Por
Jesús Cabaleiro Larrán -17/06/2019 - Ahmed
Ettanji, de 31, anos,
é jornalista
saharaui e
membro da
equipa
fundadora
da “Equipe
Media”, criado
há dez
anos.
Nascido
em El
Aaiún sofreu
as represálias
das autoridades marroquinas
pelo trabalho
que leva a
cabo de informar, dando testemunho
do que sucedendo no Sahara.
Em
abril
passado,
juntamente
com o seu
companheiro
Mohamed Mayara, recebeu
em Córdoba, o
XII Prémio
Internacional de Jornalismo
Julio Anguita
Parrado. Na
altura dedicaram o prémio
aos seus
companheiros
que “enfrentam
as
perseguições,
os
espancamentos e a prisão por
parte das autoridades marroquinas”.
Na
apresentação
do relatório de
Repórteres
sem Fronteiras
em Madrid,
no passado
dia
11 de junho
(2109) referiu
que no
Sahara há
um muro físico
que divide o
território
mas também um
muro mediático.
Na
sua intervenção
recordou
os observadores
internacionais
expulsos desde o
início do ano no Sahara
porque Marrocos
“não
quer
testemunhas”,
sublinhando
que o trabalho
profissional
que é feita pela Equipe
Media tem por
objetivo “romper
o bloqueio
informativo e
documentar as
violações
dos direitos
humanos por parte do
ocupante
marroquino”,
acrescentando
que o seu trabalho se rege pelo Direito
Internacional
humanitário.
Qual
a a atual situação
informativa no
Sahara?
Ahmed
Ettanji: A
situação
atual é
muito
difícil porque a
repressão
marroquina
aumentou
muitíssimo como também aumentam
as denúncias
internacionais
sobre a
situação,
tenho
previsto, por exemplo ir ao Conselho
dos Direitos
Humanos em
Genebra
onde irei
apresentar o relatório de
Repórteres
sem
Fronteiras.
Como
avalia o relatório elaborado
pela secção
espanhola
de Reporteres
sem
Fronteiras
apresentado
em Madrid?
AE:
Este relatório
é uma peça muito importante para
romper o
bloqueio
informativo, para iniciar a
construção de uma base
de dados
por parte de Repórteres
sem Fronteiras
e informar sobre
a situação que se vive no território que há muito tempo
está
silenciada por
várias
organizações
internacionais.
Como
encara o
julgamento no próximo dia 24
da sua
companheira
na Equipe
Media, Nazha El Khalidi, acusada de “usurpar” a
profissão de
jornalista?
AE:
É uma
acusação
extremamente
ridícula,
acusam-na por
filmar uma
manifestação
sem possuir um título
profissional,
mas o que acontece é que os jornalistas com título
ou sem título
não podem
filmar manifestações.
Os
jornalistas
saharauis não
reconhecem
a ocupação
marroquina,
a lei
marroquina
criminaliza os
jornalistas saharauis...
Estamos
a falar de
algo que
Marrocos
não
quer que se
saiba, a
situação
existente no Sahara
Ocidental.
Em
que
situação se
encontra
a língua
espanhola
no território
do Sahara?
O Instituto
Cervantes anunciou
que abriria
uma antena
em El
Aaiún e uma
outra
nos
acampamentos
de Tinduf para compensar.
AE:
A situação
da língua espanhola está muito mal, há um declínio do castelhano
no Sahara devido a vários fatores, a ocupação marroquina eliminou
tudo o que esteja relacionado com a colonização espanhola, fechou
as escolas espanholas e hoje em dia é obrigatório estudar o Francês
no Sahara . Outro fator é a Espanha, que não tem velado por
promover o espanhol no Sahara. Uma sala de aula seria muito útil,
mas nem a Espanha nem o Instituto Cervantes têm vontade de o fazer.
Há
que recordar
também a
situação
dos estudantes
saharauis nas
universidades
marroquinas
já que
no território
do Sahara
não existe
universidade.
Alguns foram
assassinados
ou perseguidos ou presos.
Os
estudantes saharauis sofrem
muitas
violações
dos direitos
humanos, nas
universidades marroquinas sofrem a marginalização,
são
perseguidos,
detidos,
vigiados e
discriminados
por parte dos professores
e da direção
das
universidades.
Não
podemos esquecer porém
os saharauis
que estão ao serviço de
Marrocos e que vivem no território à
sua sombra,
alguns desde o início do conflito.
AE:
Em qualquer causa e conflito há
sempre vendidos,
são comprados por
Marrocos mas
não têm influência no Sahara
Ocidental. Nós, como saharauis, exigimos sempre o referendo, que os
saharauis votem se quiserem autonomia ou independência, mas o
Marrocos teme uma
tal consulta.
Nós reivindicamos a democracia, seja
qual for o resultado,
mas através da
vontade expressa nas urnas através de um referendo.
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