Publicado a 27 abril, 2017 - Fonte: http://www.granma.cu/
Autor: Darcy
Borrero Batista
A 21 de abril, os governos da República de Cuba e do Reino
de Marrocos anunciaram e firmaram, na sede da Missão Permanente de Cuba na ONU,
o restabelecimento das relações diplomáticas a nível de embaixadores guiados
pelo desejo mútuo de desenvolver relações de amizade e cooperação entre os dois
países nos campos políticos, económico, cultural e outros.
O passo dado por Marrocos, de restaurar as relações
diplomáticas sem quaisquer condições, foi aceite por Cuba e, assim, se põe fim a 37 anos de rompimento unilateral
decretado a 22 de Abril de 1980 pelo Governo de Marrocos, alegando o
reconhecimento pelo Governo Revolucionário de Cuba da República Árabe Saharaui Democrática
(RASD) e a acreditação do primeiro embaixador saharaui em Havana.
Foi a segunda vez, desde que as relações diplomáticas
entre os dois países foram estabelecidas em 10 de Dezembro de 1959, que o
Governo de Marrocos rompeu relações com Cuba, já que a 31 de outubro de 1963, argumentando
o apoio cubano à Argélia, decidiu proceder ao rompimento pela primeira vez.
Marrocos retomou as relações diplomáticas com Cuba a 13 de Janeiro de 1964,
abrindo-se uma nova fase de relações fluídas, com um intercâmbio comércio importante
em ambas as direções, até à segunda rotura em 1980.
A decisão do atual Governo de Marrocos, de acordo com
Rabat, faz parte da implementação das orientações reais para uma diplomacia
proativa e aberta a novos países e áreas geográficas.
Cuba valoriza e aprecia o apoio de Marrocos nas Nações
Unidas desde 2006, votando a favor da resolução cubana contra o bloqueio económico,
comercial e financeiro imposto pelos EUA.
A posição cubana procura estabelecer as bases para
relações mutuamente benéficas com o Reino de Marrocos, de acordo com os
princípios e propósitos consagrados na Carta das Nações Unidas e do direito
internacional e em conformidade com o espírito e as regras estabelecidas na
Convenção Viena sobre relações diplomáticas, de 18 de abril de 1961.
A partir do acordado estão assentes as diretrizes para a
convivência civilizada da futura Embaixada de Marrocos com a Embaixada da RASD
acreditada em La Habana, como acontece hoje no seio da União Africana e em outros
países desse continente e do mundo. Tal passo insere-se no espírito da
proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz, adotada na
Segunda Cimeira da CELAC realizada em Janeiro de 2014.
As autoridades cubanas mantêm a sua posição solidária e invariável
com a autodeterminação do Sahara Ocidental e continuarão a fornecer o seu apoio
à formação de centenas de jovens saharauis nos seus centros educativos e com a
ajuda de cooperantes cubanos nas áreas de saúde e da educação. Agradecem,
igualmente, as manifestações de solidariedade inabaláveis do povo saharaui para
com a Revolução cubana e o a sua obra.
Depois de ser conhecido o reatamento, o ministro saharaui
para a América Latina e as Caraíbas, Omar Mansour, expressou a gratidão da RASD
a Cuba, à União Africana e a outros países "pela sua defesa do direito dos
povos à autodeterminação, à independência e à descolonização, bem como a sua fidelidade
aos princípios que regem a política internacional ".
Não obstante as interpretações erráticas de alguns sobre
esta notícia, a assinatura do Acordo constitui uma prova da vontade cubana, sem
esquecer a história, de desenvolver vínculos na base de princípios inabaláveis
da sua política externa e com a firme vocação de construir pontes entre povos e
nações.
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