domingo, 24 de janeiro de 2021

Exército de Libertação Popular Saharaui ataca as forças de ocupação marroquinas em El Guerguerat, no extremo sul do Sahara Ocidental


Veja a reportagem da TV France24

Fontes do Ministério da Defesa Nacional saharaui confirmaram que forças do Exército de Libertação Popular Saharaui (ELPS) levaram a cabo ontem, ao final do dia, um ataque militar na região de Guerguerat, no extremo sul do Sahara Ocidental, a escassos quilómetros da fronteira com a Mauritânia.

Segundo o comunicado do Governo da RASD, “o exército saharaui lançou quatro mísseis contra a brecha ilegal de Guerguerat e seus arredores. Dois atingiram a zona de “Lawenia” e os outros dois flagelaram a parte norte da brecha ilegal.

Recorde-se que o reatamento da guerra de libertação no Sahara Ocidental, no passado dia 13 de novembro, teve como origem este preciso ponto, quando o exército marroquino atacou civis saharauis que impediam o trânsito na artéria que faz escoar as riquezas naturais do território ocupado para a África e Europa, através desta passagem para a Mauritânia. Desde que o acordo de cessar-fogo foi subscrito pelas duas partes - Marrocos e a Frente Polisario - em 1991 , a zona era considerada “tampão”, e por isso desmilitarizada e inviolável, ao logo de 5 km para cada lado do muro de defesa construído pelas forças marroquinas. O flaqueamento do muro e a abertura da brecha ilegal para escoamento de mercadorias foi considerado pela parte saharaui uma violação ao acordo de 1991 e denunciado junto da ONU ao longo de anos .


Foto da agência noticiosa marroquina MAP de El Guerguerat: ela mostra
o que tem sido o esbulho dos recursos saharauis ao longo dos anos
 


Mais de 7 milhões de minas

A ofensiva do exército saharaui, na fronteira sul do Sahara Ocidental com a Mauritânia, surge um dia depois das ofensivas e operações de perseguição levadas a cabo por combatentes saharauis no interior do sul do território de Marrocos, a mais de 2500 km de distância entre as duas operações militares.

Depois de ter invadido a zona desmilitarizada de El Guerguerat e ocupar os cerca de cinco kms que distam até à fronteira mauritana, o exército de ocupação marroquino plantou um novo campo de 12.000 minas antipessoal, de aproximadamente 4 quilómetros de comprimento, no sul do Sahara, desde El Guerguerat até ao posto 55 da Mauritânia. Um número importante a juntar às cerca de 7 milhões de minas já existentes e que têm sido trágicas para militares e, sobretudo, civis saharauis que pastoreiam o seu gado, na tradição nómada dos seus antepassados. Ver relatório AQUI

Segundo os saharauis, a “plantação” de 12 mil minas anti-pessoal é mais uma "flagrante" violação do cessar-fogo a juntar à ação de 13 de novembro, assegurando essas fontes que a ação marroquina "deita por terra" o trabalho realizado durante os últimos catorze anos para desminar cerca de 150 milhões de metros quadrados nos territórios libertados e desativar 41.000 minas, bombas de fragmentação explosivos graças ao esforco da Frente Polisario, das suas mulheres, das Nações Unidas e algumas ONGs internacionais.

O ataque saharaui à zona de El Guerguerat, embora simbólico, já que foi aqui que tudo recomeçou, é apenas mais um dos 527 bombardeamentos e ataques militares levados a cabo pelo ELPS contra três dezenas de objetivos marroquinos ao longo dos dois últimos meses. Embora as autoridades marroquinas tenham tentado abafar até agora os efeitos dos confrontos militares com os saharauis, o que é certo é que os seus militares sentem na carne os seus efeitos.

Desta vez, porém, nada mais restava às autoridades militares e políticas marrroquinas do que confirmarem o ataque dos saharauis a El Guerguerat, embora tentem, a todo o custo, mitigar e desvalorizar os seus reais efeitos.

Foram muitos os orgãos de comunicação internacionais que difundiram a notícia do ataque do Exército Saharaui contra a brecha ilegal de El Guerguerat, entre os quais a Agência EFE, el canal oficial de la Radio Television Española RTVE, Aps.dz, el rotativo El Mundo, El Español, La Vanguardia, France24, El Periódico entre muitos outros.


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