrada no Sahara Ocidental, onde nasceu e onde seus filhos vivem. O motivo deveu-se ao ter recusado escrever "marroquina", como nacionalidade, tendo sido então expulsa de volta para o aeroporto Lanzorate, nas Ilhas Canárias, onde encetou um mês de greve de fome. A sua greve atraiu não só os Media internacionais, mas também diferentes organizações e governos de todo o mundo.

Em 2008, foi agraciada nos Estados Unidos com o prémio Robert F. Kennedy Center for Justice & Human Rights, a que se juntam muitas outras dezenas de prémios em reconhecimento do seu ativismo e coragem. Aminatu continua a defender os direitos dos saharauis no Sahara Ocidental e em outros lugares.


Suilma Ali
Suilma Ali é uma compositora e cantora hispano-saharaui, que escreve as suas canções muitas vezes em espanhol. No entanto, o seu estilo de música afasta-se da forma tradicional que os saharauis têm conhecido; introduzindo algo novo e moderno. 

Tem participado em muitos programas, como o Sandblast Festival na Inglaterra. Tem também colaborado com diversos cantores de diferentes partes do mundo e, recentemente, foi escolhida para cantar uma de suas canções no The Voice, em Espanha.





Mariam Hassan
Conhecida como a "Voz do Sahara", a sua carreira musical foi lançada durante o conflito entre o Sahara Ocidental e Marrocos nos anos 70. Desde então, Mariem tem sido a voz que fala pelos saharauis. Através da sua música, ela foi capaz de sensibilizar e realizar concertos em diferentes partes do mundo.

Em 2007, atraiu a atenção da editora espanhola Nubenegra, onde lançou o seu álbum de estreia “Deseo”, após o que lhe foi diagnosticado um cancro de mama. No entanto, a sua doença e o lançamento do seu álbum não só inspiraram milhares de pessoas nos campos de refugiados e no Sahara Ocidental, como também em Espanha, onde reside atualmente. Mariam lançou o seu mais recente álbum "El Aiun sob fogo", em homenagem aos protestos que ocorreram no Sahara Ocidental, e em particular na capital do território ocupado.



Autora: Agaila Abba.  Saharaui jornalista freelance e escritora vocacionada em temas relacionados com o norte de África e do Médio Oriente.

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