O porta-voz da ONU, Farhan Haq |
Nova Iorque (ECS). – O porta-voz da ONU, Farhan
Haq, suscitou controvérsia ao afirmar que não há guerra no Sahara Ocidental, e
que a Missão da ONU para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) não recebeu
qualquer informação sobre os ataques marroquinos contra civis saharauis.
"No que diz respeito à guerra e aos ataques
contra civis saharauis, o ponto básico é que a MINURSO relata tudo o que
constitui uma violação dentro da sua área de operações (...). Recebemos
detalhes quando isso acontece. Se não houver violações dentro da sua própria
área de operações, não há nada que tenhamos de partilhar sobre isso",
disse o porta-voz da ONU Farhan Haq, quando questionado. Acrescentou: "É
claro que o Secretário-Geral informa regularmente sobre o trabalho que a MINURSO
está a fazer, e depois ... o Conselho de Segurança recebe a informação dessa
forma", concluiu.
Cabe recordar que tanto o Secretário-Geral da ONU
como o Conselho de Segurança confirmaram a ruptura do cessar-fogo de 1991 a 13
de Novembro de 2020. No seu relatório (S/2021/843; parágrafo 2) datado de 1
entre outras coisas, "o reinício das hostilidades" entre o Estado
ocupante de Marrocos e a Frente POLISARIO. Por seu lado, na sua resolução 2602
(2021) adoptada a 29 de Outubro de 2021, o Conselho de Segurança registou
"com profunda preocupação a ruptura do cessar-fogo" (PP 14).
Haq evitou dizer se considera o que aconteceu
como uma agressão contra o povo saharaui, que por agora, a própria ONU e os
membros do Conselho de Segurança estão a estabelecer contactos com as partes em
conflito, a Frente Polisario e Marrocos.
Peor seu lado, a Frente Polisario, em resposta às
estranhas declarações do porta-voz do Secretário-Geral da ONU, anuncia que tomou
nota da declaração feita por Haq durante a conferência de imprensa diária sobre
a situação actual do "cessar-fogo" e o funcionamento da Missão das
Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) no Território.
Numa declaração divulgada na quarta-feira, a
representação da Frente Polisario na ONU afirmou que não se pode negar que o
cessar-fogo de 1991, que é parte integrante do Plano de Resolução da ONU-OUA
aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança, foi flagrantemente violado
pelo Estado ocupante de Marrocos através do seu acto de agressão contra os
Territórios Saharauis Libertados a 13 de Novembro de 2020. "O novo acto de
agressão marroquino não só pôs fim ao cessar-fogo e aos acordos militares
conexos, como também minou o processo de paz da ONU no Sahara Ocidental e
mergulhou a região noutra espiral de extrema tensão e instabilidade",
lê-se na nota da Frente Polisario.
"Do mesmo modo, não se pode negar que as
forças do Estado ocupante de Marrocos têm utilizado todo o tipo de armas,
incluindo veículos aéreos não tripulados (UAV), para continuar a sua guerra
genocida contra o povo saharaui, iniciada a 31 de Outubro de 1975. Como a
própria MINURSO documentou, os drones marroquinos têm sido utilizados para
matar cruelmente não só dezenas de civis saharauis, mas também civis e cidadãos
de países vizinhos em trânsito pelos Territórios Saharauis Libertados",
afirma.
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