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No momento em que Marrocos vê a generalidade dos mais importantes orgãos de informação internacionais criticarem o seu estatuto de potência ocupante do Sahara Ocidental na sequência da negociata engendrada pelo cessante presidente dos EUA, Donald Trump, o primeiro-ministro marroquino, do Partido da Justiça e Desenvolvimento (islamita) tenta condicionar a posição de Espanha sobre o conflito na cena internacional, nomeadamente a nível da ONU e do Conselho de Segurança.
A estratégia é já antiga e Marrocos tem-na utilizado por diversas vezes, de forma mais atenuada ou mais dramatizada: a soberania marroquina sobre os territórios espanhóis de Ceuta e Melilha, e o seu regresso à «mãe pátria»....Mas o Reino de Mohamed VI tem também outras formas de condicionamento e pressão: toneladas de haxixe produzidas localmente ou cocaína em trânsito da América do Sul, vagas de emigrantes ilegais e terrorismo são outras das cartas que o regime marroquino detém no seu baralho diplomático. Por vezes, excede-se e passa mesmo à provocação armada. Todos estamos lembrados da ‘guerra’ pela ilhota deshabitada de Perejil, perto da cidade de Ceuta, a poucos metros da costa de Marrocos, no estreito de Gibraltar, que Marrocos invadiu 2002 e que teve de recuar com o ‘rabo entre as pernas’ face à decisão pronta e musculada do Governo do PP espanhol de José María Aznar.
Ontem, o presidente do governo marroquino, Saad Eddine El Othmani, falou no canal de televisão local Al-Achargh sobre as duas cidades espanholas de Ceuta e Melilla. O primeiro-ministro marroquino explicou que quando a questão do Sahara Ocidental — que é uma prioridade do regime marroquino, como sublinhou — , for resolvida, será altura de falar de Ceuta e Melilha. "É hora de falar sobre esse assunto depois de 5 ou 6 séculos", disse o primeiro-ministro.
Os meios de comunicação espanhóis calaram-se perante a clara agressão do primeiro-ministro marroquino, Saad Eddine El Othmani. Recorde-se que para além dessas duas cidades, Marrocos apresentou recentemente uma pretensa ‘divisão’ das águas territoriais na plataforma Canária que é um atentado à soberania do Estado espanhol e levantou uma profunda irrritação em Espanha e, em particular, no arquipélado das Canárias.
Ao contrário da Venezuela, Síria e outros pontos quentes do mundo, a cobertura do que está acontecendo no Sahara Ocidental pelos orgãos de comunicação espanhola limita-se a ocultar as agressões marroquinas. Facto vergonhoso este, segundo os meios saharauis, que caracteriza a grande maioria da imprensa do país que foi (e ainda é segundo o direito internacional e a própria ONU) sua potência colonial e administrante. Mas enquanto as autoridades de Madrid seguem a política da avestruz e do “não me comprometa”, a imprensa do limita-se, em geral, a divulgar o que dizem os grandes meios de comunicação marroquinos, sem ir mais longe e sem aprofundar criticamente os acontecimentos e ouvir o contraditório saharaui, daqueles que estão no terreno.
Fonte: redação do blog + Ecsaharaui
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