segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Luís Moita (1939 - 2023): Morreu um de nós

 


Luís Moita (1939 - 2023)

Morreu um de nós


Morreu este sábado o Luís Moita. Um companheiro, amigo, fiel camarada solidário em tantas lutas, com quem aprendemos tantas coisas e a quem tanto devemos pelo exemplo de lutador pela igualdade, pela paz, pela solidaridade, pela real libertação dos povos sujeitos ao colonialismo.

Luís Moita foi, desde a primeira hora, um defensor da autodeterminação do Povo Saharaui. Fundador e dirigente do CIDAC (Centro de Informação e Documentação Anti-Colonial e mais tarde Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral), entre 1974 e 1989, foi dos primeiros a divulgar em Portugal a situação de atropelo à legalidade internacional de que o Povo da antiga colónia espanhola estava a ser vítima e a denunciar a posição pérfida da Espanha franquista face à política colonial e expansionista do Reino de Marrocos. Foi também dos primeiros portugueses a conhecer in loco a difícil realidade dos refugiados saharauis na hamada inóspita de Tindouf, no extremo sudoeste do território argelino, assistindo, em Fevereiro de 1977, ao 1.º aniversário da proclamação da RASD.


Nos Acampamentos de Tindouf, a convite da Frente POLISARIO: da esquerda para a direita,
o jornalista Benigno da Cruz, João Vieira Lopes, Nuno Teotónio Pereira e Luís Moita (Fev. 1977)


Ao longo da sua vida o Luís Moita, enquanto cidadão e professor de Política e Relações Internacionais, acompanhou sempre a luta do Povo Saharaui, privando de perto com muitos dos seus dirigentes, em particular com Mohamed Khadad (falecido em 2020), sempre que este passava por Lisboa, e de quem era particular amigo. Para o Luís, era um encanto debater e trocar opiniões com Mohamed Khadad, tal a sua preparação, lucidez e experiência internacional.

O funeral de Luís Moita, lutador anti-colonial, professor universitário e um dos organizadores da vigília da Capela do Rato em 1972 contra a guerra colonial e pela paz, será nesta terça-feira, 31, às 15h, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. Antes disso, o corpo será velado na mesma igreja a partir das 18h30 desta segunda-feira, 30 de Janeiro.

A Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental (AAPSO) manifesta à família, em particular à Ana - sua esposa e companheira - e à sua filha Madalena toda a sua dor e solidariedade neste duro momento de perda e consternação.

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