Fonte
e foto: El Diario / EFE / Por Antonio Broto - O
muro de terra de 1.468 quilómetros que separa o Sahara Ocidental
ocupado por Marruecos do que controla a Frente Polisario, conhecido
como Berm (aterro), é um dos maiores campos minados do mundo, mas a
ONU acredita que com vontade política a parte saharaui pode ficar
livre de minas dentro de um ano.
“Com
3,5 milhões de euros mais, algo que em termos de ajuda internacional
não é muito, essa parte do muro ficaria livre de minas, e
poderíamos alcançar esse objectivo já no ano de 2020”, segundo
referiu à agência Efe a diretora do Serviço das Nações Unidas de
Atividades relativas a Minas (UNMAS), Agnes Marcaillou.
A
situação no Sahara Ocidental foi um dos principais temas de uma
reunião internacional em Genebra, na qual representantes da agência
e várias ONGs analisaram as suas prioridades contra as minas, armas
que, muitas vezes, matam muito depois do fim de um qualquer conflito.
No
caso saharaui, onde Alemanha e Espanha são os principais doadores, o
UNMAS estabeleceu um orçamento modesto de 100.000 dólares,
destinado principalmente à integração social e económica das
vítimas das minas a leste do muro, mas isso não obscurece a
magnitude do problema ou a necessidade de resolvê-lo.
O
muro que Marrocos foi construindo enquanto ocupava territórios
saharauis esconde minas antitanques na sua parte central e minas
antipessoal nas laterais, num total de 10 a 40 milhões de artefatos
mortíferos, de acordo com diferentes fontes.
Atualmente,
a principal função do UNMAS é informar das zonas perigosas, embora
a desértica orografía do território dificulte esse labor.
"Na
verdade, a zona é areia em movimento, sujeita a ventos fortes, por
isso às vezes as minas podem ser levadas de uma área assinalada
para outra que não o está", disse Marcaillou numa reunião com
jornalistas.
Juntamente
com o UNMAS, estão organizações não-governamentais — como a
Geneva Call, que supervisiona acordos de desarmamento em zonas de
conflito — que trabalham no Sahara Ocidental em operações de
desminagem e ajudaram a destruir já mais de 20.000 minas
antipessoal.
No
início deste ano, a responsável daquela ONG para África, Catherine
Hiltzer, testemunhou a destruição de um carregamento de 2.485
destas minas por parte da Frente Polisario, como parte dos
compromissos assumidos pela organização saharaui em 2005.
"Os
civis são frequentemente vítimas de minas antipessoais, uma vez que
estas armas não discriminam entre um objetivo militar e um civil
inocente, pelo que a destruição de 20.000 minas pela Frente
Polisario é uma vitória decisiva para a humanidade", comentou
Hiltzer.
O
UNMAS sublinha a importância da participação da sociedade civil em
programas de sensibilização sobre o perigo das minas, e no caso do
Sahara Ocidental as mulheres são as grandes protagonistas.
“Temos
inclusive mulheres saharauis participando em trabalhos de
desminagem”, sublinha a diretora do UNMAS, que refere que a sua
integração nestes trabalhos ajuda a que os setores mais
conservadores das suas sociedades valorizem mais o papel da mulher.
O
principal escolho para desminar o Muro está reside no facto de o
conflito saharaui continuar latente pese embora o fim teórico do
confronto armado há mais de 25 anos, o que se traduz na recusa
marroquina em colaborar com o UNMAS.
“Até
que seja encontrada uma solução política, e sabemos como é
difícil encontrá-la, não intervimos no lado marroquino”,
reconhece Marcaillou, que recorda que muitos dos habitantes da zona
afetada “são beduinos nómadas que não entendem nada de
fronteiras”.
Segundo
a Campanha Internacional para a Proibição das Minas Antipessoal,
mais de 2.500 pessoas morreram desde 1975 no Sahara Ocidental devido
a este tipo de armamento, sendo que as vítimas não se limitam ao
período de conflito aberto entre 1975 e 1991, já que por exemplo em
2018 houve 22 mortos.
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