segunda-feira, 1 de maio de 2017

Cuba-Marrocos: vontade política de construir pontes, sem esquecer a história e os princípios




Publicado a 27 abril, 2017 - Fonte: http://www.granma.cu/

A 21 de abril, os governos da República de Cuba e do Reino de Marrocos anunciaram e firmaram, na sede da Missão Permanente de Cuba na ONU, o restabelecimento das relações diplomáticas a nível de embaixadores guiados pelo desejo mútuo de desenvolver relações de amizade e cooperação entre os dois países nos campos políticos, económico, cultural e outros.

O passo dado por Marrocos, de restaurar as relações diplomáticas sem quaisquer condições, foi aceite por Cuba  e, assim, se põe fim a 37 anos de rompimento unilateral decretado a 22 de Abril de 1980 pelo Governo de Marrocos, alegando o reconhecimento pelo Governo Revolucionário de Cuba da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) e a acreditação do primeiro embaixador saharaui em Havana.

Foi a segunda vez, desde que as relações diplomáticas entre os dois países foram estabelecidas em 10 de Dezembro de 1959, que o Governo de Marrocos rompeu relações com Cuba, já que a 31 de outubro de 1963, argumentando o apoio cubano à Argélia, decidiu proceder ao rompimento pela primeira vez. Marrocos retomou as relações diplomáticas com Cuba a 13 de Janeiro de 1964, abrindo-se uma nova fase de relações fluídas, com um intercâmbio comércio importante em ambas as direções, até à segunda rotura em 1980.

A decisão do atual Governo de Marrocos, de acordo com Rabat, faz parte da implementação das orientações reais para uma diplomacia proativa e aberta a novos países e áreas geográficas.

Cuba valoriza e aprecia o apoio de Marrocos nas Nações Unidas desde 2006, votando a favor da resolução cubana contra o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA.

A posição cubana procura estabelecer as bases para relações mutuamente benéficas com o Reino de Marrocos, de acordo com os princípios e propósitos consagrados na Carta das Nações Unidas e do direito internacional e em conformidade com o espírito e as regras estabelecidas na Convenção Viena sobre relações diplomáticas, de 18 de abril de 1961.

A partir do acordado estão assentes as diretrizes para a convivência civilizada da futura Embaixada de Marrocos com a Embaixada da RASD acreditada em La Habana, como acontece hoje no seio da União Africana e em outros países desse continente e do mundo. Tal passo insere-se no espírito da proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz, adotada na Segunda Cimeira da CELAC realizada em Janeiro de 2014.

As autoridades cubanas mantêm a sua posição solidária e invariável com a autodeterminação do Sahara Ocidental e continuarão a fornecer o seu apoio à formação de centenas de jovens saharauis nos seus centros educativos e com a ajuda de cooperantes cubanos nas áreas de saúde e da educação. Agradecem, igualmente, as manifestações de solidariedade inabaláveis do povo saharaui para com a Revolução cubana e o a sua obra.

Depois de ser conhecido o reatamento, o ministro saharaui para a América Latina e as Caraíbas, Omar Mansour, expressou a gratidão da RASD a Cuba, à União Africana e a outros países "pela sua defesa do direito dos povos à autodeterminação, à independência e à descolonização, bem como a sua fidelidade aos princípios que regem a política internacional ".

Não obstante as interpretações erráticas de alguns sobre esta notícia, a assinatura do Acordo constitui uma prova da vontade cubana, sem esquecer a história, de desenvolver vínculos na base de princípios inabaláveis da sua política externa e com a firme vocação de construir pontes entre povos e nações.



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