quinta-feira, 25 de setembro de 2014

“Marrocos quer debilitar a Espanha apoiando a independência da Catalunha


Artur Mas, chefe da Generalitat, e o primeiro-ministro marroquino Benkirane
Uma tese muito contestável — até porque há muitos, muitos, independentistas catalães que não defendem esta visão «do inimigo do meu inimigo, meu amigo é...". 
Mas os factos recentes levam-nos a refletir sobre ela,  daí a divulgarmos aos nossos leitores…

"Desde há algum tempo que se via que algo estava passando entre o Makhzén de Marrocos e a Catalunha. Para começar, os caciques do independentismo catalão tornaram-se anti-saharauis. Mostram-se agora sempre contrários a que os Saharauis possam decidir o seu destino por si mesmos. O direito de autodeterminação que reclamam querem-no impedir aos saharauis, a quem esse mesmo direito é reconhecido pela legalidade internacional.

Há um ano atrás, o blog ”Desde el Atlántico”, do Professor de Direito Constitucional na Universidade de Santiago de Compostela, Carlos Ruiz Miguel, colocava em relevo o facto de os catalães, no momento de dizerem como vai ser a Catalunha independente, o primeiro ponto que tinham definido para a sua política externa era a criação de relações privilegiadas com Marrocos.

É evidente que, como o explica claramente Carlos Ruiz Miguel num artigo publicado na semana passada, Marrocos tem muito interesse em ver Espanha mais pequena e mais débil para poder vir a realizar os seus sonhos imperiais: ocupar Ceuta, Melilla e as Ilhas Canarias; e, em segundo lugar, “sendo Espanha a potência administrante do Sahara Ocidental, quanto mais débil for, menos capacidade terá para cumprir o seu dever. E, provavelmente, Espanha não só se enfraquece, como é eliminada do mapa...
A consequência é que TUDO O QUE DEBILITE A ESPANHA FAVORECE MARROCOS ", diz Carlos Ruiz Miguel.

Noureddin Ziani, cidadão marroquino que trabalha para os serviços secretos marroquinos desde 2000, expulso pelas autoridades espanholas
Parece que o governo de Madrid está ciente das intenções marroquinas. Por isso, o CNI espanhol (Centro Nacional de Inteligência) procedeu à expulsão de Noureddin Ziani, cidadão marroquino que a trabalha para os serviços secretos marroquinos desde 2000, com a missão de ajudar na conquista da independência da Catalunha. Ziani tornou-se uma fonte de conflito entre o governo central e o catalão, porque este último intercedeu contra o afastamento de agente marroquino com quem os independentistas catalães contavam para assegurar o voto dos muçulmanos residentes na Catalunha. Missão esta que necessita meios financeiros consideráveis e que, seguramente, corriam por conta do governo marroquino. Estava claro que a política de Rabat era apoiar quem pudesse debilitar o seu inimigo que é, neste caso, a Espanha, por ser a reconhecida potência administrante do Sahara Ocidental e por defender uma solução baseada na legalidade internacional, a saber, o direito à autodeterminação dos saharauis.


O interesse que Artur Mas (Chefe do Governo Catalão – a Generalitat) manifesta no ensino da língua árabe não é o mesmo quando fala sobre o ensino do castelhano nas escolas catalãs. Mas o mais grave é que Mas, em vez de chamar as associações de emigrantes marroquinos como ATIME, que tem promovido programas para crianças — incluindo os espanhóis que o queiram — a aceder ao ensino da língua árabe, vai assinar um acordo com o governo de Marrocos. A Junta Consultiva Islâmica Espanhola denunciou a iniciativa explicando que este acordo pressupõe uma atribuição da reivindicada soberania catalã. Sobretudo tratando-se de Marrocos, país conhecido pela sua manipulação da comunidade marroquina residente no exterior."

Fonte: Notícias del Sáhara

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