O fotógrafo Gervasio Sánchez e a representante da Frente Polisario em Espanha Jira Bulahi Bad - Foto José Miguel Marco. |
Saragoça,10 fev
2018 (SPS)- O fotógrafo e jornalista espanhol, Gervasio Sánchez, organizador
esta semana em Saragoça da exposição "Visões saharauis", que reflete
as dificuldades da vida quotidiana dos saharauis e os sofrimentos a que estão
sujeitos devido a um exílio forçado que dura há 42 anos, afirmou que "tem
vergonha do comportamento do Estado espanhol no conflito saharaui que começou
pelo abandono do território em 1975 pouco depois da ocupação por parte de
Marrocos".
Veja as fotos da Exposição "Visiones Saharauis" em: http://bit.ly/2EwV0zc
Veja as fotos da Exposição "Visiones Saharauis" em: http://bit.ly/2EwV0zc
Mohamed Salem
Ahmed Hama, nascido em 1925, tem bilhete de identidade espanhol emitido a 28 de
novembro de 1973 em Smara e é pai de Sid Salek Mohamed, desaparecido em abril
de 1976 ma zona ocupada de Amgala quando tinha 15 anos e pastorava junto com o
seu irmão Yahdi, de 12 anos. Foto de Gervasio Sánchez
Gervasio Sánchez
acusou sábado em entrevista à agência espanhola EFE, todos os governos que
desde então se sucederam que levaram à "inação" da Espanha e,
especialmente, afirmou, "o governo do socialista Felipe Gonzalez marcado
pela hipocrisia e o cinismo ".
Felipe Gonzalez -
acrescentou o fotojornalista – aproximou-se bastante dos saharauis anunciando-lhes
que todos os espanhóis estavam a favor de sua causa, para traí-los de seguida,
lamentou o entrevistado.
A exposição do
fotojornalista espanhol, que estará patente até ao dia 1º de maio em Saragoça,
tenta explicar "a experiência vivida por quatro gerações de saharauis que
vivem em campos de refugiados". De um total de 30 imagens, o fotógrafo
detalha algumas das consequências desse conflito que fez centenas de
desaparecidos entre a população saharaui e milhares de pessoas mutiladas por
minas antipessoal.
Sánchez deplorou,
além disso, os papéis desempenhados por Estados como a Espanha e a França, que devido
aos seus interesses apoiam Marrocos.
"Se os
países mais próximos da zona de conflito no Sahara Ocidental estão do lado
marroquino, é difícil para outros países distantes, como a Alemanha ou a
Suécia, contribuírem para a solução do conflito por terem outros problemas
", acrescentou o repórter, que também deplorou a ameaça do uso do direito
de veto nas Nações Unidas sempre que se pretende prevenir a repressão
sistemática e violações dos direitos humanos nos territórios saharauis ocupados
".
Sánchez recorda
ter tido a experiência direta da repressão do poder das forças de segurança
marroquinas, que o forçaram a abandonar as zonas saharauis ocupadas onde ele
pretendia fazer grande parte da sua reportagem.
"Foi muito
difícil para mim trabalhar livremente e entrevistar quem eu queria", disse.
Na sua reporta,
o fotógrafo espanhol concentra a sua objetiva nos retratos de parentes de
pessoas desaparecidas, pessoas mutiladas por minas antipessoal marroquinas e
também retratos de crianças que beneficiaram do programa anual de férias da paz
organizado pelo movimento espanhol de solidariedade com o povo saharaui.
A sua exposição,
disse, tenta dar maior visibilidade à causa saharaui para que não seja
esquecida, esperando que a comunidade internacional possa assegurar a
implementação das resoluções da ONU e do direito internacional para permitir
para que essas pessoas possam usufruir do direito à autodeterminação que lhes
permita decidir livremente seu futuro. (SPS)
Gervazio Sanchez – Nasceu em Córdoba,
Espanha, em 1959. Como repórter fotográfico cobriu a maior parte dos conflitos
armados da América Latina e a Guerra do Golfo. Cobriu também vários conflitos em
África e na Asia, tendo trabalhado para diferentes meios como a Cadena SER, o serviço
espanhol da BBC (desde 1994) e para a revista Tiempo (desde o ano de 2000), obtendo
diversos prémios, como o prémio Ortega y Gasset de jornalismo e publicado vários
livros de fotografia.
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