Diz hoje a Lusa,
com base da revista Jeune Afrique, que “A diplomacia marroquina, que
recentemente reforçou a sua representação em Adis Abeba, sede da União Africana
(UA), vai apresentar uma moção destinada a excluir a República Árabe Saharaui
Democrática (RASD) da organização pan-africana, noticia hoje a imprensa.
Quanto mais o
seu isolamento mais as autoridades marroquinas – que quando se fala em
autoridades estamos a falar obviamente no Rei de Marrocos e o Mahkzen ou a sua
entourage - parecem entricheiradas nas
suas teses expansionistas que há muito a comunidade internacional vem
condenando, empreendendo uma fuga prá frente cujo desfecho se desconhece. O seu
isolamento no continente africano parece não levantar contestação e para isso
basta analisar as conclusões da recente cimenta da UA em Addis Abeba.
Segundo a
revista Jeune Afrique, nos “corredores” da sede da UA, os diplomatas
marroquinos em Adis Abeba não têm escondido a intenção, garantindo que o projeto
será apresentado em breve.
A revista de
atualidade virada para o continente africano mas desde sempre alinhada com Marrocos
refere que à decisão de Marrocos não é alheia a eleição do país para o Conselho
de Paz e Segurança da organização, a 26 de janeiro último.
Na ocasião, 39
países - mais de dois terços dos membros (55) - votaram a favor de Marrocos,
sem qualquer voto contra, mas com 16 abstenções, pelo que, nos “corredores”, a
ideia agora é convencer os indecisos.
Fontes citadas
pela revista semanal indicaram que, apesar de o voto neste tipo de decisões ser
eletrónico, logo, secreto, os marroquinos têm “uma ideia de quem são os
indecisos”, pelo que estão a intensificar a pressão, através dos lóbis, para os
convencer favoravelmente.
Paralelamente,
as autoridades de Rabat destacaram para Adis Abeba a maior e mais importante
representação diplomática em África.
Nesse sentido,
adquiriram um prédio, de sete pisos, em fase final de construção, próximo do
aeroporto de Bole (Adis Abeba), onde irão instalar a embaixada de Marrocos na
Etiópia, liderada por uma mulher, a embaixadora Nehza Alaoui M´Hamdi, e os
escritórios do representante permanente junto da UA, Mohamed Arrouchi.
A missão
diplomática marroquina contará também com representantes de vários ministérios
– Justiça, Agricultura, Economia e Ambiente -, albergando ainda uma célula dos
serviços secretos do país.
Marrocos
regressou à União Africana em janeiro de 2017, 33 anos depois de abandonar, em
1984, a então Organização da Unidade Africana (OUA), após esta ter reconhecido
a RASD (Sahara Ocidental) como país e a Frente Polisário (FP) como seu
representante legítimo.
O processo de
paz saharauí está num impasse há já vários anos devido a posições divergentes
entre as duas partes.
Diz a Lusa: “A
RASD, representada pela Frente Polisário, reclama a realização de um referendo
de autodeterminação, pretensão recusada pelas autoridades de Marrocos, que
propõem uma maior autonomia do território, mas sempre sob soberania marroquina”.
Pelo que se lê
do texto da agência noticiosa portuguesa mais parece que estamos a falar de um
Benfica Sporting… Mas a agência devia ater-se mais às decisões da ONU sobre o
tema. A questão do Referendo é uma premissa da comunidade internacional e foi
aprovada e aceite pelas duas partes do conflito – Marrocos e a Frente Polisario
– desde 1991. Foi isso que deu origem ao cessar-fogo após 16 anos de intensa
guerra e à criação, pela ONU, da Missão das Nações Unidas para o Referendo no
Sahara Ocidental (MINURSO), que está no terreno, tanto nas regiões do
território ocupadas por Marrocos, como nas regiões libertadas pela Polisario,
como nos campos de refugiados saharauis na região de Tindouf, no extremo
sudoeste da Argélia, junto à fronteira com o Sahara Ocidental.
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