domingo, 10 de fevereiro de 2019

Sahara Ocidental: traições socialistas






Fonte: Contramutis / Por Alfonso Lafarga

O PSOE já não se lembra do documento que firmou com a Polisario de defesa do povo saharaui

Assegurava que a responsabilidade de Espanha permanecerá enquanto o povo saharaui não obtiver a libertação total do seu território

Pedro Sánchez segue o caminho de González e Zapatero

Publicado a 6 fevereiro, 2019 - A longa lista de traições do Partido Socialista Obrero Espanho para com o povo saharaui, com o qual os socialistas se comprometeram e a quem abandonaram uma vez chegados ao governo, viu-se aumentada em janeiro passado com dois eventos que mostram o alinhamento de Pedro Sánchez com Marrocos: o apoio aos acordos comerciais da União Europeia com o país magrebino e a deportação de um líder estudantil saharaui que fugia da repressão marroquina.
No seu apoio aos acordos da UE com Marrocos, que contradizem os acórdãos do próprio Tribunal de Justiça Europeu que estabelecem que Marrocos e o Sahara Ocidental são territórios diferenciados, os eurodeputados socialistas, liderados nesta linha pró-marroquina de Elena Valenciano [vice-Presidente do PSOE no Parlamento Europeu], coincidiram com os do Partido Popular (PP), posição a que se juntaram os representantes do partido Ciudadanos [de centro-direita].
No momento de apostar por Marrocos contra os interesses saharauis existe uma conjugação entre o PSOE e o PP que não ocorre em outras questões, por mais abrangentes que sejam. Isso aconteceu em novembro do ano passado: os socialistas e populares impediram com seus votos a realização de um ato sobre o Sahara no Congresso dos Deputados, decisão da Mesa do Congresso que se encontra em recurso pelo Podemos Unidos perante o Tribunal Constitucional.
Esta "aliança" repetiu-se recentemente por ocasião da entrega a Marrocos do estudante saharaui Husein Bachir Brahim que chegou a Lanzarote e que procurava refúgio em Espanha fugindo à perseguição política da polícia marroquina. O PSOE e o PP, também com a colaboração do Ciudadanos, opuseram-se a que o Ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, explicasse no Congresso dos Deputados a deportação do estudante saharaui, que acabou numa prisão marroquina por "atividades políticas".
O Presidente do Governo e Secretário-Geral do PSOE, Pedro Sánchez, faz parte de um partido que traiu o povo que prometeu defender, como expressou no documento que assinou com a Frente Polisario em novembro de 1976: nele se especificava que a responsabilidade do Governo espanhol "permanecerá enquanto o povo saharaui sofrer as consequências da traição que a entrega do Sahara Ocidental acarreta e não obtiver a libertação total do seu território nacional".
Além de descrever como "nulos e ilegais" os acordos de Madrid pelos quais o Sahara Ocidental foi entregue a Marrocos e à Mauritânia, o Partido Socialista reconheceu neste acordo a Frente Polisario como único e legítimo representante do povo saharaui e apoiou a criação da República Árabe Saharaui Democrática (RASD).
Na mesma viagem, Felipe González, então Secretário-Geral dos Socialistas, comprometeu-se "com a história" até à vitória final do povo saharaui e fê-lo perante os refugiados saharauis em Tindouf (Argélia). Esta promessa traída — agora González é um acérrimo defensor da tese marroquina, tal como José Luis Rodríguez Zapatero — irá persegui-lo toda a sua vida.
Foram os anos de empenho e solidariedade dos líderes socialistas com a luta do povo saharaui, tanto nos anos de oposição como nos primórdios da sua entrada no governo. Alfonso Guerra declarou ao jornal argelino El Moudjahid que eles haviam contribuído para que a Europa e a Internacional Socialista levassem em consideração a legitimidade e representatividade do movimento saharaui e que o PSOE "agora que está no poder continuará a ser partidário da autodeterminação do povo saharaui e o amigo da Polisario". Foi chegar ao governo e tudo começou a mudar.
Há oito meses que o Executivo Socialista prossegue em relação ao Sahara Ocidental o mesmo caminho do governo de Mariano Rajoy com o argumento de que é "uma questão de Estado", com os votos na União Europeia a favor de Marrocos e a entrega do líder estudantil. Pedro Sánchez alinhou-se definitivamente no caminho pró-marroquino dos seus antecessores González e Rodríguez Zapatero, o mesmo defendido por Miguel Ángel Moratinos e Trinidad Jiménez, entre outros, e agora apoiado por Josep Borrell, Elena Valenciano ...
O PSOE de Pedro Sanchez continua sem denunciar o que acontece nos territórios do Sahara Ocidental ocupado pelo Marrocos, nas cidades do sul marroquino com a população saharaui e nas prisões marroquinas em relação aos presos saharauis, onde em janeiro de 2019 se continuaram a violar os Direitos Humanos, como foi o caso da expulsão de cinco observadores internacionais, de acordo com a seguinte relação elaborada com dados de organizações sociais e meios de comunicação saharauis.
Enero saharaui 2019



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