Alhucemas (Marruecos), 4 nov (EFE).- Milhares de pessoas
protestaram hoje na cidade rifenha de Alhucemas (norte de Marrocos), num ambiente
pacífico, contra a marginalização e a repressão a que são submetidas pelas autoridades
de Rabat, segundo denunciaram.
Estes protestos estalaram após a morte há uma semana nessa
cidade do jovem vendedor de peixe Mohcin Fikri, de 31 anos, esmagado num camião
de lixo quando tentava impedir que as autoridades destruissem com o veículo meia
tonelada de peixe espada, cuja pesca está proibida neste período.
"É um protesto contra a "hogra" (a
humilhação do cidadão comum por parte do Estado) e a marginalização que vive a
região a todos os níveis", afirmou à EFE Abdelsamad Burich, um dos manifestantes.
Os participantes concentraram-se na praça central Mohamed
VI e gritaram palavras-de-ordem como "todos
estamos tristes, o Makhzen (o sistema) nos mata", "o mártir deixou o
seu testemunho, não há que abandonar a causa" e "Mohcin morreu assassinado
e o Makhzen é o assassino".
Durante o protesta, os participantes levantaram pancartas
com consignas como "onde está a riqueza", "queremos uma distribuição
justa das riquezas", "não à destruição da escola pública" ou a
reivindicação "uma medicação gratuita".
Amin Idrisi, professor de 44 anos de idade, explicou à
EFE que aderiu ao protesto para demonstrar a sua indignação pela morte
"atroz" de Mohcin e para pedir que não se repitan eventos similares no
futuro.
Durtante os protectos foram empunhadas bandeiras berberes
e da República do Rif que existiu no norte de Marrocos entre 1921 e 1926, não
se vendo qualquer bandeira marroquina.
"A ausência da bandeira marroquina demonstra o nível
da desconfiança que temos em relação ao Estado", disse Nabil Batiuí, um
estudante de uns 20 anos.
A grande maioria dos manifestantes eram jovens de
ambos os sexos, embora também estivessem presentes pessoas de idade e famílias.
Os manifestantes terminaram o seu protesto com uma marcha
de velas por algumas das principaies artérias da cidade, em homenagem à vítima.
Na passada terça-feira, as autoridades judiciais
marroquinas anunciaram a detenção de onze pessoas, duas delas polícias e três
funcionários do Estado, que foram apresentadas ante o juiz de instrução com várias
acusações, entre elas a de "homicídio involuntário". EFE
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