Fonte: Contramutis /
Por Alfonso Lafarga
• O
PSOE já não se lembra do documento que firmou com a Polisario de
defesa do povo saharaui
• Assegurava
que a responsabilidade de Espanha permanecerá enquanto o povo
saharaui não obtiver a libertação total do seu território
• Pedro
Sánchez segue o caminho de González e Zapatero
Publicado
a 6 fevereiro, 2019 - A longa lista de traições do Partido
Socialista Obrero Espanho para com o povo saharaui, com o qual os
socialistas se comprometeram e a quem abandonaram uma vez chegados ao
governo, viu-se aumentada em janeiro passado com dois eventos que
mostram o alinhamento de Pedro Sánchez com Marrocos: o apoio aos
acordos comerciais da União Europeia com o país magrebino e a
deportação de um líder estudantil saharaui que fugia da repressão
marroquina.
No
seu apoio aos acordos da UE com Marrocos, que contradizem os acórdãos
do próprio Tribunal de Justiça Europeu que estabelecem que Marrocos
e o Sahara Ocidental são territórios diferenciados, os
eurodeputados socialistas, liderados nesta linha pró-marroquina de
Elena Valenciano [vice-Presidente do PSOE no Parlamento Europeu],
coincidiram com os do Partido Popular (PP), posição a que se
juntaram os representantes do partido Ciudadanos [de centro-direita].
No
momento de apostar por Marrocos contra os interesses saharauis existe
uma conjugação entre o PSOE e o PP que não ocorre em outras
questões, por mais abrangentes que sejam. Isso aconteceu em novembro
do ano passado: os socialistas e populares impediram com seus votos a
realização de um ato sobre o Sahara no Congresso dos Deputados,
decisão da Mesa do Congresso que se encontra em recurso pelo Podemos
Unidos perante o Tribunal Constitucional.
Esta
"aliança" repetiu-se recentemente por ocasião da entrega
a Marrocos do estudante saharaui Husein Bachir Brahim que chegou a
Lanzarote e que procurava refúgio em Espanha fugindo à perseguição
política da polícia marroquina. O PSOE e o PP, também com a
colaboração do Ciudadanos, opuseram-se a que o Ministro do
Interior, Fernando Grande-Marlaska, explicasse no Congresso dos
Deputados a deportação do estudante saharaui, que acabou numa
prisão marroquina por "atividades políticas".
O
Presidente do Governo e Secretário-Geral do PSOE, Pedro Sánchez,
faz parte de um partido que traiu o povo que prometeu defender, como
expressou no documento que assinou com a Frente Polisario em novembro
de 1976: nele se especificava que a responsabilidade do Governo
espanhol "permanecerá enquanto o povo saharaui sofrer as
consequências da traição que a entrega do Sahara Ocidental
acarreta e não obtiver a libertação total do seu território
nacional".
Além
de descrever como "nulos e ilegais" os acordos de Madrid
pelos quais o Sahara Ocidental foi entregue a Marrocos e à
Mauritânia, o Partido Socialista reconheceu neste acordo a Frente
Polisario como único e legítimo representante do povo saharaui e
apoiou a criação da República Árabe Saharaui Democrática (RASD).
Na
mesma viagem, Felipe González, então Secretário-Geral dos
Socialistas, comprometeu-se "com a história" até à
vitória final do povo saharaui e fê-lo perante os refugiados
saharauis em Tindouf (Argélia). Esta promessa traída — agora
González é um acérrimo defensor da tese marroquina, tal como José
Luis Rodríguez Zapatero — irá persegui-lo toda a sua vida.
Foram
os anos de empenho e solidariedade dos líderes socialistas com a
luta do povo saharaui, tanto nos anos de oposição como nos
primórdios da sua entrada no governo. Alfonso Guerra declarou ao
jornal argelino El Moudjahid que eles haviam contribuído para que a
Europa e a Internacional Socialista levassem em consideração a
legitimidade e representatividade do movimento saharaui e que o PSOE
"agora que está no poder continuará a ser partidário da
autodeterminação do povo saharaui e o amigo da Polisario". Foi
chegar ao governo e tudo começou a mudar.
Há
oito meses que o Executivo Socialista prossegue em relação ao
Sahara Ocidental o mesmo caminho do governo de Mariano Rajoy com o
argumento de que é "uma questão de Estado", com os votos
na União Europeia a favor de Marrocos e a entrega do líder
estudantil. Pedro Sánchez alinhou-se definitivamente no caminho
pró-marroquino dos seus antecessores González e Rodríguez
Zapatero, o mesmo defendido por Miguel Ángel Moratinos e Trinidad
Jiménez, entre outros, e agora apoiado por Josep Borrell, Elena
Valenciano ...
O
PSOE de Pedro Sanchez continua sem denunciar o que acontece nos
territórios do Sahara Ocidental ocupado pelo Marrocos, nas cidades
do sul marroquino com a população saharaui e nas prisões
marroquinas em relação aos presos saharauis, onde em janeiro de
2019 se continuaram a violar os Direitos Humanos, como foi o caso da
expulsão de cinco observadores internacionais, de acordo com a
seguinte relação elaborada com dados de organizações sociais e
meios de comunicação saharauis.
Enero
saharaui 2019
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