Por Lehbib Abdelhay (ECS).- Amanhã, segunda-feira 27 de Fevereiro de 2023, cumprem-se 47 anos desde a proclamação da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) pelo único e legítimo representante do povo saharaui, a Frente Polisario, coincidindo com o abandono, nesse dia, das tropas espanholas. Nesta ocasião, a celebração do 47º aniversário da entidade saharaui tem lugar no meio de uma ofensiva no Sahara Ocidental marcada por confrontos armados entre as forças de ocupação marroquinas e as tropas saharauis.
As celebrações deste ano coincidem também com vitórias diplomáticas em várias frentes e a realização bem sucedida do 16º Congresso da Frente Polisario. Ao longo das últimas quatro décadas, os refugiados saharauis organizaram a vida nos acampamentos no sudoeste da Argélia onde vivem cerca de 180.000 pessoas que fugiram do território quando Marrocos o ocupou militarmente. A 26 de Fevereiro de 1976, a Espanha deixou o Sahara Ocidental e a 27 de Fevereiro de 1976, a Frente Polisario proclamou a República Árabe Saharaui Democrática, reconhecida em Novembro de 1984 pela maioria dos países da Organização de Unidade Africana (OUA).
O reatamento da guerra e o plano de 1991
Após quase 30 anos de um acordo de cessar-fogo, Marrocos entrou em território saharaui a 13 de Novembro de 2020, pondo assim fim ao plano de resolução da ONU para um cessar-fogo e à organização de um referendo assinado em 1991 com a Frente Polisario.
Nestes quase 30 anos, o referendo tem sido constantemente bloqueado pelo compromisso de Marrocos. O mandato da MINURSO tem sido renovado anualmente desde a sua criação em 1991. A última das prorrogações foi a 31 de Outubro de 2022, que prorrogou o mandato da missão da ONU por mais um ano, até ao final de Outubro de 2023.
Staffan De Mistura ítalo-sueco é o último enviado pessoal nomeado pelo Secretário-Geral da ONU António Guterres para a região, uma vez que o cargo foi ocupado, antes dele, pelo ex-presidente alemão Horst Kohler durante quase 20 meses e partiu em Maio de 2019 sem qualquer progresso. De Mistura, por seu lado, também não conseguiu fazer com que o Plano de Resolução se concretizasse.
E, neste contexto, marcado pelo bloqueio, as forças saharauis continuam a assediar as tropas marroquinas destacadas no território, causando e infligindo perdas no arsenal e baixas nas fileiras do exército ocupante, segundo o testemunham os relatórios diários do Ministério da Defesa da RASD.
Desde a ruptura do cessar-fogo e o reinício da guerra no Sahara Ocidental, a 13 de Novembro de 2020, as unidades militares saharauis têm vindo a flagelar as forças de ocupação nestes sectores e sectores adjacentes ao muro militar marroquino.
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